Grécia declara partido neonazista como grupo criminoso
Tribunal considerou membro do grupo fascista culpado pelo homicídio de rapper, em 2013; manifestantes antifascistas acompanharam julgamento
Um tribunal de Atenas, capital da Grécia, determinou nesta quarta-feira (07/10) que o partido neonazista Aurora Dourada é uma "organização criminosa".
O movimento fascista ganhou força após a crise financeira de 2008 e chegou a ser o terceiro mais votado nas eleições legislativas de 2015. No entanto, entrou na mira da Justiça em 2013, após um membro do partido, Giorgos Roupakias, ter assassinado a facadas o rapper e ativista de esquerda Pavlos Fyssas.
O inquérito culminou em um processo contra 68 réus - incluindo o líder da legenda, Nikólaos Michaloliákos -, iniciado em 2015. Segundo o procurador Isidoros Doyiakos, membros do Aurora Dourada usaram o partido como instrumento político para realizar atividades ilícitas.
Roupakias, réu confesso no julgamento, foi considerado culpado do homicídio de Fyssas e arrisca pegar prisão perpétua. Já Michaloliákos, negacionista do Holocausto e admirador do nazismo, foi condenado como líder de uma "organização criminosa".
A decisão da juíza Maria Lepenioti foi recebida com aplausos do público presente no tribunal. Do lado de fora, a polícia entrava em confronto com milhares de manifestantes antifascistas que esperavam a condenação. "A democracia venceu hoje", disse o primeiro-ministro da Grécia, Kyriakos Mitsotakis.
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Membros do partido neonazista são julgados por homicídio e tentativa de assassinato
Entre os condenados, também estão o ex-porta-voz do Aurora Dourada Ilias Kasidiaris, o eurodeputado Yiannis Lagos, que deixou o partido no ano passado, e ex-parlamentares que haviam sido eleitos em 2012.
Michaloliákos e outros expoentes condenados por organização criminosa podem pegar penas de cinco a 15 anos de prisão, mas as sentenças serão anunciadas em uma nova audiência. As acusações também diziam respeito a uma série de agressões promovidas por membros do partido, que, segundo o Ministério Público, usava táticas paramilitares para intimidação política.
Em junho de 2012, um pescador egípcio foi espancado por integrantes do grupo neonazista com barras de metal e pedaços de madeira. Um ano depois, ativistas comunistas que afixavam cartazes em um muro foram atacados com barras cravejadas de pregos.
O partido de extrema-direita chegou a conquistar 18 cadeiras no Parlamento de 300 assentos da Grécia em 2015, tornando-se o terceiro mais votado no país. No entanto, a investigação dos últimos anos provocou inúmeras deserções. Nas eleições de 2019, o Aurora Dourada não conseguiu eleger nenhum deputado.
(*) Com Ansa.
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