segunda-feira, 11 de maio de 2020

Lalo Leal: mídia é cúmplice da morte da democracia brasileira

Lalo Leal: mídia é cúmplice da morte da democracia brasileira

Assista em:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=HSwkcWJpJZw&feature=emb_logo

6 de maio de 2020
Rede Brasil Atual - Há mais de 30 anos não se ouvia no Brasil um
discurso presidencial tão “assustador”, como o de domingo (3), quando
o presidente Jair Bolsonaro participou de mais um ato a favor de um
golpe com intervenção militar, fechamento do Congresso e do Supremo
Tribunal Federal.

A afirmação do professor e jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ao
avaliar a fala do presidente: “Peço a Deus que não tenhamos problemas
essa semana. Chegamos no limite, não tem mais conversa”, ameaçou o
presidente.

Bolsonaro dizia estar “ao lado do povo” e das Forças Armadas. Mais
tarde, porém, o Ministério da Defesa desmentiria publicamente um
eventual apoio à ruptura democrática.

Em sua coluna no canal do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão
de Itararé, Lalo analisa o discurso como um declínio do sistema
político vigente. O professor cita o livro dos professores da
Universidade de Harvard Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, Como as
Democracias Morrem (Ed. Zahar), que se tornou best seller.

“Num determinado trecho eles dizem o seguinte: nós devemos nos
preocupar quando políticos rejeitam em palavras ou ações as regras
democráticas do jogo. Quando negam a legitimidade de oponentes. Quando
o toleram, encorajam a violência. E dão indicações de disposição para
restringir liberdades civis de oponentes, inclusive da mídia. Soa
familiar isso não?”, ironiza o professor.

“Eles estão falando de Donald Trump, mas o modelo é seguido à risca
pelo sociopata que nos preside”, compara Lalo. “O livro é anterior à
tragédia miliciana brasileira, mas há vários trechos que parecem
descrever com todas as letras o que está acontecendo hoje aqui”.

Mídia comercial pavimentou caminho à sepultura

Apesar dos elos entre a morte da democracia estadunidense e a
brasileira, o livro derrapa, na análise do professor, ao não perceber
a participação da mídia na condução desse processo.. Para os autores, a
imprensa é descrita quase como um obstáculo aos arroubos autoritários
dos governantes em todo mundo. Porém, Lalo lembra que nem sempre foi
assim.

Na América Latina, por exemplo, parte dos golpes militares contaram
com o apoio das grandes corporações midiáticas. A exemplo do que
ocorreu no Brasil, em 1964. Ou ainda, do mais recente golpe
jurídico-parlamentar, que depôs a ex-presidenta Dilma Rousseff do seu
cargo. Ou até mesmo a construção do mito de que era preciso um
“salvador da pátria”.

Por isso, o amplo repúdio anunciado pelo setor à mais recente
declaração de Bolsonaro soa tardio. E mais: está desconectado de uma
dose de autocrítica, destaca o professor.

“Continuam dizendo, quase todo dia, que o atual governo desse capitão
foi eleito democraticamente, dando a ele uma legitimidade que não tem.
Escondem que o atual governo é resultado de um golpe
jurídico-parlamentar. E quando precisam criticar o que ele está
fazendo, fazem comparações esdrúxulas com governos democráticos e
populares, que não têm nada a ver com esse que hoje nos governa. É
assim que as democracias morrem. isso não está apenas no nome desse
livro que mostrei. É a realidade brasileira de hoje. Construída com a
colaboração entusiasmada da mídia comercial”, sintetiza.

Assista ao comentário de Lalo Leal no canal do Barão:
https://www.youtube.com/watch?time_continue=5&v=HSwkcWJpJZw&feature=emb_logo

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