247 – Em setembro do ano passado, o ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, autorizou o jornalista Florestan Fernandes Júnior a entrevistar o ex-presidente Lula para o jornal espanhol El Pais e para a Rede Minas de Televisão. Florestan foi a Curitiba, mas quando tudo estava acertado para a sua entrevista, ele foi surpreendido com a notícia de que ela havia sido suspensa pelo ministro Luiz Fux, do STF, numa articulação aparentemente combinada com o presidente da corte, Dias Toffoli.
Hoje, depois do discurso de Jair Bolsonaro numa cerimônia dos fuzileiros navais, em que o presidente afirmou que a liberdade e a democracia no Brasil só existem quando os militares permitem, ou seja, como concessão das Forças Armadas, aquele episódio foi esclarecido. "Agora está claro por que não me deixaram entrevistar Lula", diz Florestan, que também integra a rede de Jornalistas pela Democracia. "Naquele momento, a liberdade de expressão foi ferida e Lula é o primeiro preso político da velha nova república", diz ele.
Desde que tomou posse no STF, Toffoli passou a ser assessorado por militares. Um deles, o general Fernando Azevedo e Silva, atual ministro da Defesa. Quando deixou o STF para assumir a Defesa, Azevedo e Silva foi substituído por mais um general, chamado Ajax Porto, evidenciando que há hoje uma tutela militar sobre o STF. Além disso, antes da prisão de Lula, o general Villas-Bôas, então chefe das Forças Armadas, foi ao twitter e pressionou a corte para que o ex-presidente fosse preso, mesmo que isso contrariasse a presunção de inocência, cláusula pétrea da constituição brasileira. Pouco depois de sua posse como presidente, Bolsonaro chegou a dizer que ele e Villas-Bôas tinham um segredo sobre como a eleição brasileira foi decidida.
Caso Lula não fosse impedido de participar da disputa, ele venceria o pleito ainda no primeiro turno, segundo apontavam todas as pesquisas.
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