segunda-feira, 26 de julho de 2021

TIB The Intercept Brasil

 

Olá,

Em agosto, o Intercept completa 5 anos e em julho eu completei 3 anos de casa. Tenho orgulho dessa trajetória porque de certa forma cresci junto com o TIB.

No Intercept, encontrei os recursos que todo jornalista investigativo procura: tempo para apurar, autonomia para cavar pautas e apoio jurídico. Sem esses elementos eu não conseguiria ter contado as histórias que contei, ou melhor, as histórias que precisavam ser contadas. 

Recordei um pouco dessa trajetória há algumas semanas, em um fio no Twitter que decidi transformar em texto para dividir com você. Aqui vai uma lista das 5 reportagens que me deram mais trabalho e que ajudaram a fazer da Nayara, filha do Crato (no Ceará), uma premiada jornalista brasileira em um veículo que hoje é decisivo para o debate público no Brasil. 
 

  1. Vou abrir essa lista com a reportagem: "A cidade em que o agrotóxico glifosato contamina o leite materno e mata até quem ainda nem nasceu", de setembro de 2018. Para ela, fui até Floriano, no Piauí, ouvir histórias muito tocantes de uma epidemia desse agrotóxico, usado em plantações de soja muito comuns na região. É pra lá que são encaminhadas as mães da vizinha Uruçuí que passam por intoxicação. Um quarto das mães da cidade perdem seus bebês por má-formação e, mesmo quando vingam, 14% deles nascem abaixo do peso. Essa apuração me marcou porque ela já estava pronta, quando mostrei pro Leandro Demori, nosso editor executivo, e ele disse que "faltava algo". Foi quando resolvi ir a Floriano ouvir as mulheres e o texto ficou muito mais humano. A matéria levou o prêmio Synapsis FBH de Jornalismo.
  2. No ano seguinte, 2019, duas reportagens me fizeram arregaçar as mangas: em julho, publiquei "Tribunal de Justiça do Amazonas estica concurso para garantir vagas a filhos de desembargadores". Essa investigação é uma daquelas que vai se transformando quanto mais você fuça os dados e a história. Todas as informações estavam na internet, mas o trabalho pesado foi organizar tudo. Uma fonte se tornou essencial para ajudar a entender quem era parente de quem na história. Vivi fortes emoções para essa reportagem: duas viagens para Manaus e, às vésperas da publicação, uma rádio local afiliada de uma empresa grande que iria noticiar junto conosco os dados da matéria deu para trás. O produtor nos garantiu que foram ordens de cima. 
  3. No mesmo ano, em setembro, saiu a matéria "Compre um juiz por R$ 750: CNJ já condenou 11 magistrados por venda de decisões". Essa reportagem foi fruto de uma inquietação que eu tinha antes de trabalhar no TIB. Acontece que nunca tive tempo de pesquisar a fundo nos outros veículos que trabalhei. No fim das contas, passei nove meses apurando informações para esse texto. Coisas que só dá pra fazer aqui. 
  4. Em 2020, eu e a repórter Schirlei Alves investigamos quase 20 denúncias sobre um produtor de cinema carioca badalado no circuito internacional, Gustavo Beck. O mais complicado, inclusive emocionalmente, foi falar com as 18 vítimas, espalhadas por seis países. Mas quando a matéria foi ao ar, teve um impacto tão grande que Gustavo foi afastado de dois festivais internacionais em que era curador, investigado em outro e ao menos mais 10 vítimas fizeram denúncias. A repercussão também gerou o movimento #MeTooBrasil.  
  5. Para fechar a seleção, em março deste ano, a reportagem "Casais ricos do Amapá driblam a Lei da Adoção e tiram crianças de famílias pobres com o apoio do Judiciário" me mostrou que dinheiro e poder podem destruir famílias. A apuração começou um ano antes com uma viagem para o Amapá. Foi um processo lento fazer fontes em Macapá e cavar detalhes das histórias. Começou a pandemia e precisei continuar a apuração à distância. Tive que estudar as leis de adoção e ler mais de 2 mil páginas de processos sigilosos. O impacto dessa denúncia é um dos que mais me orgulham: pouco depois da publicação, a Corregedoria do TJ-AP determinou a investigação de todos os processos de adoção no estado desde 1991. Essa história ainda não acabou!


A complexidade das investigações e o impacto das minhas reportagens foi crescendo. E, não vou negar, ter a visibilidade e o poder de mudar a vida de tantas pessoas é uma vitória que fui construindo ao longo de mais 10 anos de carreira e que pude consolidar no TIB. É justamente por isso que nosso trabalho não pode parar. 

Hoje, os recursos que preciso para passar quase um ano apurando histórias como essas estão ameaçados. Porque o Intercept depende diretamente das doações dos seus leitores e, infelizmente, por conta de tudo que estamos vivendo, está difícil para nossos apoiadores manter a regularidade do seu apoio. 

A verdade é que você se surpreenderia se soubesse como as doações de pessoas como você podem ajudar nas investigações, pagando passagens, equipamentos, softwares e, claro, advogados. Porque, eu te garanto, cada real que chega aqui é investido em jornalismo e só em jornalismo. 

O nosso trabalho muda vidas e ele precisa de apoio para não parar. O Intercept está completando cinco anos e quer chegar lá com cinco mil novos apoiadores. É difícil, estamos longe dessa meta, mas não é impossível. Nas últimas semanas, cerca de duas mil pessoas se juntaram ao TIB. Sei que dezenas de milhares lerão esse e-mail. Se apenas uma parte delas nos ajudarem, chegaremos ao nosso objetivo. 

Se puder, por favor, venha fazer parte do Intercept e me ajude a contar mais histórias que precisam ser contadas. 

FAÇA PARTE DO TIB →  

Um abraço,

Nayara Felizardo
Repórter
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