Diretora de "Democracia em Vertigem", indicado ao Oscar, critica Bolsonaro em artigo no "NYT"
Diretora do documentário “Democracia em Vertigem”, indicado ao Oscar 2020, a cineasta Petra Costa critica o governo Bolsonaro por sua “guerra contra a verdade” em um artigo publicado no jornal americano “The New York Times”. O texto destaca que os “esforços para descreditar a imprensa e as artes têm sido particularmente devastadores no Brasil”.
Segundo a realizadora comentou em seu perfil no Instagram, o objetivo era mostrar “como os ataques às artes, nosso filme e a liberdade de imprensa estão nos levando aos limites da democracia”.
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No artigo, Petra menciona a exoneração de Roberto Alvim da secretaria especial da Cultura, após divulgar um discurso com referências nazistas. “Creio que ele foi demitido não porque o governo condena suas opiniões e sim porque foi demasiado explícito sobre opiniões que ambos compartilham. Este é apenas um exemplo de como a democracia brasileira se aproxima do abismo”, opinou.
A diretora também mencionou o recente episódio em que o Ministério Público Federal denunciou o jornalista Glenn Greenwald por sua suposta participação em crimes cibernéticos na publicação de reportagens sobre os bastidores da Operação Lava Jato. O profissional não foi investigado ou indiciado pela Polícia Federal.
A cineasta lembrou ainda que a campanha de Bolsonaro à Presidência da República foi marcada por fake news. “Mais de 98% dos seus eleitores foram expostos a uma ou mais manchetes falsas durante a campanha e quase 90 por cento acreditavam que elas eram verdadeiras, segundo estudo da organização Avaaz. O seu governo dominou a arte de manipular a verdade”, afirmou.
Além disso, Petra citou ataques ao Carnaval e tentativas de censura a livros escolares e projetos do audiovisual com temática LGBTQ como exemplos da “guerra cultural” que “atingiu novos patamares em dezembro quando a produtora Porta dos Fundos foi atacada com coquetéis Molotov por conta de seu episódio satírico ‘A Primeira Tentação de Cristo’, que retrata Jesus como homossexual”. Segundo ela, a situação atual no Brasil remete aos “anos mais duros da ditadura militar”.
Para a realizadora, o movimento que procura “censurar os valores liberais e progressistas e desconstruir a verdade para impor um fascismo tropical”. “Como aponto em ‘Democracia em Vertigem’, a elite se cansou do jogo da democracia. A história do nazismo mostra que as elites que se calaram diante do avanço do autoritarismo acabaram sendo engolidas por ele. A extinção é o preço da omissão”, declarou.
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