Vélez Rodríguez acha que somos ladrões e canibais, mas o Hino há de nos salvar. Por Carlos Fernandes
Existem atos falhos e atos de deliberada expressão daquilo que de fato acreditamos.
Quando o ministro da Educação Ricardo Vélez Rodriguez afirmou em entrevista que o brasileiro é um “canibal” e que “rouba coisas dos hotéis”, não deixou escapar uma impressão íntima e pessoal do que sente pelo povo que o acolheu, mas sim, vocalizou orgulhosamente algo que não faz o menor esforço para esconder.
A despeito do cargo que ocupa.
E se alguém ainda mantinha alguma dúvida a respeito de seu desprezo pelo Brasil e pelo povo brasileiro, a carta que o Ministério da Educação emitiu a todas as escolas do país dá cabo de qualquer fio de esperança de civilidade e respeito por nossas leis e garantias constitucionais.
Conclamar os diretores de escolas a unir alunos e professores para encenar uma grande peça de propaganda partidária assinalando inclusive o que seguramente é o lema de campanha mais cínico e hipócrita de toda a história, ultrapassa todos os limites legais de probidade administrativa.
Utilizar o Ministério da Educação para fins de promoção pessoal e partidária desafia à luz do sol a moralidade pública e o ordenamento jurídico.
Ainda mais, ultraja os direitos civis de imagem ao expor inadvertidamente crianças das mais tenras idades sem qualquer conhecimento, autorização ou consentimento dos pais ou responsáveis.
Atitudes como essa que violam regras primárias da administração pública não seriam tomadas com tanta convicção se seu autor não acreditasse de fato que pertencemos a uma classe inferior de civilização.
Se dessa forma são praticadas, é porque inexiste qualquer consideração por parte de um estrangeiro que apesar de ter se naturalizado brasileiro, não se sente em absoluto parte desse povo.
É como se nos observasse com a empáfia e a soberba de quem realmente se presume superior. Tudo à revelia do fato de também ter nascido num país latino americano com problemas tão ou ainda mais graves do que o Brasil.
Ao que tudo indica, o homem encarregado por gerir a pasta da educação nacional acredita piamente que sua função na verdade é a de domesticar bárbaros impondo como parâmetro único e inquestionável a ser seguido a sua própria visão de mundo.
Entre descalabros dessa monta, Vélez Rodriguez se mostra um educador ainda mais incompetente do que na função de administrador.
Levando-se em conta que nesse caso específico uma coisa complementa a outra, o que temos não é só um completo inoperante na área, mas, sobretudo, um risco incalculável para o imprescindível exercício do livre pensar.
Para uma nação que passou a flertar com a ignorância e a estupidez, é o recrudescimento de tudo aquilo que nos trouxe a esse estado de insensatez.
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