sábado, 1 de maio de 2021

Carta Capital

 

1 DE MAIO DE 2021

O começo do fim

Início dos trabalhos da CPI da Covid, no Senado Federal, pode ser o primeiro passo para a saída de Bolsonaro do poder

FOTO: EVARISTO SÁ/AFP

A CPI da Covid, que vai investigar as ações e omissões do governo federal na pandemia, começou na terça-feira 27 com um potencial de definir o futuro do presidente Jair Bolsonaro.

O Planalto sabe dos riscos que corre e tenta, desde o início, impedir que a Comissão funcione normalmente. Até agora, no entanto, só acumula derrotas.

Após a eleição de Omar Aziz (PSD-AM) para presidente e a escolha de Renan Calheiros (MDB-AL) como relator, senadores ligados a Bolsonaro apresentaram um mandado de segurança no STF em que alegaram que o emedebista é suspeito por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho, um possível investigado.

Em sua decisão, o ministro Ricardo Lewandowski negou o pedido e disse que a escolha do relator cabia exclusivamente ao Senado.

Foi a segunda tentativa do governo de barrar Calheiros como relator da CPI.

Na segunda-feira 26, a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) conseguiu barrar a nomeação na justiça, mas a decisão foi derrubada pelo Tribunal Federal Regional da 1ª Região.

Com Calheiros confirmado na relatoria, os recados ao governo começaram. Em entrevista coletiva, o senador declarou que “só devem ter preocupação os aliados do vírus. Quem não foi aliado do vírus não deve ter nenhuma preocupação”.

Em seu primeiro discurso no cargo, o senador prometeu uma “profunda e caudalosa investigação”, que será “árida e acidentada, mas exitosa”.

“A comissão será um santuário da Ciência, do conhecimento, e uma antítese estridente do obscurantismo negacionista e sepulcral, responsável por uma desoladora necrópole que se expande diante da incúria e do escárnio desumano”, disse Calheiros.

Os membros da Comissão já definiram as datas dos depoimentos dos ex-ministros da Saúde e do atual, Marcelo Queiroga.

Henrique Mandetta e Nelson Teich vão comparecer na próxima terça-feira 4.

Já o general Eduardo Pazuello será ouvido na quarta-feira 5. Por fim, Queiroga irá depor na quinta-feira 6.

Em artigo exclusivo para CartaCapital, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), explicou que "as linhas centrais da investigação se concentram nas ações de enfrentamento à pandemia, com destaque para as vacinas e outras iniciativas voltadas a contenção do coronavírus".

"As quatro centenas de milhares de vidas perdidas são um indício de que a reposta brasileira à crise sanitária foi ao menos inadequada", escreveu o senador.

É consenso que a CPI da Covid arranhará Bolsonaro de alguma forma. 

Se não será suficiente para a abertura de um processo de impeachment, como avalia o cientista social Glauco Peres da Silva, da USP, certamente abalará a imagem do presidente.

Diante dos riscos, aos bolsonaristas restaram as ameaças, como se vê abaixo.

 
 
LINGUAGEM MILICIANA

Senador da CPI da Covid relata ameaças de apoiadores de Bolsonaro

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TROPA DE CHOQUE BOLSONARISTA

Com medo da CPI, milícias digitais bolsonaristas atacam senadores

Posts no Facebook com o termo 'CPI da Covid' alcançaram mais de 3 milhões de interações em 1 dia

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Uma nova dor de cabeça para o governo 

Deputados protocolam pedido para instalar a CPI da Devastação

FOTO: JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

A semana para o governo federal termina como começou: com péssimas notícias.

Após a instalação da CPI da Covid no Senado, um grupo de deputados da oposição protocolou um requerimento de criação de uma Comissão para investigar as denúncias de crimes atribuídos ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Os parlamentares querem apurar as acusações a partir de cinco frentes:

*Denúncia de que Salles atuou em favor de madeireiras ilegais;

*Desmonte da fiscalização e o desmatamento descontrolado;

*Encontro com garimpeiros que teria motivado a suspensão de uma operação no Pará contra garimpos ilegais;

*Possível ato de improbidade administrativa ao disponibilizar aeronaves da Força Aérea Brasileira para transportar garimpeiros a Brasília; 

*Omissão no enfrentamento aos incêndios que consumiram o Pantanal em 2020.

"A Câmara vai contribuir muito com o Brasil se investigar os crimes ambientais cometidos pelo governo", afirmou o deputado Marcelo Freixo (PSOL-RJ) em entrevista ao canal de CartaCapital no Youtube.

 


 

 
 

400 mil mortos por Covid-19

Saber em qual patamar o País se encontra é desafiador; especialistas já citam a possibilidade de uma terceira onda

FOTOS: AFP E MAURO PIMENTEL/AFP

Apenas 36 dias depois de lamentar a marca de 300 mil mortes por Covid-19, o Brasil chegou ao patamar de 400 mil vidas perdidas para o novo coronavírus.

Em primeiro lugar, fica a solidariedade a todos que perderam seus entes queridos. Mas resta a dúvida: até quando o sofrimento dos brasileiros será prolongado?

Saber em qual patamar o País se encontra é desafiador. Especialistas já citam a possibilidade de uma terceira onda quando, de fato, não se viu o fim da primeira.

Em entrevista a CartaCapital, o médico infectologista José David Urbaéz, da Sociedade Brasileira de Infectologia em Brasília, vê que "as projeções são de que se alastre o número de casos e de óbitos em um platô muito elevado ”.

Na quarta-feira 28, a Fundação Oswaldo Cruz divulgou um boletim extraordinário de seu Observatório Covid-19 para informar que, apesar do registro de queda nos casos e mortes decorrentes do novo coronavírus nas últimas semanas, a pandemia segue em nível crítico.

A vacinação continua a não deslanchar da maneira que deveria, a ponto do Ministério da Saúde ter ‘encontrado’ um pequeno estoque de 100 mil doses da Coronavac que aguardavam autorização para serem remetidas aos estados.

Também chegaram ao País cerca de 1 milhão de doses da vacina da Pfizer, ignorada por Bolsonaro e Pazuello em agosto de 2020.

O País, de trágicas marcas nesta pandemia, se desmoraliza por completo internacionalmente.

 


 

 
 
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