Cem
dias, sem governar!
“Eu não nasci para ser presidente, nasci para ser
militar”. A frase, dita por um presidente recém eleito, já parece um absurdo.
Mas é muito pior do que isso, porque nem para militar ele serviu, uma vez que
foi posto na reserva com “problemas mentais”!
Mas nosso Informativo tem por proposta, desde a sua
criação, trazer temas que possam servir de debates e aprofundamentos. Por isso,
vamos tentar fazer uma breve análise desses 100 em que nada foi feito!
Já em sua primeira semana de empossado, além das
lambanças feitas na escolha de um dos ministérios mais despreparados e
incapazes que o país já teve, o pavão de faixa presidencial resolveu demonstrar
sua política no exterior. Foi participar do Fórum Econômico Mundial, em Davos,
e fez um discurso capaz de envergonhar uma taturana que vive no meu jardim,
distante da política. Dos 45 minutos que lhe foram dedicados não chegou a usar
sete, com direito a repetições e brechas no raciocínio.
A vergonha foi tão grande que ele chegou a suspender
uma coletiva com a imprensa internacional que estava agendada e contaria com a
presença de alguns dos seus ministros.
Em 100 dias ele destruiu uma política externa altiva,
de fortalecimento de laços com países dentro da América Latina, na África e na
Ásia para se arrastar aos pés de Donald Trump e ter, como prêmio de consolação,
um passeio nos EUA com o filho querido e um suposto número de telefone do
presidente estadunidense (que, a essa hora, já deve ter trocado de telefone).
Entregou em uma bandeja de prata a nossa Base Espacial
de Alcântara, a mais cobiçada do mundo por sua posição estratégica, em troca de
uma promessa de levar o país a ser membro da OTAN, coisa que já foi rechaçada
pelos outros membros da aliança que cuida apenas dos interesses dos países do
Atlântico Norte.
Em outra impressionante demonstração de viralatice,
saiu em defesa da provocação de Trump e declarou que iria também transferir a
embaixada brasileira de Israel para Jerusalém. Claro que desistiu porque viu a
burrice que estava dizendo para alcançar seu objetivo mais elevado: incluir o
Brasil na OCDE, coisa que também não vai acontecer.
Mas conseguiu descontentar, em poucos dias, o mundo
árabe que já está suspendendo negócios com o Brasil e perder o mercado de soja
que exportávamos para a China (que agora está comprando dos EUA).
Internamente, sua única proposta até aqui apresentada é
a Reforma da Previdência que parece estar emperrada no Congresso Nacional. E,
nesse sentido, ele está fazendo de tudo (tudo mesmo) para angariar os votos de
mais um ou outro deputado corrupto que aceita qualquer coisa em troca de poder
ou dinheiro.
Vinte e cinco dias depois de sua posse acontece o crime
de Brumadinho (não é acidente ou tragédia, é crime anunciado) que desmascara de
vez a proposta feita por ele durante a campanha eleitoral de “desregulamentar o
setor privado” e terminar com as ações de fiscalização ambiental que ele chamou
“indústria de multas ambientais”
Ao findar o primeiro mês de mandato do ex-capitão o
Brasil toma conhecimento das falcatruas do filho mais velho do candidato que
iria acabar com a corrupção. Flavinho foi denunciado por “transferências
atípicas de mais de 1,2 milhões de reais através de uma conta mantida por um
desaparecido, o Fabrício Queiroz, motorista particular do próprio.
Em meados de fevereiro surge a primeira denúncia que
coloca em questão a honestidade do “cidadão de bem” que escrevia contra
corrupção em sua página nas redes sociais. Uma averiguação eleitoral constatou
que o seu partido, o PSL, havia feito transferências no valor de 400 mil reais
para uma candidata à Câmara Federal que, abertas as urnas, recebeu apenas 274
votos. A imensa quantidade de dinheiro criou a desconfiança de que a tal
candidata havia apenas servido de “testa de ferro” para “transações ilícitas”.
O escândalo acabou derrubando o ministro Gustavo Bebianno (Secretaria Geral da
Presidência) por ser o presidente do partido na época.
No dia 15 de janeiro, cumprindo uma de suas promessas
de campanha, o desajustado assina o decreto flexibilizando as regras para que
os cidadãos pudessem comprar armas e tê-las em casa. No dia 13 de março
acontece o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano, na região da
Grande São Paulo. Foram 10 mortes, incluindo os agressores que se suicidaram.
Um dia antes dos acontecimentos em Suzano, em 12 de
março, véspera do primeiro aniversário do assassinato de Marielle Franco e
Anderson Gomes, a polícia prendeu os dois suspeitos do crime: Ronnie Lessa,
policial militar aposentado, e Elcio Vieira de Queiroz, policial militar
expulso da corporação. Curiosamente, ambos moravam no mesmo condomínio onde
vivem as famílias do atual presidente da República e de seu filho. Em uma
busca, a polícia encontrou 117 armas militares importadas ilegalmente.
Quase completando os 100 dias de desgoverno, o
ex-militar demite seu ministro da Educação. Vale lembrar que era um nome
escolhido pessoalmente pelo pulha maior, Olavo de Carvalho, mas que criou
tantas polêmicas na política do governo que estava em situação insustentável.
Durante os poucos dias no cargo, conseguiu criar confusão com 17 ocupantes de
cargos no Ministério, queria exigir (com gravação de vídeo) que os alunos em
escolas públicas cantassem o Hino Nacional, propôs a revisão de todos os livros
de história que falavam no “golpe militar de 1964” que seria “reinterpretado”,
etc. Aliás, o próprio demente que é chefe dessa turma chegou a assinar uma
ordem para que todos os quartéis “comemorassem o golpe”.
E no domingo, dia 07 de março, toda essa loucura
transborda! O músico Evaldo dos Santos Rosa, 51 anos, levava a família para um
chá de bebê de uma amiga quando teve o carro atingido por mais 80 tiros
disparados por militares que patrulhavam a Estrada do Camboatá, no bairro de
Guadalupe, zona oeste do Rio de Janeiro. A defesa dos militares foi dizer que
“haviam confundido com um bandido que estava sendo procurado”. Oitenta tiros
por engano?
No dia, um crápula colocado no Ministério da “justissa”
fala à imprensa sobre os 80 tiros dados contra um carro de família dizendo que
“... esses fatos podem acontecer”. E o ministro da Defesa especialmente
escolhido pelo tresloucado diz que “foi só um lamentável acidente”.
Para completar, em entrevista durante inauguração do
aeroporto de Macapá, o ex-militar disse que o Exército “não matou ninguém, foi
tudo um “incidente” e a instituição não pode ser acusada de ser “assassina”.
Mas está tudo normal em um país onde temos uma ministra
que diz ter visto Jesus em uma goiabeira e promete rever os livros de história
usando como base a Bíblia Sagrada; outra ministra que diz que o povo deve matar
a fome comendo mangas que são abundantes no país. Temos um ministro da
“justissa” que diz “conge” e afirma ter apenas “rugas” pontuais com o juiz
Gilmar Mendes.
➤ Morte de mulheres por armas de fogo cresce. Enquanto o ex-capitão cumpre sua promessa de liberar a
venda de armas de fogo, os números mostram que as principais vítimas são as
mulheres. Em 17 das 27 unidades federativas foi registrado aumento das taxas de
homicídios de mulheres por armas de fogo. Esse é o resultado do levantamento
realizado pelo Observatório da Mulher contra a Violência (OMV) do Senado
Federal, a pedido da Agência Patrícia Galvão.
No caso analisado pelo OMV, quatro dos cinco estados
mais populosos do Brasil apresentaram uma considerável redução na taxa de
mortes de mulheres por armas de fogo, seja em razão de homicídios ou de suicídios,
entre 2006 e 2016. Houve queda em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e
Paraná. Mas a grande maioria dos estados apresentou um aumento alarmante dessas
taxas. Em estados como Acre (+524,1%), Maranhão (+182,2%), Ceará (+165,2%), Rio
Grande do Norte (+155,5%) e Roraima (+110,6%) verificou-se que a taxa de mortes
de mulheres por armas de fogo em 2016 mais do que dobrou na comparação com
2006.
A análise desses dados é importante para subsidiar o
debate em torno das possíveis consequências de decisões adotadas pelo atual
governo para a segurança das mulheres. Isso porque a política de flexibilização
da posse de armas de fogo, apregoada para dar maior segurança para a população,
pode resultar em um aumento do assassinato e suicídio de mulheres em um
contexto de violência doméstica e familiar. E vale lembrar que temos uma
demente à frente do Ministério da Mulher.
Pesquisa DataFolha divulgada durante a semana mostrou
que os brasileiros não apoiam a posse de arma e que agentes de segurança atirem
em suspeitos para se defender, duas das propostas do governo federal para a
segurança pública. Os dois pontos abordados e reprovados pelos entrevistados
fazem parte do pacote anticrime entregue pelo ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sérgio Moro.
Em sua conta no Twitter, o ministro Sérgio Moro
criticou a pesquisa. Segundo ele, “a pesquisa mal feita apenas reforça a
necessidade de continuar explicando o projeto de lei anticrime”. Mas, para ele,
tudo está bem, pois só anda em carro blindado e cheio de seguranças, não é?
➤ Mentiras da Casa Branca. Em mais uma tentativa de criar uma opinião pública
favorável ao golpe na Venezuela, o vice-presidente estadunidense, Mike Pence, saiu
por aí denunciando “uma cruzada contra o comércio ilegal de petróleo entre
Venezuela e Cuba”.
Em nota oficial, o governo cubano respondeu às mentiras
e acusou a Casa Branca de mais uma violação ao direito internacional. Segundo a
declaração, o envio de petróleo da Venezuela para Cuba está respaldado em
acordos firmados entre os dois países há vários anos e dentro da legalidade.
Em outubro de 2.000, os ex-presidentes Fidel Castro e
Hugo Chávez firmaram um Acordo Integral de Cooperação que estipulou por parte
de Cuba o apoio e cooperação com serviços e programas sociais em desenvolvimento
na Venezuela. Em troca, Caracas forneceria o petróleo necessário para Cuba,
sempre pelo preço do mercado mundial.
Ou seja, um Acordo legal e de quase 20 anos que agora
serve para espalhar mais mentiras contra a Venezuela.
➤ Argentina encontra a neta “129”. As Avós da Praça de Maio, grupo argentino que luta
para encontrar parentes que desapareceram nas mãos dos militares durante a
ditadura do país (1976-1983), anunciou na terça-feira (09/04) que encontrou a
neta de número 129.
A neta, de acordo com o portal argentino InfoBae, foi
encontrada na Espanha e exames de DNA confirmaram o parentesco com o pai e o
irmão, que a procuravam “intensamente”. Trata-se da filha de Norma Síntora e
Carlos Alberto Solsona. Síntora foi sequestrada em 1977 e estava grávida de
oito meses. Quarenta e dois anos depois, a filha do casal foi encontrada.
“Há duas semanas a nova neta entrou no país e se
apresentou à Justiça e aceitou realizar as análises”, afirmou Estela de
Carlotto, presidente do grupo, na coletiva de imprensa realizada na
terça-feira. Carlotto conduziu a
entrevista e estava acompanhada por Carlos e o irmão da neta encontrada,
Marcos.
➤ Julian Assange (1). O fundador do Wikileaks foi preso na quinta-feira
(11), em Londres, após o presidente do Equador, Lenín Moreno, suspender o asilo
diplomático do ativista. Ele estava há sete anos na embaixada do país na
capital britânica.
Assange, que é australiano, foi retirado à força do
prédio da embaixada pela polícia britânica, após autorização do embaixador. A
cidadania que o governo equatoriano havia concedido ao australiano foi
revogada, de acordo com a chancelaria em Quito.
Momentos depois da prisão, o governo britânico
confirmou que a detenção foi feita em atendimento a um pedido de extradição
feito pelos EUA. Assange ficou famoso por publicar documentos secretos sobre,
por exemplo, operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque, bem como
sobre as condições na prisão de Guantánamo. Em 2010, com uma falsa acusação de
estupro, ele foi condenado na Suécia. Dois anos depois, Assange pediu asilo ao
Equador após entrar na embaixada do país em Londres. Ele ficou sete anos no
prédio diplomático do país.
➤ Julian Assange (2). Depois da decisão de Moreno, o ex-presidente
equatoriano, Rafael Correa, falou aos jornais dizendo que “de agora em diante o
nível mundial de canalhice e traição pode ser resumido em duas palavras: Lenín
Moreno”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, acusou as
autoridades de Londres de estrangular a liberdade e disse que espera que os
direitos do detido sejam respeitados. E o presidente boliviano, Evo Morales,
expressou sua solidariedade a Assange e assegurou que ele está sendo perseguido
por ter revelado as violações aos direitos humanos por parte de Washington.
O governo da Venezuela publicou nota repudiando “a
terrível decisão que privou do direito de asilo diplomático” ao jornalista.
“Julián Assange é um perseguido político do Governo dos EUA. Seu delito foi
haver revelado ao mundo a face mais escura e criminosa das ‘guerras para mudar
governos’ que executa o Império e, em particular, os massivos assassinatos de
civis”.
O deputado do Parlamento Europeu, Javier Couso,
qualificou de vergonhosa a decisão do presidente Moreno e exigiu que liberassem
imediatamente o jornalista. A porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric,
solicitou que fosse garantido a Assange um processo justo. María Fernanda
Espinosa, presidenta da Assembleia Geral da ONU, disse esperar que “tal como
acontece com todas as pessoas, os direitos de Assange sejam protegidos e
respeitados, de conformidade com os padrões internacionais”.
➤ Julian Assange (3). O departamento da Justiça dos EUA acusa o fundador do
WikiLeaks, Julian Assange, de ter participado de conspiração com Chelsea
Manning para hackear computadores do departamento de Defesa do país a fim de
obter acesso a informações secretas. O anúncio foi feito através da ata de
acusação divulgada na quinta-feira (11/04).
“O objetivo principal da conspiração era ajudar Manning
a receber e transmitir informações confidenciais relacionadas à Defesa Nacional
dos Estados Unidos, para que o WikiLeaks pudesse divulgar publicamente as
informações em seu site”, diz o documento. E, ainda segundo o documento, em 10
de março de 2010, Manning teria compartilhado com Assange uma parte da senha,
guardada nos computadores do Pentágono, que permitia acesso à rede interna da
entidade militar.
➤ Julian Assange (4). Mas, afinal de contas, o que teria Assange feito para
irritar tanto Washington e demais instituições de terror dos EUA? Qual foi seu
crime?
Através das informações passadas por Manning, a
WikiLeaks tornou de conhecimento mundial alguns fatos que o Pentágono e a CIA não
gostariam que caísse nas mãos da imprensa. Vamos ver aqui alguns fatos desmascarados
por Assange.
1) Em 2010 o portal publicou 470.000 registros sobre a
guerra no Iraque e no Afeganistão, com 250.000 correspondências do Departamento
de Estado e outros documentos “secretos” que deixaram nua a diplomacia
estadunidense;
2) Assange e Manning decifraram as contrassenhas
armazenadas nos computadores do Departamento de Estado (Pentágono) e puderam
acessar milhares de documentos tidos como “secretos”;
3) entre 2013 e 2016, usando as informações obtidas, a
WikiLeaks revelou como a CIA espionava o mundo através do uso de “malwares” nos
“iPhones” e através do sistema Android. Desmascarou toda a rede de dispositivos
móveis usados para a espionagem dos EUA em outros países;
4) em abril de 2011, WikiLeaks filtrou quase 800
documentos secretos do Pentágono que revelavam que Washington usava a prisão de
Guantánamo de forma ilegal para obter informações de prisioneiros, muitos
completamente inocentes;
5) em março de 2016 um fato causou pânico na Casa
Branca. WikiLeaks publicou mais de 30.000 mensagens eletrônicas enviadas ou
recebidas por Hillary Clinton a partir de seu servidor privado quando exercia o
cargo de secretária de Estado. Entre os documentos filtrados, 27.000 mensagens
eletrônicas do Comitê Nacional Democrata que trouxera à luz manobras de vários
membros do Partido e também o fornecimento de armas para os radicais na Síria.
➤ O que acontece no Sudão? Li matérias nos jornais brasileiros e internacionais e
acompanhei alguns comentários nas redes sociais. Resolvi fazer uma breve
pesquisa na Internet para poder oferecer aos nossos leitores dados para análise
dos fatos, sem fazer opções precipitadas.
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Desde 1997 Washington já
havia decretado sanções econômicas contra o Sudão porque exigia melhores
condições para a exploração do petróleo. Retirou suas empresas do país que
pareceu não se importar tanto pois outras empresas de França, Kuwait, Índia,
Malásia e China passaram a produzir. Vale lembrar que o papel da China se reforçou
a partir de 2011 e isso se tornou um inconveniente para os interesses
estadunidenses e israelenses (vejam também a proximidade de Israel, no mapa).
O solo do Sudão não é apenas rico em petróleo, mas
produz gás natural, ouro, prata, cromo, manganês, zinco, chumbo, urânio e
outros. Mas, curiosamente, 80% da sua força de trabalho ainda está na
agricultura, o que fortalece a pobreza no país. Não houve um processo de
desenvolvimento, a miséria cresceu nos últimos anos, o desemprego é uma realidade
nas grandes cidades e o governo de al-Bashir realmente virou as costas para o
povo.
É verdade que, nos últimos anos a população não estava
muito contente com o governo de Omar al-Bashir. É também verdade que, durante
os últimos cinco dias, exigiram novas eleições e acamparam diante dos quartéis
pedindo que os militares forçassem uma nova eleição no país. E o golpe foi dado
pelo ministro da Defesa do país, Awad Ibn Ouf, que imediatamente decretou a
suspensão da Constituição vigente, declarou “estado de emergência” durante os
próximos três meses. Anunciou também a formação de um Conselho Militar que
atuará por dois anos e, depois, convocará eleições gerais. Ou seja, rompeu com
qualquer possibilidade de um diálogo com o povo e com os trabalhadores.
O presidente deposto, al-Bashir, havia feito uma
declaração à imprensa local, em janeiro passado, dizendo que recebera
“recomendações” para normalizar as relações com Israel e reduzir o papel da
China no país. Segundo informações do Serviço Secreto do Sudão, o serviço de
inteligência de Israel recrutava “rebeldes” para dirigir os protestos.
E tudo se intensificou a partir de dezembro passado,
quando al-Bashir visitou a Síria e se encontrou com Bashar al-Asad. O encontro
despertou a ira de Israel que teme o ressurgimento de um movimento que ficou
conhecido como “pan-arabismo”.
Se, por um lado, Israel se preocupa com a geopolítica
da região e sua segurança, por outro os EUA não deram tréguas (e nem darão)
para reconquistar os ricos campos de petróleo do país e afastar a China.
Portanto, aqui temos um quadro para todos pensarem e
tirarem suas conclusões, apesar do que a imprensa amestrada está divulgando.
Duas realidades ficaram bem claras no final da tarde de
sexta-feira (12): a) poucas horas depois do golpe, percebendo que foram
traídos, manifestantes sudaneses indignados com as medidas dos golpistas
desafiaram o toque de recolher imposto e foram para as ruas exigir eleições e
um governo civil; b) Ahmed Awad Ibn Auf, líder do golpe, renunciou poucas horas
depois ao cargo de “Chefe do Conselho Militar de Transição” e se afasta dos
militares golpistas.
Em outras palavras, estou escrevendo no final da manhã
de sábado, apenas um dia após o golpe, e acho precipitada qualquer posição,
contra ou a favor, antes de termos todo o quadro do país norte-africano.
➤ O terror prossegue. O irmão mais novo da ativista palestina Ahed Tamimi
foi preso na segunda-feira (08) por soldados israelenses na Cisjordânia
ocupada, segundo informações da própria família.
“Uma tropa de Israel invadiu nossa casa, no povoado de
Nabi Sali, próximo de Ramallah, e prendeu meu filho Mohamed”, disse Nariman
al-Tamimi, mãe das crianças. Ela completou dizendo que “o Exército de Israel
está tentando quebrar o amor de nossa família pela sua terra”.
Não houve motivo aparente ou qualquer explicação para
tal prisão e, até sexta-feira, os militares de Israel não tinham emitido
qualquer comunicado sobre o caso, mas sabemos por outras fontes que foram
também sequestrados outros 21 palestinos durante a noite!
➤ E o perigoso genocida ganha mais 4 anos de
mandato! O primeiro-ministro Benjamin
Netanyahu conquistou o seu quinto mandato (quarto consecutivo), no comando do
Estado Terrorista e Genocida e pode se tornar agora o líder mais longevo de
Israel desde Ben Gurion, fundador do Estado judaico.
A vitória dá sobrevida política de apartheid defendida
por ele, mesmo estando envolto em uma série de denúncias de corrupção. Essas
eleições eram consideradas como o maior desafio já enfrentado por Netanyahu
desde que assumiu o poder, enquanto a Procuradoria-Geral do país avalia uma
série de acusações de fraude, recebimento de propina e quebra de confiança
envolvendo seu nome.
Seu partido, o Likud, conquistou 35 cadeiras no Knesset
(Parlamento israelense), praticamente o mesmo número obtido pela legenda Azul e
Branco ("Kahol Lavan", em hebraico), de seu adversário centrista, o
ex-chefe do Estado Maior do Exército Benny Gantz. Mas, a soma dos votos do
Likud e dos demais partidos de direita aliados à sigla garantem 65 das 120 vagas.
O comparecimento às urnas foi de 67,9%, um pouco mais
baixo dos 71,8% registrados nas eleições de 2015. Mas, curiosamente, não vemos
a imprensa internacional questionar a evasão de eleitores, como fez com as
eleições na Venezuela. Aliás, ficaram também para trás os velhos discursos da
direita dizendo que “é preciso ter uma alternância no poder”. Mas só querem
quando o poder é contra eles... se for a favor pode continuar.
➤ Pobre Cidade Luz! Numerosas organizações sociais e humanitárias
realizaram na terça-feira (09) uma atividade para denunciar a triste situação
em que vivem os migrantes na capital francesa e questionar a falta de ações
efetivas por parte do governo de Macron.
“Há mais de três anos um ciclo infernal se instalou com
acampamentos sendo agredidos, desmantelados, dispersos e perseguidos no
noroeste de Paris e sua periferia, com uma violência crescente”, denunciam em
um comunicado as organizações humanitárias Seguro Católico, Médicos do Mundo e
Emmaus France.
Depois de dizer que o panorama é dramático, o texto
lamentou a falta de ação por parte dos poderes públicos para encontrar soluções
duradouras.
➤ E os Coletes Amarelos voltam às ruas. Sábado, dia 13, os “Coletes Amarelos” realizaram mais
uma jornada de protestos em diversos pontos da França exigindo do governo mais
equidade social. Trata-se da 22ª jornada consecutiva, sempre aos sábados.
O movimento surgiu em 2018 protestando contra o aumento
dos impostos e por melhorias na vida da população. Evoluiu em suas propostas e
agora pedem também uma reforma na Constituição para que sejam realizadas
consultas populares sobre temas de interesse nacional.
Há um programa de repressão policial ao movimento que
já proibiu que os manifestantes dirijam-se a alguns bairros e avenidas mais
conhecidas, mas o movimento continua tendo grande repercussão em todo o país e
apoio da maior parte da população.
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