A CPI da Covid, que vai investigar as ações e omissões do governo federal na pandemia, começou na terça-feira 27 com um potencial de definir o futuro do presidente Jair Bolsonaro. O Planalto sabe dos riscos que corre e tenta, desde o início, impedir que a Comissão funcione normalmente. Até agora, no entanto, só acumula derrotas. Após a eleição de Omar Aziz (PSD-AM) para presidente e a escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator, senadores ligados a Bolsonaro apresentaram um mandado de segurança no STF em que alegaram que o emedebista é suspeito por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho, um possível investigado. Em sua decisão, o ministro Ricardo Lewandowski negou o pedido e disse que a escolha do relator cabia exclusivamente ao Senado. Foi a segunda tentativa do governo de barrar Calheiros como relator da CPI. Na segunda-feira 26, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) conseguiu barrar a nomeação na justiça, mas a decisão foi derrubada pelo Tribunal Federal Regional da 1ª Região. Com Calheiros confirmado na relatoria, os recados ao governo começaram. Em entrevista coletiva, o senador declarou que “só devem ter preocupação os aliados do vírus. Quem não foi aliado do vírus não deve ter nenhuma preocupação”. Em seu primeiro discurso no cargo, o senador prometeu uma “profunda e caudalosa investigação”, que será “árida e acidentada, mas exitosa”. “A comissão será um santuário da Ciência, do conhecimento, e uma antítese estridente do obscurantismo negacionista e sepulcral, responsável por uma desoladora necrópole que se expande diante da incúria e do escárnio desumano”, disse Calheiros. Os membros da Comissão já definiram as datas dos depoimentos dos ex-ministros da Saúde e do atual, Marcelo Queiroga. Henrique Mandetta e Nelson Teich vão comparecer na próxima terça-feira 4. Já o general Eduardo Pazuello será ouvido na quarta-feira 5. Por fim, Queiroga irá depor na quinta-feira 6. Em artigo exclusivo para CartaCapital, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), explicou que "as linhas centrais da investigação se concentram nas ações de enfrentamento à pandemia, com destaque para as vacinas e outras iniciativas voltadas a contenção do coronavírus". "As quatro centenas de milhares de vidas perdidas são um indício de que a reposta brasileira à crise sanitária foi ao menos inadequada", escreveu o senador. É consenso que a CPI da Covid arranhará Bolsonaro de alguma forma. Se não será suficiente para a abertura de um processo de impeachment, como avalia o cientista social Glauco Peres da Silva, da USP, certamente abalará a imagem do presidente. Diante dos riscos, aos bolsonaristas restaram as ameaças, como se vê abaixo. |
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