RICARDO KOTSCHO
Ricardo Kotscho é jornalista e integra o Jornalistas pela Democracia
Lava Jato, 5 anos: República de Curitiba se alia à Petrobrás e à Justiça americana
Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho e para o Jornalistas pela Democracia
Neste mês em que comemora cinco anos, a Operação Lava Jato, deflagrada para “combater a corrupção”, e que deu origem à República de Curitiba, comandada por Moro & Dallagnol, declara a sua independência.
Depois de prender um ex-presidente da República e eleger outro, e detonar amplos setores da indústria nacional, a República de Curitiba, enquanto o resto do país estava distraído com o Carnaval, fez um acordo por baixo do pano com a Petrobras e a Justiça americana, para botar a mão em R$ 2,5 bilhões de reais destinados a uma fundação privada a ser administrada pelos próprios procuradores federais do Paraná, sem prestar contas a ninguém.
Desta forma, a Lava-Jato lava o dinheiro sujo da corrupção da Petrobras em proveito próprio, sem se dar ao trabalho de explicar ao distinto público o que, afinal, pretende fazer com o bilionário butim.
Em operação casada, 80% das multas de mais de R$ 3 bilhões pagos pela Petrobras à Justiça americana serão repatriados para a Lava Jato.
É algo tão escandaloso e inconstitucional que, desta vez, ao contrário do que pensavam Moro & Dalagnol, habituados a não dar satisfações nem ao Supremo Tribunal Federal, há fortes reações à maracutaia.
Informa a coluna Painel da Folha:
“O acordo que destina R$ 2,5 bilhões para uma fundação a ser criada pela Lava Jato será alvo de grande ofensiva esta semana. O TCU espera ser demandado até a sexta(15), e ministros cogitam responsabilizar pessoalmente os dirigentes da Petrobras que autorizaram o pacto, inclusive com bloqueio de bens.
No Congresso, o PT discute ações com outros partidos. Além de recorrer ao STF e ao STJ, a sigla vê base para questionar a atitude de procuradores no Conselho Nacional do Ministério Público”.
Ministros do TCU já classificaram o acordo como “absurdo” e lesivo à União, mas o STF até agora permanece em obsequioso silêncio.
Marco Aurélio Mello foi o único ministro do Supremo a se manifestar até agora contra esta operação tabajara.
A tentativa de criar um poder paralelo e autônomo já vinha sendo tentado pela Lava Jato há mais tempo, mas parece que agora exageraram na dose.
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O que todo mundo se pergunta é para que a Lava Jato precisa de tanto dinheiro para combater a corrupção, se o Judiciário, o MPF e a PF já recebem verbas suficientes do Orçamento da União para fazer o seu trabalho.
Como acontece nestas horas, surge todo tipo de especulação, até a criação de um fundo para a disputa eleitoral de 2022, que já foi antecipada por Rosângela Moro em favor do marido nas redes sociais.
Moro e Bolsonaro até agora não comentaram o assunto, pelo menos em público, o que alimenta as suspeitas sobre o destino dos bilhões, enquanto as instituições “em pleno funcionamento”, não tomam uma providência.
Só um estado de completa anomia social, que leva a uma apatia coletiva, pode explicar tamanha desfaçatez de quem se julga acima das leis, que nunca foram para todos.
Neste fim de semana, muita gente veio me perguntar do que se trata, diante da perplexidade geral causada pelo noticiário.
Para passar o pano, o presidente Bolsonaro continua tuitando adoidado suas abobrinhas e ameaças, levando cada vez mais brasileiros a não acreditar em mais nada.
A repulsa à nova ordem está crescendo tanto, que cada vez mais amigos meus, para evitarem a depressão, resolveram não ler mais jornal, não acompanhar o noticiário na TV e evitar as redes sociais.
Pois é exatamente isso que querem os estrategistas do governo para implantar suas reformas anti-sociais na surdina e rifarem as riquezas nacionais na bacia das almas: um povo amedrontado, desinformado, desmobilizado, sem capacidade de reagir aos desmandos diários e aos escândalos que se sucedem, um superando o outro.
Não há limites para a insânia.
Chego a pensar que esta estratégia macabra é tão sofisticada que não pode ter sido criada só por brasileiros.
Aos poucos, as peças vão se juntando para demonstrar o que está por trás da Operação Lava Jato nestes cinco anos de poder absoluto da República de Curitiba.
Como aconteceu no golpe de 1964, talvez só daqui a alguns anos, quando forem liberados os documentos do Pentágono, saberemos como Jair Bolsonaro saiu diretamente do folclore do baixo clero da Câmara para a Presidência da República.
Até hoje acho estranho ter que chamá-lo de presidente.
E vida que segue.
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