247 - A deputada federal eleita Joenia Wapichana afirma que o governo Bolsonaro promove um retrocesso sem precedentes para as políticas indígenas e diz que o que ele faz é, na verdade, exterminar políticas de Estado que foram asseguradas pela Constituição e por vários governos soberanos. Ela diz: "Quando se tiram, por medida provisória, a identificação, a delimitação e a demarcação da responsabilidade da Funai, isso é um retrocesso das políticas públicas."
Sobre as mudanças do governo Bolsonaro, ela diz: "o governo está retrocedendo em uma série de avanços na implementação dos direitos dos povos indígenas, principalmente aqueles que nos foram garantidos pela Constituição de 1988 sobre o reconhecimento das terras. Quando se tiram, por medida provisória, a identificação, a delimitação e a demarcação da responsabilidade da Funai, isso é um retrocesso das políticas públicas. Criou-se um órgão com preparo técnico qualificado, específico para a questão indígena, para não ser manipulado por grupos de interesse. A lei colocou essa responsabilidade na Funai para proteger os interesses coletivos dos povos indígenas, para ter as terras garantidas, respeitadas e protegidas, longe de interesses individualistas econômicos, de influências e de posicionamentos políticos."
A deputada também fala sobre a declaração polêmica de Bolsonaro, que comparou os povos indígenas a animais de zoológico: "isso tem um sentido de discriminação. O que ele quer dizer com isso? Que somos animais irracionais, que não conhecemos os nossos direitos? A terra indígena é uma prisão? Não é isso. A terra indígena é simplesmente uma residência, o nosso direito à terra demarcada. Mas isso não nos retira o direito de sermos cidadãos brasileiros, de ir e vir. O general Heleno, um dos principais assessores de Bolsonaro, afirmou que as demarcações representam um ameaça à soberania nacional. Isso é matéria superada. Traz de volta um discurso de desconhecimento legal. Como foi bem dito durante o julgamento da Raposa Serra do Sol pelo ministro Carlos Ayres Britto [do STF], não existe choque de interesses numa terra indígena em área de fronteira com a defesa nacional."
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