sábado, 19 de fevereiro de 2022

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares

 

 

 

 


Vai trabalhar, vagabundo!

Enquanto a maior parte dos brasileiros que têm emprego cumprem uma jornada de trabalho de 8h por dia, incluindo os sábados, o que dá cerca de 44 horas por semana, o demente que governa o Brasil prova que não gosta muito de trabalhar. Ele cumpre, em média, apenas 3h10 de trabalho por dia. O levantamento foi feito pela coluna do Ancelmo Góis, em O Globo, com base na agenda oficial do presidente no mês de janeiro.

Nos 21 dias úteis de janeiro, ele trabalhou 8h em apenas duas datas: 20 e 31. Vale lembrar que ele declarou no ano passado que a vida de presidente é um inferno porque “é um tempo que você vai passar trabalhando, obviamente, para o próximo”. E nem isso ele faz.

O valor por hora de trabalho do ex-capitão é de R$ 625,56, enquanto o valor por hora de um trabalhador CLT que ganha um salário mínimo é de R$ 5,50.

Além disso, tem muita gente que queria trabalhar, mas não pode, já que o desemprego continua atingindo quase 14 milhões de brasileiros, a quarta maior do mundo. Eles trabalham zero hora remuneradas por semana não por preguiça, mas porque não têm opção.

Para o verdadeiro trabalhador, emprego é temporário. Cresceu o número de vagas temporárias neste início de ano. É o que aponta levantamento da Luandre, consultoria de RH: de acordo com o estudo, o fim do ano não é mais a única época para encontrar empregos temporários. O momento segue favorável: os principais destaques em fevereiro são os setores de indústria e varejo, que já iniciaram as produções para as vendas de Páscoa, mas há oportunidades em outros segmentos, como logística.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados em janeiro, demonstram que o Brasil encerrou 2021 com saldo positivo e histórico de 2.730.597 milhões de novas vagas de emprego.

A Associação Brasileira do Trabalho Temporário (Asserttem) fechou o balanço do ano passado e aponta que o crescimento de vagas temporárias foi acima do esperado, 20,6%, e confirma que a expectativa é de nova alta na criação dessas vagas, apesar desta ser uma perspectiva cautelosa em razão da variante Ômicron.

Já o trabalho intermitente vem ganhando força neste ano e a explicação está no fato de ser uma opção de contratação que pode favorecer as empresas, que têm demandas difíceis de prever, bem como os trabalhadores, que podem se beneficiar da flexibilidade e legalizar o chamado “bico”. Para a advogada e especialista em Direito do Trabalho Karolen Gualda Beber, empregador e empregado podem se beneficiar dessa modalidade.

“As empresas, além da economia – remuneram apenas o período trabalhado -, podem diversificar seus profissionais criando possibilidades e gerando novos talentos. Já o profissional contratado, pode firmar vários contratos, adquirindo experiências e ampliando suas habilidades e competências”, disse Karolen.

Mas os bancos seguem lucrando. Os três maiores bancos privados do Brasil registraram R$ 69,4 bilhões de lucro em 2021, em meio à pandemia. Trata-se de um aumento de 30% em relação ao ano anterior. Já o Banco do Brasil (BB) anunciou na terça-feira (14) que obteve lucro líquido ajustado de R$ 21,021 bilhões no ano passado, alta de 51% na comparação com 2020. Desse modo, somados aos R$ 67 bilhões de 2020, quatro dos maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, Santander e BB) acumulam em dois anos de pandemia R$ 157,4 bilhões – a Caixa ainda não divulgou seus resultados.

As receitas cresceram em função da elevação dos juros e das tarifas bancárias. Mas o lucro dos bancos também foi graças ao aumento da exploração dos trabalhadores do setor. O BB, por exemplo, fechou 7.076 postos de trabalho em 2021, seguindo a trajetória de redução de empregos verificada nos últimos anos. O Bradesco, do mesmo modo, extinguiu 2.301 vagas, no período, apesar dos R$ 26 bi de lucro.

No Itaú Unibanco, os funcionários reclamam da sobrecarga de trabalho, apesar da alta de 45% nos lucros, que totalizaram R$ 26,8 bi. No Santander, que engordou seus ganhos em R$ 16,3 bilhões, as despesas com pessoal caíram 1,7% no mesmo período, apesar de o banco ter anunciado aumento de vagas.

Getúlio Maciel, dirigente do Banco do Brasil pela Fetec-CUT/SP e integrante da Comissão Executiva dos Funcionários do BB (CEBB), afirma que os resultados positivos também foram obtidos às custas da saúde dos funcionários. Ele aponta que, até o mês passado, 4 mil colegas foram contaminados pela covid-19.

“Tristemente, a atual direção do BB apostou na imunidade de rebanho, comprometendo a saúde dos funcionários e de seus familiares, num claro alinhamento com a postura negacionista do insano”, afirmou ao site do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

E a chamada “classe média”? O fim ou a redução das políticas públicas implantadas pelos governos do PT, que protegiam as classes menos favorecidas e os trabalhadores de baixa renda, como o combate à fome e a valorização do salário mínimo, contribuíram para o aumento do número de famílias brasileiras que saíram das classes C e foram para a D ou E.

O retrocesso da ascensão social também foi provocado por reformas como a Trabalhista, de Michel Temer (MDB) e a da Previdência, de Jair Bolsonaro (PL), ambas tiraram direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e empurraram a aposentadoria para um futuro distante demais.

Durante os dois mandatos do ex-presidente Lula, 32 milhões de brasileiros saíram da pobreza e entraram na classe média. Em 2012, a classe média era composta por 104 milhões de pessoas, o que correspondia a 48,7% do total da população.

Em 2021, após dois governos neoliberais, milhões de brasileiros despencaram da classe C para a D (renda de até R$ 2,8 mil) ou para a miséria. Pela primeira vez na década a classe média forma menos da metade da população brasileira. São 100,1 milhões de brasileiros, que representam hoje 47% do país, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva.

A classe D/E subiu de 48,7%, em 2012, para 51,6% dos brasileiros, em 2021, totalizando 37,7 milhões de domicílios. A classe C (renda de até R$ 6,8 mil) se manteve no mesmo patamar entre 32,6% e e 32,8%. Já a classe B (renda de até R$ 21,3 mil) caiu de 15% para 13,3% de 2012 para este ano, de acordo com levantamento da consultoria Tendências. O fato de a classe C ter mantido sua média pode ser motivada pela queda da classe B.

São diversos os motivos para o país ter revertido a linha de ascensão social das famílias que, nos anos dois mil, começou a se consolidar, mas depois de um período de crise econômica aliado a perdas de direitos, de renda e desemprego alto voltaram da classe C para D e E, e da B para C, entre eles a redução ou extinção de políticas públicas, diz Francisco Menezes, ex-presidente do Conselho Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (Consea), durante o governo Lula.

Casa Branca se preocupa! O subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental dos EUA, Brian Nichols, disse estar preocupado por a “Rússia e outros países” tentarem criar um conflito na região, referindo-se à cooperação militar entre Moscou e Caracas.

“Minha preocupação é que a Rússia e outros países tentem introduzir um conflito em nosso hemisfério”, afirmou Nichols em uma entrevista publicada no jornal El Tiempo.

Ao ser questionado sobre os relatos das autoridades colombianas (citadas pelo jornal), segundo as quais a Venezuela moveu tropas para junto da fronteira com a ajuda da Rússia e Irã, o funcionário da Casa Branca assegurou que “a presença, seja com tecnologia estrangeira ou atores estrangeiros, na fronteira com a Colômbia, é muito preocupante”.

Além disso, referiu-se às declarações do vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Ryabkov, que não descartou uma possível implantação de infraestrutura militar na Venezuela e Cuba.

Na semana passada, a subsecretária de Estado para Assuntos Políticos da Casa Branca, Victoria Nuland, durante uma visita a Bogotá, declarou que o país enfrenta “ameaças de atores externos contra suas redes públicas e privadas”, especialmente, “no contexto das eleições que se aproximam”, e mencionou como exemplo a “interferência eleitoral russa em 2016”.

Argentina tinha planos para invadir a Venezuela. Uma nova investigação jornalística revelou que o exército argentino pensava em uma invasão da Venezuela, entre abril e julho de 2019, sob o governo do agora ex-presidente Mauricio Macri, que apoiou a estratégia militar dos Estados Unidos para derrubar o presidente Nicolás Maduro.

Por meio do exercício Puma, que contemplou a invasão da Venezuela, a força armada executou em sete sessões na guarnição de Campo de Mayo e por videoconferência com a brigada paraquedista de Córdoba, a Brigada Mecanizada X de La Pampa e os comandos da Força de Operações, também de Córdoba.

Na investigação do jornalista argentino Horacio Verbitsky, foi revelado que o general Juan Martín Paleo, então comandante da força de desdobramento rápido, estava no comando da operação. Desde março de 2020 é chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas.

Esses eventos ocorreram em um momento em que o governo de Donald Trump mantinha uma política de cerco contra a Venezuela, que incluía a imposição de medidas coercitivas unilaterais para desestabilizar o país sul-americano, entre outras medidas, como apoiar ações para assassinar o presidente Maduro.

Várias nações sul-americanas, incluindo a Argentina (durante o governo Macri), deram seu apoio à política hostil da Casa Branca contra a Venezuela.

No planejamento da Puma, a força de desdobramento rápido faz parte de uma força multinacional, criada por uma resolução figurativa das Nações Unidas (o que nunca aconteceu na realidade), revelou a investigação.

Além da força de desdobramento rápido, com sua Companhia de Comando e Seção de Inteligência, participaram tropas da IV Brigada Aerotransportada Paraquedista, X Brigada de Infantaria Mecanizada e comandos da Força de Operações Especiais.

A estratégia em relação à planejada invasão da Venezuela seria apoiada por um comando argentino que atuaria por razões humanitárias, segundo a declaração do próprio general Juan Martín Paleo.

Venezuela se defende! O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, assegurou que as Forças Armadas Nacionais Bolivarianas (FANB) permanecem hoje nas áreas de fronteira, dando duros golpes a grupos irregulares durante operações militares.

O alto comando destacou que nos últimos dias o desmantelamento dos terroristas armados do narcotráfico colombiano (Tancol) foi contundente.

Ele também se referiu à investigação do jornalista argentino Horacio Verbitsky, sobre o envolvimento do ex-presidente Mauricio Macri em uma tentativa de invasão da Venezuela.

“Aspectos tantas vezes denunciados na época começam a aparecer. É a peça da equação imperialista forjada a partir da abordagem multidimensional que faltava no esquema de agressão contra a Venezuela. Eles não podiam ontem! Eles nunca vão conseguir!”, disse o ministro.

Ele ressaltou que a obra, que circula nas redes, mostra parte do plano de Macri em 2019, por meio da operação Puma, que contemplava uma invasão da nação bolivariana por três corredores, um por mar e dois por terra.

Por sua vez, o primeiro vice-presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Diosdado Cabello, destacou no dia anterior que a Venezuela teve que resistir a todos os ataques na fronteira e conseguiu.

Colômbia vai parar no dia 03! O Comitê Nacional de Greve, juntamente com a Central Unitaria de Trabajadores, anunciou a convocação de um novo dia de greve geral agendado para o próximo dia 3 de março na Colômbia. Além disso, eles pediram mobilização pacífica a partir de 28 de abril em homenagem ao surto social de 2021.

As razões para estes protestos estão no aumento dos preços, porque a inflação no país atingirá 6,94 por cento, segundo informação do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE). E a entidade divulgou recentemente um relatório no qual foi especificado que alimentos como batata, mandioca ou banana aumentaram seu custo em mais de 110%.

Outra das demandas dos colombianos é o fim das “ameaças sistemáticas, chantagem, estigmatização e assassinato de lideranças sociais”.

“Diante desses fatos, a CUT e a Comissão Nacional de Greve concordaram em convocar a Nação para um grande protesto contra a fome e seu responsável, o presidente (Iván) Duque, no dia 3 de março. Mobilizações pacíficas em todas as capitais do país”, disse o presidente da CUT, Francisco Maltés Maltés, em suas redes sociais.

Da mesma forma, os convocadores da greve pediram uma mobilização pacífica a partir de 28 de abril para lembrar o primeiro aniversário do surto social de 2021, que deixou mais de 80 colombianos mortos e mais de 1.200 feridos e concessões governamentais.

O próximo dia 13 de março será a primeira atividade eleitoral prevista neste 2022, na qual serão eleitos os deputados do Senado e da Câmara. Dada a proximidade da data, figuras políticas se levantaram como detratores da proposta dos sindicatos, pois, para eles, fazer a greve dez dias antes das eleições é um erro, como expressou Gustavo Bolívar.

O general e o narcotráfico. A mídia colombiana divulgou no domingo áudios nos quais é revelado o reconhecimento feito pelo comandante da Sexta Divisão do Exército Nacional Colombiano, major-general Hernando Herrera Díaz, de uma aliança com grupos de narcotraficantes locais.

A revista Cambio e Noticias Uno revelou uma gravação, que seria de uma reunião de comandantes da Brigada 29 do ano de 2019, na qual se ouve o general Herrera Díaz explicando que o pacto com os narcotraficantes é para enfrentar os dissidentes das FARC.

O soldado admitiu sua ligação com a quadrilha Los Pocillos, que controla um corredor por onde passam 150 toneladas de cocaína por ano, 15% do consumo mundial, segundo o relatório.

No encontro com seus subordinados, Herrera Díaz também destacou que prefere ver os inimigos mortos do que capturados: “E você tem que neutralizar essa estrutura, mas neutralizar é matá-los”, disse.

O general, consultado pela mídia que fez a reportagem, negou que tivesse qualquer relação com a quadrilha Los Pocillos. O comandante do Exército colombiano, general Eduardo Enrique Zapateiro, por sua vez, emitiu um comunicado no qual afirmou que os militares “exercem suas capacidades dentro do marco regulatório estabelecido na Constituição Política, leis e tratados internacionais, sempre com estrito respeito direitos humanos e a aplicação do direito internacional humanitário”.

Os autores do artigo concluíram que as alianças entre forças públicas e narcotraficantes para enfrentar outros criminosos “não é algo novo na Colômbia, mas sempre foi ilegal e clandestino (...) no terreno. judicial".

Fome na Colômbia. O relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PAM) pode ser descrito como devastador ao apontar que a Colômbia está em situação de insegurança alimentar aguda e a situação pode se agravar ainda mais.

O documento emitido em 27 de janeiro indicava que “este país se posiciona como o único da América do Sul com esse status de ponto crítico de fome. O enfraquecimento da moeda, o aumento dos preços e a redução do poder de compra a colocam em risco de sofrer uma crise de fome em 2022.

As outras nações são: Afeganistão, Mianmar, Haiti, Honduras, República Centro-Africana, Nigéria, Burkina Faso, Chade, Mali, Mauritânia, Níger, Etiópia, Quênia, Somália, Sudão do Sul, Angola, Congo, Madagascar, Moçambique, Líbano, Sudão, Síria e Iêmen.

O PMA e a FAO acrescentam que esses pontos foram identificados através de uma análise prospectiva, sob os efeitos de fatores como violência e conflito armado, crises econômicas (incluindo os impactos secundários da pandemia de covid-19), eventos climáticos extremos e variabilidade climática, assim como pragas e doenças de animais e plantas.

A Colômbia, segundo essas organizações das Nações Unidas, aparece na lista como propensa à insegurança alimentar aguda devido à violência organizada ou conflito, os principais promotores da deterioração.

A mulher e a fome. Milhares de mulheres vivem diariamente cercadas pelo medo da violência do feminicídio e outras vivenciam a desigualdade, que também é violência. Globalmente, 70% das pessoas famintas do mundo são mulheres, mais um exemplo de como elas são violadas no mundo.

“Há quem diga que a fome tem cara de mulher, fala-se há muito tempo sobre a feminização da fome, como a feminização da pobreza existe como conceito,… essas situações levam as mulheres a não terem o mesmo acesso que os homens têm, os homens aos serviços e recursos”, disse María Teresa García Plata, diretora da Rede de Bancos de Alimentos do México em entrevista à SEMlac.

Sobre o impacto do gênero na insegurança alimentar, a ONU informa que as mulheres representam até 10% mais que os homens, somente em 2020, em plena pandemia.

Ela explicou que isso é paradoxal, já que 70% dos alimentos produzidos em países de baixa renda, como o México, são produzidos por mulheres e mesmo assim são elas que mais sofrem com a fome; São regularmente os que menos comem e sentam-se por último a comer, por vezes o que sobra, e isto acontece com mais frequência nos agregados familiares em situação de pobreza.

Em um país onde a pobreza aumentou, graças aos estragos da pandemia, onde milhares de pessoas estão desempregadas, o trabalho do banco de alimentos, como o chamado Food for All, o maior da cidade, é de grande importância do México e da área metropolitana. Um banco com alimentos que ajuda todas as comunidades e combate a fome no México. Iniciativa com mais de 150 “aliados”, principalmente empresas.

É crítica a situação na Ucrânia (1). No final de janeiro passado escrevemos uma série de artigos sobre a crise na Ucrânia e disponibilizamos para todas\todos que nos acompanham no Informativo. Em síntese, o artigo mostrava algumas realidades da situação que estão sendo escondidas pela grande mídia.

1) Em primeiro lugar, precisamos saber que a Ucrânia fez parte do Império Russo desde a época dos czares. No século XII a região era muito desenvolvida e um dos Estados mais poderosos da Europa. Mas passa por uma fragmentação ainda no século XIII e muito dividida. Já nos séculos XVII e XVIII surge uma república cossaca, no leste do país, mas toda a região ficou muito dividida. Em meu curso sobre a História da URSS eu mostro que esses cossacos, quando é criada a União Soviética, optam por aderir à revolução e passam a fazer parte do Conselho de Sovietes.

Em 1991 acontece a dissolução da URSS e o país volta a ficar dividido. Todo o leste da Ucrânia é favorável a manter relações com a Rússia, mas o restante do país, em particular a parte mais a oeste, prefere uma aproximação com o Ocidente. E precisamos lembrar que, devido aos excelentes campos, com terras muito ricas, o leste da Ucrânia tinha um importantíssimo papel na economia do país.

Entre 2009 e 2013 a Ucrânia é sacudida por várias revoltas populares e os protestos ficam conhecidos como “Euromaidam”. Em meio ao caos político, outra região ucraniana onde a maioria da população é de origem russa, a Crimeia, pediu para se separar da Ucrânia e voltar a se unir à Rússia. O atual governo ucraniano já desistiu de lutar por reanexar a região que está agora unida à Rússia por uma impressionante ponte conhecida como “Ponte de Kerch”.

Em 2014 surge outro movimento que ficou conhecido com a “Guerra do Donbass”.  Em março daquele ano, manifestações de grupos pró-russos e antigoverno ocorreram nos oblasts de Donetsk e Lugansk, que integram a região da Bacia do Rio Donets, o mais importante rio da Ucrânia e que nasce na Rússia. As forças separatistas crescem em poder e se autoproclamam Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk! Em maio havia sido realizado um referendo com ampla vantagem para os separatistas. Mas o governo ucraniano correu para anunciar que “a vitória do referendo não representa a saída imediata da Ucrânia nem a união com outros Estados”. Ou seja, o próprio texto mostra que reconheceram a vitória dos separatistas, mas não acatariam a decisão.

2) Na verdade, a grande questão em litígio é que, com a construção de um novo gasoduto. O projeto iniciado em 2015 teria, inicialmente, o valor de 11 bilhões de dólares e está pronto para levar à Alemanha todo o gás de que necessita. Com um “detalhe” que está diretamente ligado ao nosso tema. Havia outro gasoduto, o Nord Stream 1, mas, com a construção da segunda linha, passando pelo fundo do Mar Báltico, a Gazprom, empresa russa responsável pelo gasoduto, deixa de pagar à Ucrânia as tarifas de transporte de gás, o que equivale a 4% do PIB daquele país. Vão perder muito dinheiro no momento que o novo gasoduto entrar em operação. Entenderam agora? 

Vale lembrar que, até o final do século passado e primeiros anos do atual, a Alemanha (principal beneficiada com o Nord Stream 2) tinha uma matriz energética majoritariamente baseada na produção nuclear. E várias manifestações populares levaram o Parlamento a debater a questão em busca de outra fonte de energia. A Alemanha expandiu o uso de energia solar e da eólica, mas sua produção ainda depende em muito do gás, além do consumo doméstico.

3) Uma das grandes estratégias de Washington, desde os governos dos Bush (pai e filho) é isolar a Rússia e criar em seu entorno um cinturão de países “aliados” que participem da OTAN (organização criminosa que fomenta guerras que interessam aos EUA). E, para isso, tem um baú de dólares pronto para ser aberto para qualquer aventureiro que sirva aos seus interesses. Uma consulta a jornais dos EUA vai mostrar que, só na Ucrânia, a Casa Branca já empenhou 5 bilhões de dólares para impor a “democracia”!

Como dissemos acima, a OTAN foi criada em 1949 com apenas 12 países membros, incluindo os EUA. Mas, em 1952, conseguiram atrair a Grécia e a Turquia. Em 1955 foi a vez da República Federal da Alemanha (antiga Alemanha Ocidental). Depois disso, em 1982, em um golpe contra o Congresso, Felipe Gonzáles levou a Espanha para o colo dos EUA. Em 2004 foram incorporadas a Bulgária, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia. Em 2009 o processo continua com a entrada da Croácia e da Albânia; em 2017 Montenegro faz isso, em março de 2020, já em plena pandemia, Macedônia do Norte. Hoje a OTAN tem 30 países membros e apenas dois ainda estão de fora: Bielorrússia e Ucrânia.

Um fato é indiscutível: o século XX já terminou e a Casa Branca não conseguiu concluir seu projeto de “New American Century” (Um Novo Século Americano), tão badalado por Washington e que consumiu alguns milhões de dólares para sua elaboração.

É crítica a situação na Ucrânia (2). Recentemente vimos toda a mídia mundial divulgando uma propaganda criada pelos “pensadores” da Casa Branca e levando o mundo a acreditar que a Rússia tinha intenções de invadir a Ucrânia para anexar o território.

Não só a propaganda criada é mentirosa, mas, também, irresponsável e criminosa. O fato real é que o governo estadunidense está mais do que determinado a levar a Ucrânia a fazer parte da OTAN e fechar o cerco contra a Rússia. E tem gastado milhões de dólares para isso.

Agora estamos vendo qual era verdadeiro “bandido” nessa história, mas as notícias que nos chegam de fontes internacionais são duras e muito preocupantes. Vamos ver com calma.

É crítica a situação na Ucrânia (3). O fato que nos preocupa, agora, é que informações de diversas fontes nos mostram que, desde a quinta-feira (17), o exército da Ucrânia inicia uma ofensiva contra as duas regiões separatistas (veja o início do artigo) de Donetsk e Lugansk.

E as tensões na região estão aumentando. Milhares de pessoas tiveram que deixar suas casas e estão sendo evacuadas para a Rússia devido aos constantes bombardeios das forças ucranianas. Mas ainda não temos informações sobre eventuais vítimas.

As forças ucranianas bombardearam Donetsk com artilharia e morteiros, disparando 38 granadas de morteiro de 120 milímetros e 27 outros projéteis de calibre 122 milímetros, segundo representantes de Donetsk. E o exército ucraniano tem usado frequentemente morteiros de 120 milímetros, proibidos pelo acordo de Minsk, contra as Repúblicas de Donetsk e Lugansk.

É crítica a situação na Ucrânia (4). Cerca de 25.000 civis de Lugansk entraram na Rússia fugindo de bombardeios do governo ucraniano, segundo o Ministério de Situações de Emergência russo.

Os líderes das repúblicas populares de Donetsk e Lugansk anunciaram anteriormente a evacuação de crianças, mulheres e idosos para a Rússia diante de uma iminente ofensiva do Exército ucraniano.

Em Donetsk há um aviso de que o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelensky, em breve ordenaria que seus generais invadissem Donetsk e Lugansk.

Os representantes oficiais das repúblicas populares denunciam que o Exército ucraniano está bombardeando Donbass com armas pesadas, violando deliberadamente os acordos de 2020.

O uso de artilharia pesada, acrescentaram, aponta para os preparativos para uma solução militar para o conflito interno que dura desde 2014.

A situação é agravada em Donbass pelo uso de armas que os Estados Unidos e outros países da OTAN (Organização do Tratado Atlântico Norte) enviaram ao governo Zelensky.

Denis Pushilin líder da República Popular de Donetsk (RPD) disse que havia assinado um decreto sobre a mobilização geral na república.

“Apelo aos compatriotas que estão na reserva que compareçam aos comissariados militares. Hoje (19) assinei um decreto sobre a mobilização geral”, disse o líder de Donetsk em uma mensagem de vídeo.

Leonid Pasechnik, líder da autoproclamada República Popular de Lugansk assinou também o decreto de mobilização geral na república.

Pushilin disse que as Forças Armadas de Donetsk têm “experiência em realizar combates” pois “estão em situação de alerta de combate permanente” e portanto seriam “capazes de proteger totalmente a população civil e infraestruturas”.

Um anúncio idêntico foi feito pelo líder da também separatista cidade de Lugansk, Leonid Pasechnik, encarregando entidades responsáveis de assegurar o processo de evacuação. Pasechnik ainda pediu que “homens capazes de segurar armas” protejam a cidade.

É crítica a situação na Ucrânia (5). Uma bomba teria explodido na sexta-feira (18), no distrito de Tarasovsky da região russa de Rostov, a um quilômetro da fronteira russo-ucraniana, de acordo com uma fonte das forças de segurança. “A explosão ocorreu às 4h00 (22h00 em Brasília) a 300 metros de uma das casas na povoação de Mityakinskaya", informou a fonte.

De acordo com a fonte, agentes das forças da segurança estão trabalhando no local. Não foram registradas vítimas ou quaisquer danos.

O governador da região russa de Rostov, Vasily Golubev, declarou neste sábado (19) estado de emergência devido ao grande afluxo de refugiados provenientes das repúblicas autoproclamadas de Donetsk e Lugansk.

É crítica a situação na Ucrânia (6). No domingo (13) Vladimir Zelensky e Joe Biden, presidentes da Ucrânia e dos EUA, respetivamente, falaram por telefone, com o primeiro pedindo, inclusive, ajuda na questão da energia.

Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, convidou Joe Biden a visitar “o mais rápido possível” o seu país, relatou no domingo (13) a emissora CNN, após uma conversa telefônica entre os dois líderes. A emissora indicou que o presidente da Ucrânia pediu “mais ajuda financeira e militar avançada”, e também na questão energética. Zelensky disse que uma visita de Biden ajudaria a reduzir as tensões em torno de seu país.

Apenas provocação? O Governo russo convocou no sábado (12) o adido militar dos EUA em Moscou após a identificação e expulsão de um submarino estadunidense em águas territoriais russas no Extremo Oriente, incidente que ocorre num momento de extrema tensão devido à militarização da Ucrânia e o alargamento a leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

O Ministério da Defesa da Rússia entregou uma nota ao Gabinete do Adido Militar para a Defesa da Embaixada dos EUA em relação ao incidente, que a Rússia classificou como uma violação grave do direito internacional e uma ameaça à sua segurança nacional.

A violação foi detectada às 10h40, horário de Moscou, quando a fragata da Frota do Pacífico Marechal Shaposhnikov avistou o submersível da classe Virgínia dos EUA perto da Ilha Urup, no arquipélago das Ilhas Curilas.

Da unidade de superfície russa e através do russo e do inglês eles deram a ordem para o submarino emergir imediatamente. Segundo a mídia, seu comandante ignorou a demanda e acabou “deixando as águas territoriais da Federação Russa em velocidade máxima”.

Mais uma “armação”! Em 2017 o Nepal assinou um pacto de desenvolvimento com os EUA com o objetivo de investimentos em infraestruturas do país. No entanto, movimentos populares nepaleses apontam que isso faz parte da estratégia antichinesa dos EUA.

O Partido Comunista do Nepal (Centro Maoísta) advertiu que deixará o governo se o Nepal Compacto da Corporação de Desafio do Milênio (MCC, na sigla em inglês), um subsídio assinado em 2017 com os EUA, for aprovado.

O projeto visa manter a “qualidade das estradas, aumentar a disponibilidade e fiabilidade da eletricidade e facilitar o comércio de eletricidade transfronteiriço entre o Nepal e a Índia”.

Na quarta-feira (16), a agência britânica Reuters relatou, citando funcionários governamentais nepaleses, que manifestantes contra o projeto enfrentaram a polícia, que usou gás lacrimogêneo e canhões d'água para os impedir de chegarem ao parlamento. Segundo a agência norte-americana Associated Press, os agentes de segurança também aplicaram bastões de bambu. Os manifestantes usaram pedras em resposta ao bloqueio policial.

123 ativistas foram relatados como detidos e nove policiais ficaram feridos durante os confrontos. As estradas que levam aos prédios parlamentares foram bloqueadas por horas, enquanto uma greve geral convocada pelos manifestantes fechou as escolas e perturbou o transporte no país

Nenhum comentário:

Postar um comentário