Nesse 21 de março, Dia Internacional das Florestas, celebramos a professora Ana Maria Primavesi, precursora da Agroecologia no Brasil. Engenheira agrônoma, pioneira na preservação do solo e na recuperação de áreas degradadas, em 2012, recebeu o título One World Award pela referência teórica e prática aos produtores orgânicos no Brasil. Sua obra demonstrou o malefício causado pelo uso de agrotóxicos na produção agrícola e as alternativas para o manejo ecológico das chamadas "pragas". Em seus livros, estudiosos/as da área e trabalhadores/as rurais encontraram alternativas para a obtenção de um método científico voltado para a transição da produção agroecológica. Ana Maria Primavesi nos deixou em 5 de janeiro de 2020. Naquele dia, Virgínia Mendonça Knabben, geógrafa e biógrafa de Primavesi, comparou sua morte à queda de um imenso jatobá centenário: "jatobá sagrado da agricultura, árvore mestra, a matriz de todos nós". Com a dificuldade de publicar e reimprimir os seus livros, combatidos pela indústria química de agrotóxicos, Primavesi viu na Editora Expressão Popular a possibilidade de continuar a divulgação de suas pesquisas e do conceito de Agroecologia. Conheça algumas dessas obras: Uma leitura agradável e instrutiva. Um olhar sensível sobre a vida e a natureza. Por meio destes contos, a renomada Professora Ana Primavesi nos conduz a uma iniciação agroecológica que toca nosso coração e ainda nos faz refletir sobre as ações humanas sobre o ambiente, tendo como foco a agricultura. Com criatividade e imaginação descreve a função de elementos essenciais para as plantas, sua atividade nestas e no solo. Com autoridade discorre sobre o ar, a água e a vida no solo. Ressalta a interação entre os organismos e o ambiente, sempre combinando poesia e ciência. Todavia, ao se referir às mudanças ambientais promovidas por ações humanas vislumbra as consequências nefastas e lança um alerta sobre as sequelas decorrentes: com a degeneração da vida no solo seguem a das características físicas e químicas dos solos, seu desequilíbrio e empobrecimento cuja consequência final é a desertificação, a contaminação de rios, a poluição da terra, do ar e da água. E também dos alimentos. Todos esses riscos são exclusivamente direcionados a ocasionar a ruína da vida superior em nosso planeta. Em qualquer atividade produtiva é a vida quem decide, alguém com energia vital estará no comando. Assim também é com o solo. Somente um solo com vida, e vida diversificada, é capaz de produzir quantidade e qualidade alimentar de forma sustentável e altamente econômica, permitindo um retorno elevado a cada real investido, a cada insumo aplicado. Aumenta a eficiência de uso destes insumos e dos recursos naturais. A Biocenose do solo e as Deficiências minerais em culturas forma o primeiro pilar ecológico de Primavesi para praticar uma agricultura intensiva viva, biologicamente ativa, sem deficiências minerais limitantes, que poderiam ser detectadas de imediato pelos sintomas visuais, a fim de alcançar a tão almejada sustentabilidade, e melhor ainda, a produção de alimentos em quantidade e qualidade para suprir a demanda de uma população crescente, nossos descendentes e herdeiros. A reedição desse livro vem ao encontro de uma crescente busca pela agroecologia e por um embasamento científico do tema. As obras de Ana Primavesi preenchem todas essas lacunas. Ana Maria Baronesa Primavesi nasceu em 3 de outubro de 1920, no castelo Pichlhofen, distrito de St Georgen ob Judenburg, no estado da Estíria, Áustria, como primeira filha do Barão Sigmund Conrad e sua esposa Clara. Doutorou-se em Cultura de Solos e Nutrição Vegetal. Durante o período em que esteve na universidade, foi mandada para Lodz, Polônia, para ajudar na transferência de refugiados judeus durante a guerra e em Metz, Lorena, trabalhou numa fábrica - estas foram imposições do governo nazista aos estudantes. De 1943 até o fim da guerra, trabalhou no Conselho de Pesquisa da Universidade com pesquisas sobre ar frio. Foi presa como ato de segurança dos ingleses e trabalhou nessa época como intérprete e tipista na FSS (Serviço Secreto dos Ingleses), em um campo de concentração em Wolfsberg. Quando foi solta, disseram-lhe que aquilo fora um engano. Em 1946 casou-se com o fazendeiro, diplomata e também doutor Artur Barão Primavesi, e em 1948 vieram para o Brasil onde continuaram as suas pesquisas. Lecionaram na Universidade de Santa Maria (RS), instituição na qual Artur fundou o Instituto de Solos e Culturas e criou o primeiro curso de pós graduação (Produtividade e Conservação do Solo); também trouxe para a cidade o Segundo Congresso de Biologia de Solos da América Latina patrocinado pela UNESCO. © 2021 Editora Expressão Popular - Todos os direitos reservados. |
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