sábado, 29 de dezembro de 2018

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares






Breve resenha de 2018.
Aos amigos que acompanham o Informativo Semanal.
Relutamos um pouco diante da ideia de fazer um resumo das nossas matérias durante o ano temendo que o documento ficasse muito longo e cansativo. Mas alguns companheiros mais próximos incentivaram e vamos tentar resumir a parte sobre o Brasil. Mas mantivemos as notícias internacionais mais atuais.
P Janeiro/2018. Praticamente todo o mês foi dedicado principalmente à farsa do julgamento de Lula da Silva e a antecipação até hoje inexplicável do julgamento pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). Em tempo inacreditavelmente recorde, mesmo que passando por cima de ritos processuais, no dia 12 de dezembro marcou o julgamento em segunda instância de Lula sobre o chamado ‘caso do tríplex’ para 24 de janeiro.
Na segunda semana, pela primeira vez no ano, o Informativo trazia um alerta que se repetiria durante 2018: “O fascismo avança sobre o Brasil”. No corpo da matéria dizíamos que, em nove anos, o apoio da população à aplicação da pena de morte no Brasil cresceu, de acordo com uma recente pesquisa Datafolha. Segundo o levantamento, 57% dos entrevistados se disseram favoráveis à adoção da penalidade capital. Em 2008, data da última pesquisa do instituto sobre o tema, 47% tinham a mesma opinião.
Já entre os adeptos das principais religiões brasileiras, são os evangélicos aqueles mais reticentes com relação ao tema: 50% são favoráveis, contra 45% contrários (4% não souberam responder e 1% se disse indiferente). Já os católicos são o que mais defendem a punição: 63% são favoráveis, ante apenas 34% contrários.
Ainda em janeiro passamos a tratar com mais cuidado de um tema que acabou sendo determinante para as eleições presidenciais no final do ano: “fake news”. E alertávamos que a Internet e as redes sociais estão cheias dessas baboseiras que vão sendo espalhadas por gente sem escrúpulos e compartilhadas por gente que tem preguiça de pensar ou de pesquisar para ver o tamanho do absurdo que estão divulgando.
No final do mês mostramos que a condenação de Lula foi analisada através do mundo. Jornais internacionais refletiram o resultado do julgamento de Lula em suas páginas. Na maioria dos casos, o mundo estava espantado com a fragilidade das acusações e com a certeza de que tudo foi montado para não permitir sua candidatura em 2018.
P Fevereiro/2018. O principal tema naquele mês foram os reflexos da reforma trabalhista e o crescimento no trabalho informal no país.
Para os patrões, para os golpistas, para esse sistema perverso e para os que desejam a destruição definitiva do movimento sindical, o Brasil chegou ao ponto ideal e tudo o mais vai ser empurrado “goela abaixo” porque os trabalhadores estão ficando sem instrumentos de organização e de resistência, como mostramos na série de artigos “O sindicalismo na encruzilhada”.
O ano de 2017 apresentou a continuidade na “redução da taxa de desemprego”, como querem demostrar os golpistas. Trimestre a trimestre, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Mensal, a PNAD Contínua, do IBGE, mostrou que o número de trabalhadores em busca de uma ocupação foi decrescente: a taxa, que marcou 13,7% de janeiro a março, caiu para 11,8% de outubro a dezembro. Ou seja, como o IBGE só mede que está procurando emprego e desconsidera que vive de “bicos” ou de empregos informais, o Brasil está ficando “cor-de-rosa” e é essa a imagem que a nossa imprensa divulga. No entanto, qualidade dos postos de trabalho gerados é questionável. A informalidade marcou o comportamento do desemprego ao longo de 2017.
Por outro lado, mostramos que os maiores bancos do país divulgaram lucros recordes, mas que não foram acompanhados por indicadores sociais saudáveis. A arrecadação de impostos com instituições financeiras, surpreendentemente, caiu 10%. O número de postos de trabalho foi igualmente declinante. Foram cortadas 17.905 vagas no ano passado, segundo o Sindicato dos Bancários de São Paulo, que fez os cálculos em cima dos dados do Caged. Entenderam o recado? Os bancos foram os que mais lucraram, mas foram também os que menos contribuíram com impostos.
O setor que mais perdeu empregos formais em 2017 foi o da construção civil (103.969 postos), seguido pela indústria de transformação (19.900). O setor financeiro vem em terceiro lugar em fechamento de vagas.
Ainda em fevereiro tentamos mostrar o que esperávamos das eleições parlamentares no final do ano. E dizíamos que não era para ter muita esperança de que algo poderia mudar nas eleições de 2018. As análises feitas mostravam que “as bancadas ruralista e religiosa devem crescer, enquanto busca por foro privilegiado levará ao uso da máquina partidária contra estreantes”. Ou seja, podemos ter um Congresso tão ou mais conservador.
Certamente que o tema que mais impressionou naquele mês foi a decretação de uma Intervenção Militar no Rio de Janeiro. Sem deixarmos de lado a parte irônica da matéria: pouco depois da decretação, o então governador do Rio, “Pezão”, foi ao Planalto e voltou dizendo que era incapaz de deter a escalada de violência, afinando seu discurso com a imprensa amestrada e com os golpistas. Aceitou, humildemente, a decisão da intervenção federal. E agora está na prisão!
P Março/2018. A balbúrdia havia se instalado no país: o presidente ilegítimo entrega os pontos e o destino do país aos militares, na esperança que lhe sirvam de muletas até o final do mandato. Entre altos comandos militares há uma grande divisão sobre a intervenção no Rio de Janeiro e a possível intervenção em outros estados.
Nosso Congresso virou uma piada internacional e vem sendo ridicularizado na imprensa europeia que ri da disputa entre os que desejam se cacifar para as eleições deste ano e os que apenas querem manter seus cargos para não serem processados em muitas investigações que estão sendo feitas.
Para completar, tomamos conhecimento de um movimento da Associação dos Juízes Federais que anuncia uma greve no dia 15 para assegurar a continuidade do pagamento do auxílio moradia aos “senhores magistrados” de impoluta reputação!
Enquanto os juízes ameaçam uma greve para manter os privilégios e a mordomia, o nível de formalidade no mercado de trabalho está desmoronando e a quantidade de trabalhadores com carteira assinada chegou a 33,296 milhões no trimestre terminado em janeiro de 2018. O número é estável em relação ao trimestre anterior - de agosto a outubro de 2017 -, mas apresenta queda de 1,7% em relação ao período de novembro de 2016 a janeiro de 2017.
O Informativo mostrou também que os jovens são os que mais sofrem com a crise do mercado de trabalho. De acordo com dados do IBGE, a taxa média de desemprego no Brasil foi de 11,8% no 4º trimestre de 2017. Para pessoas com idade de 18 a 24 anos, o indicador chegou a 25,3% no mesmo período. Entre jovens de 14 a 17 anos, a taxa de desemprego foi de 39%.
Mas março foi marcado por mais uma pérola do autoritarismo que se instalava no país a partir de um governo ilegítimo. Um certo senhor Mendonça Filho, administrador de empresas filiado ao DEM e nomeado ministro da Educação pelo manequim de funerária resolveu mostrar toda a sua “otoridade” e ameaçou censurar e até mesmo levar à “justissa” o professor Luís Felipe Miguel, do Instituto de Ciência Política, da Universidade de Brasília (UnB) que anunciou para o primeiro semestre de 2018 a inclusão de uma nova disciplina sobre “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. As declarações do estapafúrdio ministro provocaram uma reação surpreendente: nada menos do que 15 outras unidades federais e estaduais já decidiram incluir um curso igual ou similar em sua programação!
E voltamos a alertar sobre “fake news” e falávamos de uma pesquisa ainda mais recente que alerta para o risco das notícias falsas. Segundo um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), as notícias consideradas falsas (“fake news”) se espalham mais facilmente na internet do que textos verdadeiros.
Março ainda reservava uma clara demonstração de que o fascismo estava chegando de forma avassaladora. E o recado foi dado na tarde de sexta-feira, dia 16, com o assassinato de Marielle Franco. E já então mostrávamos que não era um caso isolado. Treze outros líderes sindicais e populares haviam sido assassinados nos três primeiros meses do ano!
Certamente que toda essa violência e impunidade da extrema-direita se desdobraria em casos mais significativos. Entre eles, sem dúvidas, o ataque à caravana de Lula da Silva. Tiros foram disparados contra os ônibus que acompanhavam a caravana, na terça-feira (27/03). Curiosamente, havíamos lido uma pesquisa realizada em 2013 pela antropóloga Adriana Dias, da Unicamp, mostrando que Santa Catarina é o Estado brasileiro que concentra o maior número de simpatizantes do nazismo (45 mil pessoas). Somando o número de simpatizantes declarados nos outros dois estados, Rio Grande do Sul e Paraná, vamos ter a assustadora cifra de 100 mil pessoas que se declaram seguidoras ou simpatizantes do nazismo.
P Abril/2018. O mês começou com a notícia que sacudiu todos os jornais no planeta: a prisão de Lula da Silva, sem provas, sem lógica e ferindo todos os preceitos jurídicos.
O discurso do presidente Lula teve grande repercussão na imprensa mundial. A fotografia de Lula nos braços da multidão deu voltas ao mundo, com comentários muito diferentes dos que os nossos jornalecos estão fazendo. A tônica das matérias tem sido “rendição” e todos falam sobre “o maior líder da esquerda brasileira”.
Nos EUA o The New York Times publicou matéria falando que Lula se entregou à polícia e diz: “Sua prisão é uma reviravolta ignominiosa na notável carreira política de Lula, filho de trabalhadores rurais analfabetos que enfrentou os ditadores militares do Brasil como líder sindical e ajudou a construir um partido reformista de esquerda que governou o Brasil por mais de 13 anos”.
Enquanto isso, a realidade econômica assustava. Em 2017, os ricos do país ganharam 36,1 vezes mais do que metade dos mais pobres. Este grupo 1% mais rico da população brasileira, em 2017, teve rendimento médio mensal de R$ 27.213. O valor representa, em média, 36,1 vezes mais do que metade do que receberam os mais pobres – cujo renda mensal foi de R$ 754 naquele ano.
Com relação aos programas de transferência de renda do governo federal, a pesquisa constatou que o percentual das famílias brasileiras que recebiam o Bolsa Família caiu 0,6 ponto percentual entre 2016 e 2017, ao passar de 14,3%para 13,7%.
A crise no mercado de trabalho fez a renda do brasileiro encolher em 2017. Em média, a população perdeu R$ 12 no rendimento mensal real na comparação com o ano anterior – passou de R$ 2.124 para R$ 2.112, o que representa uma queda de 0,56%. Já o rendimento proveniente do trabalho caiu R$ 31 no mesmo período – de R$ 2.268 de R$ 2.237, uma redução de 1,36%. É o que aponta um levantamento divulgado na quarta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
E abril trouxe outra surpresa que jogou por terra toda a farsa em torno das acusações contra Lula da Silva. Na manhã de segunda-feira (16) militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto e da Frente Povo sem Medo invadiram o tal triplex no Guarujá que a direita insiste em dizer que pertence ao Lula, mas nunca apresentou um só documento que comprove.
Mas durante as poucas horas da ocupação caiu uma mentira monumental contada pela “justissa” golpista. Todo o processo havia se baseado em um depoimento dizendo que a empreiteira OAS havia feito “obras no valor de um milhão e duzentos mil reais” no apartamento para beneficiar Lula. Isso é tudo o que tem no processo e serviu para levar a maior liderança da América Latina para a prisão.
Mas os vídeos feitos no interior do tal “triplex de luxo” mostram claramente o tamanho da mentira! Não há qualquer “elevador interno”, como diz a denúncia, ou mesmo uma “cozinha social suntuosa”.
P Maio/2018. Enquanto os fascistas brasileiros iam impondo lentamente a visão de uma “escola sem partido” que, no fundo, serve como propaganda do próprio fascismo; enquanto todas as limitações de investimentos sociais propagadas pelo neoliberalismo voltam ao país; enquanto cresce o número de crianças que abandonam a escola para reforçar a renda familiar, vemos o país naufragar em um violento desastre social.
E o Brasil investia em mais armas. Nosso país desembolsou 29,3 bilhões de dólares para armamentos, em 2017 – 6,3% mais do que em 2016. O valor representa 1,7% do montante gasto pelos 15 países que encabeçam a lista.
Os dados estão no relatório do Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri) divulgado na segunda-feira (30/04). Segundo o relatório, tal crescimento “surpreende dada a atual turbulência econômica e política no país”. O instituto cita que em 2017 o governo brasileiro afrouxou suas metas de déficit orçamentário até 2020 e liberou recursos adicionais (4,1 bilhões de dólares) para todos os principais setores, entre eles as Forças Armadas.
Mas a matéria predominante no mês foi, sem dúvidas, a greve dos caminhoneiros. Na verdade, um “movimento” muito estranho que deve nos fazer refletir mais sobre que está ocorrendo de fato em nosso país.
É verdade que as dificuldades criadas por tal “greve” junto à população abriram um espaço interessante para voltarmos a debater temas que antes eram relegados. Enquanto uma parcela da direita mais raivosa e idiotizada pela mídia saiu dizendo que tudo era “culpa do PT que destruiu a Petrobras” houve espaço para retrucar comparando a política de combustíveis da era Lula e Dilma com a política adotada pelo manequim de funerária para privatizar a Petrobras.
Na sexta-feira (18), tentando “cantar de galo” e jogar para a plateia, o ilegítimo assinou decreto mandando o Exército para as estradas para criar mais uma impressão de que manda no Governo. Apenas dois dias depois, no domingo, pediu arrego e cedeu às reivindicações dos caminhoneiros.
Mas nosso Informativo mostrou as consequências para a população e alertava que, o Diário Oficial da União (DOU), na edição extra de quinta-feira (31), trazia medida provisória que estabelece o cancelamento de dotações orçamentárias em diversas áreas. Uma das principais perdas foi no programa para fortalecer o Sistema Único de Saúde, que perdeu 135 milhões de reais do Fundo Nacional de Saúde. Também foram retirados recursos para esse programa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e da Fundação Oswaldo Cruz, que perdeu 5, 2 milhões de reais. Um programa para a redução do impacto social do álcool e outras drogas perdeu 1,6 milhões.
Outro corte significativo foi para a concessão de bolsas de um programa que estimula o fortalecimento de instituições de ensino superior. O valor retirado foi de 55,1 milhões de reais.
O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária perdeu 30,7 milhões de reais de um programa para incentivar o desenvolvimento de assentamentos e de governança fundiária. Uma iniciativa para o fortalecimento e dinamização da agricultura familiar perdeu 5,4 milhões de reais.
Foram retirados ainda 21,7 milhões de iniciativas para Ciência, Tecnologia e Inovação. Apesar de mais tímidos, cortes também foram feitos em iniciativas voltadas a jovens, indígenas e mulheres. Retiraram-se 424 mil reais da promoção dos Direitos da Juventude, 661 mil reais de políticas para mulheres e 625 mil reais de proteção e promoção dos Direitos dos Povos Indígenas.
Iniciativas de segurança pública também foram afetadas. O programa de prevenção e repressão ao tráfico de drogas perdeu 4,1 milhões de reais. Outro de policiamento ostensivo de rodovias e estradas federais terá 1,5 milhões a menos. Também foram retirados 1,9 milhões de reais da Força Nacional de Segurança Pública.
No total, foram extintas despesas que somam R$ 1,2 bilhão. A meta é viabilizar recursos para o programa de subsídio do óleo diesel, que manterá preços fixos do combustível até o fim do ano.
P Junho/2018. O mês iniciou com mais uma excrescência do nosso “judiciário golpista”. Pelas notícias nos grandes jornais, a ministra Carmen Lúcia tentou mais um golpe e pautou para o dia 20 de junho o julgamento no STF de uma ação que questiona se o Congresso Nacional pode instituir o parlamentarismo por meio de uma proposta de emenda à Constituição (PEC).
O “supremo” tentava aproveitar um momento em que o país vive uma grave crise – não só institucional, mas social – para aumentar a incerteza da população sobre o futuro político.
Enquanto isso, o governo ilegítimo do Brasil foi incluído na “lista suja” de países que descumprem normas internacionais de proteção aos trabalhadores. Na Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ocorrida em Genebra, os peritos da Organização confirmaram a inclusão do Brasil em uma lista de 24 países que inclui os casos mais emblemáticos de violações trabalhistas.
Pesquisa do Datafolha mostrava naquele mês que 72% dos brasileiros viam uma piora do cenário, contra apenas 6% que apontam melhora. Números são bem mais negativos do que os da pesquisa anterior.
Fechando o mês, a notícia que sacudiu a todos, mas vou deixar a descrição para Lula da Silva, já na prisão, em carta enviada ao Jornal do Brasil e publicada na sexta-feira (29/06). “Enquanto o país prestava atenção à Copa do Mundo, a Câmara dos Deputados aprovou, em regime de urgência, uma das leis mais vergonhosas de sua história. Por maioria simples de 217 votos, decidiram vender aos estrangeiros 70% dos imensos campos do pré-sal que a Petrobras recebeu diretamente do governo em 2010. Foi mais um passo do governo golpista e de seus aliados para entregar nossas riquezas e destruir a maior empresa do povo brasileiro”.
P Julho/2018. A volta da fome. Em apenas dois anos de governo golpista, a fome voltou a ser uma presença na vida dos brasileiros.
O país saiu da lista da fome em 2014, quando foram divulgados os índices mais recentes da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA), pesquisa realizada a cada cinco anos. Os dados mostravam que, em 2013, cerca de 3,2% da população, aproximadamente 3 milhões de domicílios, viviam em situação de insegurança alimentar grave — índice mais baixo que o Brasil o país atingiu.
A queda representou 28,8% em relação a 2009, quando 5% da população brasileira vivia em situação de intensa privação de alimentos.
Enquanto isso, ficamos sabendo que o ilegítimo foi o presidente que menos investiu nos últimos 19 anos nas estatais brasileiras, segundo dados do 6º Boletim das Estatais Federais do Ministério do Planejamento.
A comparação dos primeiros trimestres dos dois últimos anos do governo de Dilma Rousseff e o mesmo período de 2017 e 2018, depois do impeachment da petista, mostram que Temer investiu quase a metade.
Em apenas uma semana o Brasil conseguiu se tornar um escárnio internacional duas vezes: primeiro com as piadas e charges sobre o “grande” jogador Neymar que passou mais tempo rolando pelas gramas russas do que jogando futebol; em segundo lugar porque agora temos o “judiciário” mais escrachado no mundo.
Os fatos envolvendo o Presidente Lula tornaram todo o sistema Judiciário brasileiro em uma grande piada que mereceu risos de países sérios e muita crítica de países ainda mais sérios! No domingo (08/07), atendendo a uma petição de deputados do Partido dos Trabalhadores, o desembargador Rogério Favreto, do Tribunal Regional Federal da Quarta Região (Porto Alegre), concedeu um habeas corpus para o Presidente Lula. Mesmo sendo um domingo, nunca se viu tanta rapidez e eficiência em nossa “justissa”: a) um juiz que estava em férias, em Portugal, consegue fretar um avião e voltar ao Brasil para impedir a soltura (Sérgio Moro); b) um juiz do Tribunal Regional da Quarta Região impediu que a ordem de soltura fosse cumprida (João Gibran Neto) e; o titular da mesma corte suspendeu o habeas corpus e comunicou-se com Sérgio Moro (Eduardo Thompson Flores). Tudo isso em algumas poucas horas.
A crise econômica seguia fazendo milhares famílias ficarem endividadas. E o número de brasileiros inadimplentes no país chegou a 61,8 milhões em junho deste ano. Isso significa mais de 25% da nossa população total (incluindo crianças e idosos)!
A atividade econômica brasileira recuou em maio. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), dessazonalizado (ajustado para o período), apresentou queda de 3,34%, na comparação com abril, de acordo com dados divulgados na segunda-feira (16).
O índice de mortalidade infantil voltou a aumentar no Brasil, pela primeira vez, desde 1990. Levantamento do Observatório da Criança e do Adolescente da Fundação Abrinq, com base nos dados do Ministério da Saúde, mostra que o número de mortes por causas evitáveis de crianças entre um mês e quatro anos de idade saltou de 5.595 para 6.212.
Em um evento promovido pelo jornal O Estado de São Paulo sobre segurança pública, no dia 25 do mês, o juizeco Sérgio Moro disse que “as eleições em 2018 são um perigo” e que podem colocar em risco todo o seu trabalho na Lava Jato. Curiosamente, entrevistado ao sair da mesa de debates, ele disse que a subida do Lula nas pesquisas é uma ameaça e que a corrupção pode voltar a se espalhar pelo país.
P Agosto/2018. Uma pesquisa realizada pela organização “Todos Pela Educação” que ouviu 2.160 professores de educação básica (infantil ao médio) em redes públicas e privadas em todo o Brasil mostrou a outra face da realidade educacional. Entre os entrevistados, 68% são mulheres, com média de idade de 43 anos e 17 de carreira no magistério. A imensa maioria (70%) com especialização e mais da metade (56%) trabalha na rede pública municipal.
Quase metade (49%) dos professores brasileiros não recomendaria a própria profissão para um jovem por considerá-la desvalorizada. Apenas 21% afirmam estar totalmente satisfeitos com a atividade docente. Um terço (33%) diz estar totalmente insatisfeito com a profissão.
Os números mostraram que a letalidade das polícias aumentou 20% em 2017 em relação a 2016: 5.144 pessoas foram mortas em decorrência de intervenções de policiais civis ou militares, uma média de 14 mortos por policial por dia. Mas isso resolveu o problema? Não! O Brasil registrou o maior número de homicídios da história recente. Foram 63.880 mortes violentas em 2017. Os dados do 12° Anuário de Segurança Pública indicam que foram assassinadas 175 pessoas por dia, sete por hora, registrando elevação de 2,9% em comparação a 2016. A taxa é de 30,8 mortes para cada 100 mil habitantes. Pela primeira vez o país ultrapassou a taxa de 30 por 100 mil.
Um levantamento do Conselho Nacional de Justiça mostrou que existem 10.786 casos de feminicídio pendentes nos tribunais do País — casos que entraram no Judiciário, mas ainda não foram julgados. Apenas na primeira semana de agosto foram registrados pelo menos cinco casos de mulheres assassinadas por seus companheiros ou ex-companheiros só em São Paulo. Dado alarmante que reflete a realidade do Brasil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de assassinatos chega a 4,8 para cada 100 mil mulheres.
E o Rio de Janeiro registrou aumento de 40% no número de tiroteios, passando de 3.477 para 4.850 e, no mesmo período, houve uma migração de determinados tipos de crime, como o roubo de cargas, para o interior do estado. A conclusão está no estudo denominado Vozes sobre a Intervenção, com 40 páginas.
O relatório destaca a preocupação com as taxas de homicídios e chacinas, assim como as disputas entre quadrilhas, incluindo milicianos e ressalta que o município de Queimados registrou o maior índice de mortes violentas do Brasil.
O estudo mostra ainda que há disparidade de crimes entre a zona sul do Rio, a Baixada Fluminense e as outras regiões do estado. Nos últimos seis meses, Copacabana, na zona sul, registrou seis roubos de veículos, enquanto São Gonçalo, na região metropolitana, teve 2.304.
As mortes decorrentes de ação policial também apresentam discrepância de números: em Botafogo, zona sul, uma pessoa foi morta nessas condições, enquanto na Baixada Fluminense - em São Gonçalo, houve 58 vítimas e 44 em Nova Iguaçu.
P Setembro/2018. Em agosto, o Produto Interno Bruto do país fechou o segundo trimestre do ano com o ridículo crescimento de 0,2% em relação ao primeiro trimestre. E o fato está sendo comemorado pela imprensa submissa que abre matéria dizendo que “foi o sexto resultado positivo”!
A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E os dados indicam que a ligeira alta foi determinada pelo setor de serviços que teve desempenho positivo de 0,3%, enquanto a Indústria registrou queda de 0,6% e a agropecuária, estabilidade. Ou seja, onde predomina o trabalho informal houve avanços. Em relação ao segundo trimestre de 2017, o crescimento foi de 1% no segundo trimestre deste ano, o quinto resultado positivo consecutivo nessa comparação. A indústria e os serviços cresceram 1,2%, enquanto a Agropecuária variou -0,4%.
Após uma década de redução dos desequilíbrios regionais, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) do IBGE mostra no primeiro trimestre deste ano, em relação à população ocupada, uma diminuição de 1,7 milhão de pessoas no Nordeste e de 1,4 milhão no restante do Brasil, correspondentes a variações negativas de 7,6% nos estados nordestinos e de 1,6% nas demais unidades da federação.
E podemos acrescentar o fato grave de que, do total de 2,09 milhões de extremamente pobres surgidos entre 2015 e 2017 no País, 1,51 milhão, ou 72,3%, estão no Nordeste.
E aconteceu o “atentado” que ninguém mais acredita que foi real. A tarde de quinta-feira (06) levou para todos os noticiários um possível atentado contra a vida do candidato da extrema direita à Presidência do Brasil, em Juiz de Fora (MG)! O “Sete de Setembro”, sempre tão noticiado em nossa mídia, ficou relegado a segundo plano pois todos cuidavam de explorar ao máximo o acontecimento que deu mais alguns pontos percentuais para o candidato.
E o Partido dos Trabalhadores fez a substituição do nome do candidato à Presidência. Fernando Haddad substitui Lula na chapa, tendo como candidata à vice-presidência Manuela D’Ávila, do PCdoB. Foram necessários apenas 2 dias do anúncio oficial da troca de nomes e as pesquisas mostraram o crescimento de Haddad em todos os cenários.
Mas aproximava-se a eleição e nosso Informativo voltou-se para o tema.
P Outubro/2018. Para finalizar, vamos apenas lembrar um alerta dado pelo nosso Informativo. Um levantamento feito por pesquisadores mostrou o quanto a violência e a questão de intervenção policial estava se introduzindo na questão política do país.
Em dez estados (PA, CE, PB, PE, BA, MG, RJ, ES, SP e PR) e no Distrito Federal quase 800 profissionais da segurança - entre policiais militares e civis, bombeiros, militares reformados e membros das forças armadas - concorreram a cargos eletivos.
170 dos 799 candidatos vindos do campo das forças de segurança, nos estados pesquisados, integravam o partido do ex-capitão. E 204, de diferentes partidos, disputam vagas pelo Rio de Janeiro.
Durante toda a semana que se seguiu ao primeiro turno das eleições presidenciais recolhemos relatos de violência praticada por adeptos do candidato fascista contra militantes de outras organizações partidárias que combatem aquela ideologia. Em nosso arquivo temos mais de 70 casos registrados, com nomes, locais, datas e muitos com fotografias. Será impossível listar todos aqui e fizemos um destaque para os mais sérios, mais graves ou mais significativos.
E o Congresso piorou muito. Teve a maior renovação dos últimos 24 anos, mas isso não é uma boa notícia. A chegada de novos parlamentares à Câmara dos Deputados, 53,4%, decorre principalmente da grande votação recebida por candidatos do PSL, que acabou elegendo 52 deputados. No Senado, a renovação foi de 85%: apenas 8 das 54 vagas disputadas serão ocupadas por candidatos que buscavam a reeleição.
E as eleições de 2018 terminaram sob a égide de uma avalanche de “fake news”, como prevíamos no início do ano.
P Novembro/2018. Encerradas as eleições, proclamada a vitória da extrema-direita, fica o balanço dos números. 42 milhões de brasileiros se abstiveram! Isso significa quase 7 vezes toda a população do Paraguai, nosso vizinho! Mais de quatro vezes a população de Portugal e quase igual à população total da Argentina ou da Espanha!
Mais grave do que isso são as questões que devemos analisar nos próximos meses... ou anos, porque são muito complexas.
De tudo o que vimos e ouvimos na campanha vencedora, ficam algumas perguntas para serem analisadas por sociólogos e historiadores, no futuro: 1º) será que a maioria dos brasileiros eleitores do candidato do PSL é realmente favorável ao estupro de mulheres, como ele defendia? 2º) se isso é verdade, como chegamos a tal ponto sem que fosse percebido por sociólogos e psicólogos com antecedência? 3º) também por tudo o que ouvimos, a maioria dos brasileiros é realmente racista? 4º) é fato verdadeiro que os brasileiros consideram a mulher um ser inferior? 5º) é índole do brasileiro resolver seus problemas com uma arma na mão?
O que sabemos das entrevistas na segunda-feira seguinte às eleições é preocupante. Em primeiro lugar, segundo o próprio “presidente agora eleito”, a Reforma da Previdência Social é a sua prioridade nesse início de mandato. Será que os eleitores dele sabem o que significa privatizar a Seguridade Social.
Em entrevista ao vivo, o seu coordenador para a política econômica nos próximos anos, Paulo Guedes, agrediu verbalmente jornalistas quando foi perguntado sobre qual a relação do novo governo com o Mercosul. Em tom agressivo ele disse que isso não é prioridade para o governo.
P México: mais uma criança morta nas mãos da polícia estadunidense. No Informativo passado noticiamos o caso da menina Jackeline, de sete anos, que foi retirada do pai pela polícia dos EUA e acabou morrendo quando era transportada para local não conhecido. A causa da morte foi dada como “convulsões”.
Na noite do dia 25, Natal, mais uma criança foi vítima da sanha de Donald Trump. Agora foi um garoto, Felipe, de 8 anos, que foi detido pela polícia de fronteira dos EUA. Depois levado para o Centro Médico regional de Gerald Champion, no Novo México, faleceu. O laudo fala em uma “doença potencial”.
Existe “doença potencial”? Ou a pessoa está doente ou não está. Ninguém fica “potencialmente” doente! Mas Felipe faleceu na noite de Natal por uma “doença potencial”.
P Provocação estadunidense. A Casa Branca não vai cansar até provocar algum tipo de problema internacional envolvendo a Venezuela para justificar uma intervenção.
Agora foi a vez de usarem um aliado latino-americano, a Guiana, para provocar um atrito permitindo que um navio petroleiro da ExxonMobil, empresa multinacional de petróleo e gás de capital estadunidense, penetrasse em águas territoriais da Venezuela. Os países são vizinhos, banhados pelo Atlântico e na entrada do Mar do Caribe.
Em clara demonstração de que era tudo uma grande armação, Robert Palladino, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, convocou uma coletiva de imprensa poucos minutos depois de a Marinha venezuelana dar ordens para que o barco saísse de suas águas territoriais. Para os jornalistas presentes ele disse que “a Marinha venezuelana parou de forma agressiva embarcações contratadas pela ExxonMobil que operavam através de um acordo de exploração com a República da Guiana”.
O Governo de Nicolás Maduro apresentou provas mostrando que o barco operava em águas territoriais venezuelanas e que o navio estava dentro dos limites do chamado Delta do Orinoco, região comprovadamente com a maior reserva de petróleo do planeta.
P Desemprego argentino. Os dados fornecidos pela Secretaria de Trabalho da Argentina mostram que, em 2018, desapareceram 120.000 postos de trabalho registrados no país.
A maior parte desses empregos foi na área privada, em setores como indústria, comércio e construção. As fábricas argentinas fecharam quase 50.000 postos de trabalho, enquanto o comércio reduzia em 17.100 os empregos em todo o país.
P Central sindical argentina quer aumento do mínimo. A direção da CGT argentina divulgou nota denunciando que o aumento que havia sido acordado com o governo de Macri não está sendo cumprido e não respeita o valor correspondente à inflação acumulada em 2018.
Héctor Daer, dirigente da entidade, declarou que “é uma vergonha que o governo só tenha corrigido o salário mínimo em 25% quando sabemos que a inflação já é muito superior que isso”. Segundo índices oficiais, a inflação do ano deve fechar em 47%!
P China reduz a compra de petróleo estadunidense. Apesar de ser o maior importador de petróleo do planeta, a China vai começar 2019 comprando ainda menos dos EUA. Segundo dados oficiais, o total de importações chinesas já está se aproximando de zero.
Para os companheiros que não acompanham essa balança, o déficit comercial estadunidense com a China já chega a 43 bilhões de dólares ao mês, valor que corresponde ao PIB anual de países como Paraguai, Chipre, Lituânia, Eslovênia e outros.
Em 2018 a Rússia foi o maior centro fornecedor de petróleo para a China, seguida pela Arábia Saudita.
P China não precisa da soja estadunidense. Os EUA já não são o principal exportador de soja para a China, produto que lá é usado para alimentar o gado.
Depois do início da “guerra comercial” declarada por Trump, a China impôs uma tarifa de 25% sobre as importações da soja estadunidense e isso reduziu a quase zero o total vendido para o país.
Para compensar, os produtores chineses passaram a importar a soja do Brasil que vendeu, só em 2018, 5,07 milhões de toneladas, um aumento de mais de 80% com relação a novembro de 2017.
Mas o ex-capitão, eleito presidente brasileiro, não quer negócios com a China e disse que seu mercado preferencial será a “grande nação do Norte”. O que ele não diz é como vai vender toda essa soja se os EUA estão com toda a sua produção encalhada porque a China não compra mais.

Desculpem porque nosso Informativo ficou maior do que o normal. Fazer uma resenha sintética de 2018 foi um grande desafio!

Na próxima edição do nosso Informativo já teremos um fascista governando o país.
Ainda assim, desejamos a todos um Feliz 2019...


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