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A semana começa morna na imprensa brasileira, apesar da pressão popular nas ruas no sábado, quando 600 mil saíram em protesto contra Bolsonaro em todos os estados brasileiros e em 18 países no exterior. A imprensa internacional dá ampla cobertura às manifestações convocadas por movimentos sociais e partidos de esquerda — leia em Brasil na Gringa. A mídia de Pindorama fez registros no domingo, mas colocam pouca pressão no governo, a depender das manchetes. O noticiário de hoje está tomado pelas Olímpiadas.
Sobre as ameaças feitas por Bolsonaro e o general Braga Netto de suspender as eleições sem o voto impresso, Painel da Folha reporta que o ministro Luiz Fux, presidente do STF, pretende embutir no discurso que fará de reabertura dos trabalhos no Judiciário após o recesso um recado a atores políticos que fizeram ameaças às eleições de 2022. Ele quer reforçar a importância da democracia e da Constituição. Na última semana, Fux preferiu o silêncio diante do apoio do ministro da Defesa à aprovação do voto impresso.
No Estadão, reportagem destaca que militares foram alvo do TCU em 278 auditorias envolvendo possíveis desvios. Recentemente, Tribunal decidiu investigar membros do Exército e da Aeronáutica por supostas irregularidades em licitação para a compra de móveis de escritório. No GGN, Luís Nassif denuncia como Braga Netto tentou operação Davati quando interventor no Rio. "O remanejamento do general Ramos da Casa Civil não foi medida isolada de Bolsonaro. Sua entrevista ao Estado, dizendo-se atropelado por um trem, visou esconder o óbvio: a entrega de anéis ao Centrão foi uma decisão conjunto dos militares no governo, visando salvar o mandato de Bolsonaro", relata. Vale a leitura — íntegra ao final deste briefing.
BRASIL NA GRINGA
O argentino Página 12 noticiou no final de semana que, no Brasil, há preocupação com a segurança de Lula. Segundo o correspondente Darío Pignotti, o governador do Maranhão, Flavio Dino, e outros políticos estão preocupados com a segurança de Lula. "Dino não é o único que fala sobre o assunto, sabe-se que o PT também pensa em reforçar medidas para garantir a integridade física do político", escreve. "O nome de Lula foi entoado neste sábado por manifestantes mobilizados para exigir a saída de Jair Bolsonaro em centenas de cidades brasileiras".
Em ampla reportagem, o Washington Post noticiou no sábado, 24, que alguns no Brasil veem Bolsonaro preparando um golpe militar. "A situação é extremamente preocupante no Brasil", disse Marcos Nobre, destacado cientista político da Universidade Estadual de Campinas, segundo os correspondentes Terrence McCoy e Gabriela Sá Pessoa. "É muito, muito grave o que está acontecendo aqui". Diz o texto: "Os comentários cada vez mais descarados de Bolsonaro escalam uma campanha ao estilo de Trump de meses para erodir a fé no sistema eleitoral e transformar seus processos em uma luta política de alto risco. Agora, enquanto a maior democracia da América Latina se prepara para o que deve ser uma eleição tumultuada, ela enfrenta um paradoxo que é familiar aos americanos: o homem que lidera o assalto a seu processo eleitoral é a própria pessoa mais recentemente agraciada com seu cargo mais alto".
O inglês The Guardian noticia as manifestações ocorridas no sábado, quando milhares de manifestantes saíram às ruas de várias cidades brasileiras para exigir o impeachment de Jair Bolsonaro. A popularidade do presidente de extrema direita cuja caiu nas últimas semanas em meio a escândalos de corrupção durante a pandemia. "Esta semana, foi divulgada a notícia de que o Ministério da Defesa do Brasil disse à liderança do Congresso que as eleições do próximo ano não aconteceriam sem emendar o sistema de votação eletrônico do país para incluir um registro em papel de cada votação", destaca. Bolsonaro sugeriu várias vezes, sem evidências, que o sistema atual está sujeito a fraudes, alegações que o governo brasileiro negou. Ele enfrenta a reeleição no ano que vem, em uma disputa em que deve enfrentar seu adversário político, o ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva. As pesquisas mostram que Bolsonaro perderia para Lula.
O francês Le Monde também destacou que dezenas de milhares de brasileiros saíram às ruas no sábado, exigindo o impeachment de Bolsonaro por sua gestão da crise de saúde, enquanto o saldo da epidemia ultrapassa meio milhão de mortos. "Os manifestantes marcharam pelo quarto fim de semana consecutivo a convocação de partidos e sindicatos de esquerda, principalmente, contra o presidente de direita, que está sendo investigado por supostamente fechar os olhos ao desvio de recursos públicos na compra de vacinas", informa.
Na seção A Grande Leitura, o britânico Financial Times publica nesta segunda-feira artigo questionando se um novo boom de commodities pode reviver o Brasil?"O país se tornou um dos maiores produtores de alimentos, mas a manufatura tradicional está em forte declínio", destaca.
De volta ao Guardian, reportagem aponta que planos de quatro nações do G20 são uma ameaça à promessa climática global — de acordo com cientistas. "Políticas energéticas 'desastrosas' da China, Rússia, Brasil e Austrália podem provocar aumento de 5°C nas temperaturas se adotadas pelo resto do mundo", informa. "Sem mais ambição da China, Brasil, Rússia e Austrália, a Cop26 não conseguirá entregar o futuro de que nosso planeta precisa", alertou Tanya Steele, presidente-executiva do WWF.
O francês Libération traz entrevista com a cantora Marisa Monte. "A música tem a capacidade de curar a dor", diz. Ela lança o disco "Portas", álbum com múltiplas influências. A obra nasceu na dor da crise de saúde... "Ela está confiante no futuro da humanidade".
"Estou afirmando princípios promissores em um momento muito sombrio da história de meu país. Nosso governo é particularmente reacionário — uma contração dramática da democracia — e o presidente, por meio de sua irresponsabilidade, ajudou a espalhar o vírus, que causou mais de 500.000 mortes", diz. "Vai além do quadro político para se situar na esfera da moralidade. Não cuidou das pessoas, nem na saúde pública nem na questão da educação. Os brasileiros não se enganam e esse homem de outra época já faz parte do passado. Diante disso, acredito que devemos afirmar nossos valores de unidade e amor e olhar para o futuro".
O alemão Frankfurter Allgemeine Zeitung noticia o encontro de Bolsonaro com a deputada extremista Beatrix von Storch, do partido Alternativa para a Alemanha, de extrema-direita. "A AfD está procurando aliados no exterior. No Brasil, a deputada Beatrix von Storch encontrou-se com o presidente populista de direita Jair Bolsonaro. Nem todo mundo gosta de visitar alemães", noticia o jornal. "Há poucos dias, o filho do presidente do Brasil, Eduardo Bolsonaro, publicou uma foto no Twitter mostrando-o com Beatrix von Storch e seu marido Sven", informa. "Nesta segunda-feira, tornou-se público que a vice-presidente da AfD também se encontrou com o pai de Eduardo, Jair Bolsonaro, o populista de direita presidente do Brasil, em sua viagem ao exterior. Ele recebeu o político alemão no palácio presidencial, conforme mostra outra foto que o integrante do Bundestag distribuiu".
INTERNACIONAL
New York Times destaca em manchete que a variante Delta é o sintoma de uma ameaça maior: a recusa à vacina. "Existem quase tantos motivos para a hesitação e recusa da vacina quanto os americanos não vacinados. Mas esse problema, não a variante, está na raiz do aumento das taxas de infecção", aponta o jornal.
Washington Post informa — manchete de capa — que os legisladores do Partido Republicano estão se movendo para limitar os poderes da saúde pública, em meio ao aumento do coronavírus. "Em todo o país, os legisladores do Partido Republicano estão se unindo em torno da causa da liberdade individual para combater os métodos de mitigação de doenças baseados na comunidade, movimentos que os especialistas dizem deixar o país mal equipado para combater o coronavírus ressurgente e um futuro surto desconhecido", denuncia o jornal.
O inglês The Guardian mantém no foco as denúncias de espionagem por empresa israelense. Na edição de hoje, o jornal destacou que Emmanuel Macron 'pressiona por inquérito israelense' sobre o spyware da NSO. "O presidente francês supostamente falou com Naftali Bennett para garantir 'investigação adequada' após o projeto Pegasus", detalha. Ele teria cobrado do primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, garantias de que o governo israelense está "investigando adequadamente" as alegações de que foi alvo do spyware de fabricação israelense pelos serviços de segurança do Marrocos. Ainda sobre o Pegasus, o francês Le Monde destaca que o caso mostra as fraquezas da Europa em termos de ataques cibernéticos. "A União Europeia e a França devem aceitar a noção de equilíbrio de poder e ousar medidas retaliatórias, defendem Bernard Barbier, ex-diretor técnico da DGSE, Jean-Louis Gergorin, ex-chefe do Centro de Análise e Previsão do Quai D'Orsay, e o Almirante Edouard Guillaud, ex-Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas", pontua.
A imprensa internacional ainda destaca que aviões de guerra israelenses bombardearam um alvo no sul da Faixa de Gaza em resposta ao lançamento de balões incendiários do território palestino. Este é um novo pico de tensão no Oriente Médio, dois meses após o conflito de guerra sangrento. Segundo o Haaretz, os caças israelenses atingiram alvos do Hamas durante a noite até segunda-feira.
"Se Salgueiro Maia foi o rosto consensual da revolução, Otelo foi o da controvérsia permanente. O comandante do 25 de Abril, candidato presidencial em 1976 com quase 800 mil votos, acabaria por passar mais tarde cinco anos na prisão. Salvou-o uma anistia aprovada à esquerda", aponta o DN. "Políticos, militares e historiadores lembram Otelo Saraiva de Carvalho como o herói da Revolução, mas reconhecem que o capitão de Abril se tornou numa figura controversa. Marcelo Rebelo de Sousa sublinha a 'importância capital que teve no 25 de Abril'", destaca o Público.
Xadrez de como Braga Netto tentou operação Davati quando interventor no Rio
O remanejamento do general Ramos da Casa Civil não foi medida isolada de Bolsonaro. Sua entrevista ao Estado, dizendo-se atropelado por um trem, visou esconder o óbvio: a entrega de anéis ao Centrão foi uma decisão conjunto dos militares no governo, visando salvar o mandato de Bolsonaro.
Luís Nassif | GGN
Peça 1 – a prova que faltava
A informação de que, quando interventor do Rio de Janeiro o general Braga Netto tentou adquirir coletes de segurança de uma empresa de Miami – sem licitação – pode se constituir na mais relevante informação sobre o grupo militar que se apossou do poder através de Jair Bolsonaro.
Reforça a tese de que a eleição de Bolsonaro foi uma operação articulada dentro das Forças Armadas por militares diretamente envolvidos com os negócios da ultra-direita mundial antes mesmo de Bolsonaro surgir como presidenciável.
Vamos por partes.
Primeiro, algumas reportagens pioneiras do GGN sobre os grupos de ultradireita mundiais e Bolsonaro
Aqui, sobre a indústria de armas global e os esquemas globais de neopentecostais.
Peça 2 – os negócios de Braga Netto com a intervenção
No dia 31.12.2019, a Agência Pública divulgou uma reportagem sobre os negócios de Braga Netto no comando da intervenção militar no Rio de Janeiro.
Segundo ela, Braga Netto fechou R$ 140 milhões em contratos sem licitação. Uma das compras foram 14 mil pistolas Glock para a Polícia Militar do Rio de Janeiro. O principal divulgador da Glock passou a ser Eduardo Bolsonaro. A compra antecedeu sua campanha, mostrando que as teias estavam sendo tecidas por Braga Netto mesmo antes da ascensão de Bolsonaro. Na 5a feira, Brasil de Fato publicou reportagem mostrando acordo fechado por Braga Netto com a CTU Secutiry, para compra de coletes de segurança, no período em que comandou a intervenção no Rio de Janeiro.
Primeiro, Braga Neto armou a compra de coletes com dispensa de licitação no valor de R$ 40 milhões.
Aparentemente, a jogada foi suspensa após análise da Secretaria de Controle Interno da Presidência da República.
Mas os personagens envolvidos guardam preocupante semelhança com aqueles envolvidos na tentativa de venda das vacinas Covaxin.
Vamos comparar os principais personagens e modus operandi de ambas as operações.
Peça 3 – os personagens da licitação dos coletes
Primeiro, mais dados sobre a tal CTU, que pretendia vender coletes a Braga Netto.
Não é uma fabricante. É uma empresa de segurança em dificuldades financeiras, que até no nome mostrava seus propósitos políticos. A sigla significa Academia Federal da Unidade de Combate ao Terrorismo.
A empresa em questão é presidida por Antonio Emmanuel Intríago Valera, o Tony Intriago, um venezuelano conhecido como Tony Intríago e, agora, investigada pela participação no assassinato do presidente do Haiti.
A CTU é especializada em contratar mercenários para operações políticas Segundo a Agência Pública, ela "foi citada nas revelações do WikiLeaks em 2015 sobre a Hacking Team, uma empresa italiana conhecida por desenvolver ferramentas de vigilância e espionagem cujos programas foram acusados de roubar senhas de jornalistas e espionar ativistas de direitos humanos em países como os Emirados Árabes Unidos e Marrocos. O vazamento do WikiLeaks mostrou que a CTU buscou a Hacking Team para tentar vender projetos conjuntos de vigilância para o governo do México, revelando interesse, inclusive, na implantação remota de softwares espiões em computadores".
A imprensa americana menciona que Intriago esteve envolvido com a tentativa de invasão da Venezuela em 2020.
Peça 4 – as coincidências com o esquema Davati
Vamos às principais semelhanças entre as duas tramas:
Compra de emergência
Tanto nos contratos da intervenção do Rio de Janeiro quanto nos da Saúde, tentou-se fugir das licitações alegando emergência. Nos dois casos, Braga Netto foi personagem central, como comandante da intervenção militar no Rio, e como Ministro-Chefe da Casa Civil e coordenador do grupo de combate ao coronavirus. Nos dois casos, os órgãos de controle – ainda não desmontados por Bolsonaro – impediram a consumação das compras.
Donos de empresa de segurança e academia de tiro
Segundo o Miami Herald, além de vender equipamentos, a CTU é uma academia de tiro e uma agenciadora de mercenários para ações políticas. Teria participado de uma tentativa fracassada de golpe na Venezuela em 2020. Seu proprietário, Tony Intriago, é venezuelano.
Segundo a Newsweek, a CTU era uma empresa de segurança em dificuldades, "que supostamente tinha um histórico de evitar dívidas e declarar falência". Ou seja, o padrão Precisa (a empresa que intermediava vacinas) já estava presente nas compras de Braga Netto.
No caso da Covaxin, um dos personagens principais é Carlos Alberto Tabanez, proprietário de um clube de tiro e de uma empresa de terceirização, a G.S.I., que nos últimos anos conquistou R$ 20 milhões em contratos com o setor público, especialmente com o Hospital das Forças Armadas.
Desde 2019 apontamos que os Clubes de Tiro são o principal braço armado do bolsonarismo, a partir das ligações de Eduardo Bolsonaro com o clube de tiro de Florianópolis.
Eles são peças centrais da ideologia das armas.
O fator Haiti
Outro ponto em comum é o fator Haiti, comprovando que o núcleo original é o da força de paz do Haiti.
Em Brasília, Tabanez deu aulas de explosivos à tropa, quando se preparavam para ir ao Haiti. Já Tony Intriago tem relação umbilical com Haiti, a ponto de participar do assassinato do presidente.
Pastores de empresas benemerentes
No caso da Covaxin, um dos principais personagens é o reverendo Amilton Gomes, atuando através de uma falsa ONG, uma empresa de nome Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), que faz marketing da benemerência mas está aberta para negócios. É apresentada como ligada a uma tal Embaixada Mundial Humanitária pela Paz, além de se dizer parceira da ONU nas metas do milênio. Também se apresenta como especialista terapêutico, em psicologia e psicanálise.
No caso do atentado que matou o presidente do Haiti, o principal personagem é o reverendo Christian Shanon. do Tabernáculo Evangélico Tabarre, um haitiano de 62 anos que mora na Flórida há mais de duas décadas e que tem também uma empresa (disfarçada de ONG) de nome Operação Roma-Haiti. Ele se apresenta como médico, embora não tenha nenhum registro médico em Miami.
Segundo o Miami Herald, Shanon pediu falência em Tampa em 2013 e teve mais de uma dúzia de empresas registradas no estado, a maioria das quais agora estão inativas
Mas juntou recursos para alugar um jatinho e levar as duas dezenas de mercenários para o Haiti.
Em ambos os casos, os pastores mantêm relações com militares e praticam o discurso da anti-corrupção.
Ontem, o Miami Herald trouxe mais um implicado, que possui falsa ONG de benemerência. Trata-se de James Solanges. Segundo o jornal, James Solages, 35, foi um dos dois cidadãos americanos presos pelas autoridades haitianas imediatamente após o ataque ao presidente haitiano.
Natural de Jacmel, Haiti, Solages morava em Tamarac antes de ser detido. Em sites pessoais e páginas do Facebook que já foram retirados do ar, Solages se descreveu como um ex-guarda-costas da Embaixada do Canadá no Haiti e graduado na Fort Lauderdale High School.
Solages administrava uma instituição de caridade chamada FWA SA A JACMEL AVAN INC, que ele descreveu em sua página do LinkedIn, agora desativada, como uma instituição de caridade de capacitação econômica. Ele também é o CEO registrado da EJS Maintenance & Repair, LLC em North Lauderdale.
Peça 5 – um movimento maior do que o bolsonarismo
Não há coincidências, mas um modus operandi que liga esquemas da ultra-direita armada com pastores neopentecostais, em cima das mesmas bandeiras: interferência política para salvar a humanidade das esquerdas, ligações com Israel, montagem de ONGs para exercitar o marketing da benemerência.
No site da Senah, menciona-se que a tal Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários integra uma rede mundial que atua em 18 países.
O maior engano que poderia ocorrer, a esta altura do campeonato, é a extraordinária miopia de alguns analistas políticos, de supor que o Centrão está ocupando o espaço dos militares. Alguns artigos manifestam até solidariedade, como se os militares de Bolsonaro fossem cadetes ingênuos, sendo engolidos por raposas.
Para com isso! Trata-se de um governo militar, composto por militares ambiciosos, das mesmas turmas do então tenente Jair Bolsonaro, que vão defender a ferro e fogo o espaço político conquistado. Bolsonaro é um agente do grupo militar.
As ligações de Braga Netto com empresas especializadas em atentados políticos, o eixo Haiti, a enorme quantidade de militares envolvidos em irregularidades, os abusos de contratos sem licitação beneficiando os neo-empresários, militares da reserva que estão conseguindo contratos polpudos com o setor público, tudo isso leva a crer que o Twitter do general Villas Boas não foi o início da tentativa militar de empalmar o poder, mas o tiro de largada.
O remanejamento do general Ramos da Casa Civil não foi medida isolada de Bolsonaro. Sua entrevista ao Estado, dizendo-se atropelado por um trem, visou esconder o óbvio: a entrega de anéis ao Centrão foi uma decisão conjunto dos militares no governo, visando salvar o mandato de Bolsonaro.
As concessões ao Centrão foram planejadas pelos próprios militares sabedores de que as revelações da CPI do Covid, especialmente a comunicação entre o então Ministro-chefe da Casa Civil, general Braga Netto, e a Saúde, desnudarão de vez a grande armação das vacinas.
Do mesmo modo, a indicação dos novos comandantes das Forças Armadas não foi um gesto de autonomia em relação a Bolsonaro. Foi uma escolha pessoal do Ministro da Defesa, Braga Netto. E uma escolha a dedo, a julgar pelas manifestações dos comandantes da FAB e da Marinha em endosso ao factoide criado para justificar a Nota Oficial contra o presidente da CPI Omar Aziz.
Nas próximas semanas, haverá a explicitação da parte mais complexa da infiltração militar: os grandes negócios realizados no âmbito do orçamento militar que estão sendo levantados pelo Tribunal de Contas da União.
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