quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Postado pelo Prof. Ernesto Germano Parés

 

PARA NÃO ESQUECER – 17 DE AGOSTO DE 1987
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MORRE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
(Ernesto Germano Parés)
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Carlos Drummond de Andrade nasceu dia 31 de outubro de 1902 em Itabira do Mato Dentro, no interior de Minas Gerais. Era filho de uma família de fazendeiros tradicionais da região, Carlos de Paula Andrade e Julieta Augusta Drummond de Andrade. Foi o nono filho do casal!
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Em 1916, ingressou em um colégio interno em Belo Horizonte. Doente, regressou para Itabira, onde passou a ter aulas particulares. Em 1918, foi estudar em Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, também em colégio interno jesuíta, Colégio Anchieta. Lá ele foi laureado em “Certames Literários”.
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Mas logo começa a mostrar sua forte personalidade e, em 1919, foi expulso do colégio jesuíta por “insubordinação mental” ao discutir com o professor de Português. Isso o leva a retornar para Belo Horizonte onde, a partir de 1921, começa a publicar seus primeiros trabalhos no Diário de Minas. E logo depois, em 1922, ganhou um prêmio de 50 mil réis, no “Concurso da Novela Mineira”, com o conto Joaquim do Telhado.
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Em 1923, buscando uma profissão segura, matriculou-se no curso de Farmácia da Escola de Odontologia e Farmácia de Belo Horizonte e se formou em 1925. Ainda em 1925 fundou e começou a publicar “A Revista”, um órgão de divulgação literária que se tornou um veículo do Modernismo Mineiro.
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Em 1925, Drummond se casa com Dolores Dutra de Morais. Teve dois filhos, Carlos Flávio (em 1926, que viveu apenas meia hora) e Maria Julieta Drummond de Andrade, nascida em 1928.
Em 1926, vivendo em Itabira por um tempo, passou a lecionar Português e Geografia. Mas sente falta de uma vida mais movimentada e mais participante. Voltou para Belo Horizonte e empregou-se como redator no Diário de Minas.
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Apenas em 1930 ele publica o seu primeiro livro intitulado “Alguma Poesia”. Um de seus poemas mais conhecidos é “No meio do caminho”. Ele foi publicado na Revista de Antropofagia de São Paulo em 1928. Na época, foi considerado um dos maiores escândalos literários do Brasil:
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“No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
Tinha uma pedra
No meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
Na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra.”
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Curiosamente, Drummond trabalhou como funcionário público durante grande parte de sua vida e se aposentou como Chefe de Seção da DPHAN, após 35 anos de serviço público. Em 1982, com 80 anos, recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
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Drummond morreu no Rio de Janeiro, com 85 anos, poucos dias após a morte de sua filha, a cronista Maria Julieta Drummond de Andrade, sua grande companheira.
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Ele é considerado um dos mais influentes poetas brasileiros do século XX. Algumas homenagens à ele estão nas cidades de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul com a estátua “Dois Poetas” e na cidade do Rio de Janeiro, na praia de Copacabana, a estátua conhecida como “O Pensador”.
O documentário “O poeta de sete faces” (2002) retrata a vida e a obra de Drummond. Ele foi escrito e dirigido pelo cineasta brasileiro Paulo Thiago.
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Drummond escreveu poesia, prosa, literatura infantil e realizou diversas traduções. Possui uma imensa obra que muitas vezes é marcada por elementos de sua terra natal, como é o caso da poesia “Confidência do Itabirano”:
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“Alguns anos vivi em Itabira.
Principalmente nasci em Itabira
Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro.
Noventa por cento de ferro nas calçadas.
Oitenta por cento de ferro nas almas.
E esse alheamento do que na vida é porosidade e comunicação.
A vontade de amar, que me paralisa o trabalho,
vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e sem horizontes.
E o hábito de sofrer, que tanto me diverte,
é doce herança itabirana.
De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço:
esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil,
este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval;
este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas;
este orgulho, esta cabeça baixa...
Tive ouro, tive gado, tive fazendas.
Hoje sou funcionário público.
Itabira é apenas uma fotografia na parede.
Mas como dói!”
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Frases de Carlos Drummond
"Os homens distinguem-se pelo que fazem, as mulheres pelo que levam os homens a fazer".
"A amizade é um meio nos isolarmos da humanidade cultivando algumas pessoas."
"Só é lutador quem sabe lutar consigo mesmo."
"Como as plantas, a amizade não deve ser muito nem pouco regada."
"Não é fácil ter paciência diante dos que a Têm em excesso."
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Obras de Carlos Drummond
Poesias
Alguma Poesia (1930)
Brejo das Almas (1934)
Sentimento do Mundo (1940)
Poesias (1942)
A Rosa do Povo (1945)
Poesia até Agora (1948)
Claro Enigma (1951)
Viola de Bolso (1952)
Fazendeiro do Ar & Poesia Até Agora (1953)
Poemas (1959)
A Vida Passada a Limpo (1959)
Lições de Coisas (1962)
Boitempo (1968)
Menino Antigo (1973)
As Impurezas do Branco (1973)
Discurso da Primavera e Outras Sombras (1978)
O Corpo (1984)
Amar se Aprende Amando (1985)
Prosas
Confissões de Minas (1942)
Contos de Aprendiz (1951)
Passeios na Ilha (1952)
Cadeira de Balanço (1970)
Moça Deitada na Grama (1987)
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VIVA CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE!
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QUE A NOSSA JUVENTUDE CONHEÇA MELHOR NOSSOS AUTORES!
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LIVROS, SIM! ARMAS, NÃO!
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Nas imagens: 01) Carlos Drummond de Andrade; 02) estátua de Drummond no Rio de Janeiro; 03) um dos poemas muito conhecidos de Drummond
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