A greve mais forte é o tempo político
A melhor maneira de avaliar a extensão do protesto de hoje é o fato de que os grandes portais da mídia, torcedora fanática do saque aos trabalhadores, admite “problemas” em quase todas as grandes cidades do país.
Ao fim da tarde, nas manifestações, é que se poderá fazer uma análise mais ponderada de sua extensão, algo impossível agora para quem não tem onipresença nem estruturas para acompanhar tudo o que se passa.
Mas ouso observar que a oposição à reforma ganhou ontem seu melhor trunfo, mesmo com a apresentação de um relatório terrível, onde os direitos – especialmente dos trabalhadores do setor privado, ao contrário do discurso oficial – são imensamente prejudicados, seja no tempo de contribuição, seja no valor de seus futuros proventos.
Este trunfo chama-se tempo.
A votação do parecer na comisssão dificilmente se dará antes da primeira semana de julho.
Foi sintomático que o presidente da comissão, Marcelo Ramos, tenha dito na sessão de ontem que “não há data” para votar-se o relatório.
Ontem, diante de um plenário que se esvaziou ao meio-dia, o relator leu apenas a parte final de seu relatório.
Terça-feira, haverá pelo menos 300 deputados inscritos para falar por dez minutos. Sem as interrupções, isso representa 50 horas de falas. Com os bochichos inevitáveis, 72 horas, ou seis sessões de 12 horas.
Depois, a fase de votação: obstruções, questões de ordem, destaques para votação em separado, verificação nominal…Calcule você.
É evidente que a oposição, minoritária, jamais teria conseguido impor estas regras se parte do centrão nãoestivesse disposta a “ver como as coisas ficam para vem para aonde a gente vai”.
Com o “Morogate” em pleno curso, não é absurdo pensar que possa, ironicamente, se passar o que aconteceu com a reforma de Michel temer, abatida pelas gravações de Joesley Batista.
E isso com a escandalosa maioria temerista na Câmara, àquela altura.
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