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A América Latina vai mudarBoletim Semanal de Notícias sobre a América Latina - de 14 a 21 de marco de 2021
Por Leonardo Wexell Severo |
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EQUADOR NA OPOSIÇÃO
Andrés Arauz quer que equatorianos “retomem as rédeas do seu destino”
“O que o povo equatoriano quer é recuperar, coletivamente, as rédeas do seu destino. Quer retomar o governo. Basta de ter o país entregue a uns poucos banqueiros e especuladores”. A afirmação é do economista Andrés Arauz, candidato à presidência do Equador pela opositora União pela Esperança (UNES), em recente debate na Associação Equatoriana de Radiodifusão (AER).
Ex-ministro do presidente Rafael Correa, Arauz acredita que “o país se encontra devastado porque não há governo” e é a sua reconstrução que estará em jogo nas eleições do dia 11 de abril. “Foram justamente os governos direcionados para a privatização e o desfalque que realizaram a maior expropriação da história do Equador. Isso nós não podemos esquecer”, frisou o economista.
Arauz justifica por que somou 3.033.753 votos (32,72%) contra 1.830.045 (19,74%) do banqueiro Guillermo Lasso: “temos um projeto de nação, focado no desenvolvimento e no trabalho dos equatorianos”. Apesar da enorme diferença refletida nas urnas, como o oposicionista não alcançou os 40% dos votos no primeiro turno, haverá segundo turno. A vantagem por mais de um milhão e duzentos mil votos sobre o segundo colocado, na avaliação de Arauz, é um reconhecimento do seu compromisso com o fortalecimento do mercado interno a partir da reativação da economia. No outro extremo está o retrocesso neoliberal, ponderou.
EQUATORIANAS SÃO PRIORIDADE
Arauz garantirá mil dólares para um milhão de mães chefes de família
“Nós vamos investir nas equatorianas, nas mães chefes de família que assumiram o maior custo desta pandemia”, declarou Andrés Arauz. O candidato oposicionista reiterou que é para elas que será feita a transferência de mil dólares de emergência para enfrentar o combate ao coronavírus.
Arauz disse que as mães são a prioridade, porque “se converteram em enfermeiras e cuidadoras, são as principais responsáveis por atender o lar e as crianças” neste período tão conturbado.
O candidato oposicionista ressaltou que com o mesmo espírito da Revolução Cidadã, que desenvolveu o Equador promovendo justiça social combatendo as desigualdades, vai enfrentar a emergência econômica e a emergência sanitária. “É inconcebível que enquanto temos o índice mais alto de mortalidade per capta do planeta, o governo equatoriano divulgue um comunicado orgulhoso por ter o nível mais alto de reservas de toda sua história”, condenou.
O economista tem sua imagem identificada com os êxitos alcançados no período em que, entre 2007-2017, o crescimento médio do Produto Interno Bruto (PIB) foi de 3,4%.
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ELEIÇÕES PERUANAS
Candidata oposicionista, Verónika Mendoza propõe “nacionalizar o gás e recuperar os recursos naturais”
A candidata do Juntos pelo Peru à presidência do país andino, Verónika Mendoza, defendeu que é “hora de recuperar a soberania sobre nosso território, de nossos recursos naturais, começando pelo gás”. “Nós vamos nacionalizar o gás”, enfatizou a líder oposicionista, em recente visita à região do Alto Cusco, acompanhada de candidatos ao Congresso.
Segundo Verónika, que é professora, psicóloga e antropóloga, “é hora de um governo valente, digno e soberano, que acabe com estes tempos de colônia”. Para a candidata, é completamente inaceitável que o gás continue sendo drenado para fora do país, sangrado à Europa e ao Japão, como vem sendo feito, e "não fique uma só gota para Cusco, nem uma só gota para o sul do Peru".
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CHILE CONTRA PIÑERA
Rejeição ao governo chileno alcança 78% no início de março
A rejeição ao presidente do Chile, Sebastián Piñera, chegou a 78% nas duas primeiras semanas de março, 13% a mais do que nas duas semanas anteriores.
Segundo a pesquisa quinzenal Pulso Ciudadano, Piñera tem o apoio de somente 10,7% da população, 4,2% do que na segunda quinzena de fevereiro. A pesquisa aponta que a avaliação negativa se espraia por absolutamente todos os setores, independente da classe social, idade, sexo ou tendência política.
De cada 100 entrevistados, 81 declararam que o país está estagnando ou regredindo e apenas 14% disseram que está progredindo.
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CORRUPÇÃO NA GUATEMALA
Guatemaltecos consideram presidente Giammattei “persona non grata”
“Cada vez mais comunidades consideram o presidente da Guatemala, Alejandro Giammattei, como persona non grata”, afirmou a deputada Sonia Gutierrez Raguay, líder da bancada do Winaq. O movimento político, fundado pela dirigente indígena e Prêmio Nobel da Paz (1992), Rigoberta Menchú, tem mobilizado o país contra “a série de práticas condenáveis e retrocessos praticados pelo presidente em relação aos direitos humanos”.
Segundo a parlamentar, “Giammattei vem agindo de forma corrupta em relação ao patrimônio público, lenta e atrasada em relação ao coronavírus, repressora em relação a manifestações democráticas e desrespeitosa em relação às autoridades indígenas”.
Passados quase um ano e três meses de governo neoliberal, alertou, sua tendência se mantém e “é a de ir cooptando na base da corrupção”.
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PARAGUAI NA UTI
Senador Querey denuncia que governo do Paraguai desviou verba do combate à pandemia para a especulação
"Em vez do investimento no combate à pandemia, a política do presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez (Marito), foi a do endividamento, em consonância com o setor financeiro internacional e nacional", denunciou o doutor Jorge Querey.
Senador da Frente Guasú e médico, Querey alertou que os recursos foram aprovados pelo parlamento, mas que nunca chegaram aos hospitais, que agora têm 100% das camas ocupadas. "Isso faz com que já no dia de amanhã possamos ter todo o sistema de saúde colapsado", condenou.
Em relação à aquisição de vacinas, o médico denunciou que "houve uma trava ideológica e política que dificultou as aquisições". "Eu conversei pessoalmente na Embaixada da Rússia no Paraguai, mas houve ordem contrária dos Estados Unidos e Mario Abdo era um instrumento de Trump", informou.
PARAGUAIOS PEDEM SAÍDA DO PRESIDENTE
Mobilização popular alerta que Marito conduz Paraguai à catástrofe
O senador Jorge Querey, da Frente Guasú, acredita que a decisão de dezenas de parlamentares paraguaios de redigirem uma denúncia contra Marito é mais do que acertada. Para Querey, o documento vem respaldado pelas gigantescas mobilizações populares que sacodem o país exigindo a renúncia do mandatário. “Há a compreensão de que é preciso mudar, pois os trilhos do presidente apontam em direção à catástrofe", frisou.
Conforme Querey, há uma repulsa que se viralizou por todo o Paraguai desde que foi revelada a assinatura da ata secreta de uma gestão de negócios dele sobre Itaipu com a família de Jair Bolsonaro. “Naquela negociata, também esteve envolvido o vice-presidente da República, com o conhecimento e a participação ativa do chanceler paraguaio. Pela gravidade do caso, contrário ao interesse nacional, se espalhou a reação de oposição ao governo”, sublinhou.
Quem falou em nome da família Bolsonaro na época, amplamente denunciado como “laranja”, foi o então suplente de senador Alexandre Luiz Giordano, que assume a vaga do Major Olímpio (PSL-SP) após sua morte.
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MAIS DESIGUALDADE NO CONTINENTE
Cepal projeta outra década perdida para a América Latina
A Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) avalia que o Continente terá outra década perdida em função do coronavírus e das formas de enfrentamento à pandemia. Medida através do coeficiente de Gini, a desigualdade aumentou 5,6% no ano passado.
Na avaliação da secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcera, a situação é bastante grave. Nem com a retomada do crescimento de 2021, analisa, os dois próximos anos conseguirão voltar ao nível de atividade econômica anterior à pandemia.
Apesar disso, os especuladores não dão folga. A América Latina é a região mais endividada do mundo, com 57% da renda das exportações perdidas no pagamento do serviço da dívida.
A Covid-19 já provocou a morte de mais de 700 mil pessoas no continente. O excesso de mortalidade causou a redução de meio ano na esperança de vida nos habitantes da região.
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ISOLAMENTO ESTADUNIDENSE
Países da América Latina articulam bloco na ONU contra “unilateralismo” dos EUA
Vários países latino-americanos anunciaram esta semana a composição de um novo bloco dentro da Organização das Nações Unidas (ONU). Ao lado de Rússia, China, Coreia Popular e Irã, o objetivo é defender a carta de fundação da entidade contra o “unilateralismo” dos Estados Unidos.
Entre os atropelos praticados durante o governo de Donald Trump está a saída da Casa Branca do Conselho de Direitos Humanos e da agência cultural da ONU. Além disso, em plena emergência sanitária global, o governo estadunidense ameaçou cortar o financiamento da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Casa Branca também não atendeu as solicitações da ONU, mesmo durante a pandemia, e continuou praticando criminosas sanções econômicas, com inumeráveis custos em vidas.
ARBITRARIEDADES MADE IN USA
Norte-americanos atacam a paz e a segurança globais, afirma comunicado
O documento do novo bloco na ONU aponta que “o mundo está vendo o crescimento do unilateralismo, marcado por ações isolacionistas e arbitrárias, incluindo a imposição de medidas coercitivas unilaterais”. Assim, alertam, “o multirateralismo está atualmente sob um ataque sem precedentes, que, por sua vez, representa uma ameaça à paz e à segurança globais”.
A diplomacia venezuelana justificou a adesão ao “grupo de países amigos que defende, sem ambiguidade, o princípio de não ingerência em assuntos internos, a busca por soluções pacíficas, sem uso de ameaças”. “Todos esses são princípios consagrados na carta da ONU, mas temos que defendê-los”, afirmaram os venezuelanos.
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LEI ELÉTRICA NO MÉXICO
Obrador diz que reformará a Constituição caso freiem a nova lei elétrica
O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, alertou que apresentará uma iniciativa de reforma constitucional caso o poder judiciário cumpra com suas ameaças de frear a nova Lei da Indústria Elétrica. Obrador disse que a manutenção do setor nas condições atuais o tornaria cúmplice do “roubo” praticado pelo cartel privado à nação durante o período neoliberal.
A nova legislação revoga a anterior deixada pelo ex-presidente Enrique Peña Nieto (2012-2018), e fortalece uma empresa estatal, a Comissão Federal de Eletricidade (CFE) diante das transnacionais que atuam no país.
Ao afetar diretamente os mais pobres, o tema é de interesse nacional “e não da ambição de malandros”, advertiu o governante mexicano. Para Obrador, fazem “papel de bobo” os que pedem socorro ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, “para que venha nos repreender”.
A oposição alega que as medidas nacionalistas aprovadas são discriminatórias e “contrárias a um mercado competitivo”.
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VACINAS CUBANAS
Linhas de produção da BioCubaFarma garantem entrega de vacinas para toda ilha até agosto
As seis linhas de produção das várias empresas do Grupo das Indústrias Biotecnológica e Farmacêutica (BioCubaFarma) anunciaram esta semana que entregarão, no mais tardar até agosto, as vacinas necessárias para imunizar toda a população da ilha.
O presidente Diaz-Canel agradeceu o empenho de todos os profissionais envolvidos e reiterou que a vacinação massiva é uma expressão concreta e contundente do amor à vida e à Pátria.
Até este sábado (20), o país de 11,34 milhões de habitantes havia registrado 387 mortes pela pandemia, uma média de um óbito por dia desde o aparecimento da Covid.
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BOLÍVIA RESPONDE A BIDEN E BOLSONARO
Presa por “sedição, conspiração e terrorismo”, ex-presidenta Áñez é apoiada por governantes do Brasil e dos EUA
O Ministério de Relações Exteriores da Bolívia condenou nesta quarta-feira (18) o fato dos governos dos Estados Unidos e do Brasil terem questionado as detenções de ex-autoridades do país andino, investigadas pelo banho de sangue promovido em 2019.
A chancelaria da Bolívia convocou o embaixador do Brasil na Bolívia, Octavio Cortês, e a encarregada de negócios dos Estados Unidos, Charisse Phillips, após autoridades de ambos os países criticarem as prisões contra os envolvidos no golpe de Estado contra o presidente Evo Morales. O governo boliviano pediu respeito aos princípios do direito internacional e lembrou que “é obrigação não intervir nos assuntos que são de outra jurisdição interna dos Estados”.
Investigados por “sedição, conspiração e terrorismo”, a ex-presidenta Jeanine Áñez, o ex-ministro de Energia, Rodrigo Guzmán, e o ex-ministro de Justiça, Álvaro Coímbra, foram defendidos por Bolsonaro. O brasileiro já havia sido o primeiro na América Latina a reconhecer Áñez como governante.
Fugindo da Justiça, a golpista foi encontrada escondida dentro de uma cama box.
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SOLIDARIEDADE AO POVO BOLIVIANO
Organizações jurídicas e de direitos humanos vão à ONU contra os massacres de Senkata e Sacaba
O amplo movimento de solidariedade internacional ao governo boliviano se contrapõe à alegação dos golpistas de que se trata de “perseguição política” o fato de criminosos serem levados à Justiça. Várias organizações jurídicas e de Direitos Humanos apresentaram duas denúncias às Nações Unidas pelos massacres de Senkata e Sacaba nos marcos do golpe de 2019.
Segundo a coordenadora do Centro de Estudos Legais e Sociais da Argentina, Camila Barreto Maia, são inúmeras as denúncias de execuções extrajudiciais e de outras graves violações de direitos humanos, apresentadas contra o governo de Jeanine Áñez por um conjunto de entidades internacionais já em 2020.
As acusações foram entregues à Relatoria de Execuções Extrajudiciais, Sumárias ou Arbitrárias da ONU e se baseiam em “abundantes evidências” de que manifestantes “foram reprimidos com arma letal”. Maia revelou que entre os documentos obtidos pelas organizações encontram-se dezenas de arquivos de áudio, imagens, vídeos e entrevistas.
bit.ly/3c8HxgQ
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AGÊNCIA BOLIVIANA CONTRA A MENTIRA
Na guerra contra a desinformação, governo boliviano reforça papel da ABI
A Agência Boliviana de Informação (ABI) teve o seu papel reforçado no governo de Luis Arce, que se vê novamente em meio à guerra midiática. Documentos que comprovam a responsabilidade de Jeanine Áñez com os trágicos acontecimentos de 2019 são simplesmente “esquecidos” pelos grandes meios de comunicação, na sua quase totalidade vinculados à oposição.
Um recente documento apresentado à ONU não deixa qualquer margem à dúvida e descreve que “em 14 de novembro, no dia anterior ao massacre de Sacaba, Áñez assinou um decreto para garantir a impunidade das Forças Armadas”. Além disso, “não se deu atenção médica às vítimas da repressão. Ao contrário, nos dois massacres, as testemunhas relatam que quem se aproximou para dar socorro também recebeu disparos”.
Para completar o escárnio, o documento descreve como “a violência continuou nos hospitais onde as vítimas foram perseguidas pela polícia e por profissionais da saúde, que as humilharam com ofensas racistas por sua suposta afinidade com o Movimento Ao Socialismo (MAS)”.
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