sexta-feira, 2 de setembro de 2022

1 Mês para decidir o futuro do Brasil

 

Sexta-feira, 2 de setembro de 2022
1 Mês para decidir o futuro do Brasil

Olá,

Estamos a um mês das eleições brasileiras mais aguardadas da nossa história. Não é para menos: o evento que acontece daqui a exatamente 30 dias vai definir se o Brasil mergulha de vez em um projeto fascista de poder ou aprende com a trágica aventura bolsonarista e dá meia-volta rumo à democracia.

Nesse cenário, quero trocar umas palavras com você sobre cidadania. O primeiro artigo da nossa Constituição Federal deixa claro que "Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente". Mas em 1988 os constituintes não poderiam prever o "mundo invertido" do Brasil das fake news, do revisionismo histórico, do terraplanismo, e que um defensor ferrenho da ditadura (que terminara pouco antes) chegaria ao poder. No ano em que o SUS foi instituído como direito constitucional, se alguém viesse do futuro avisando que em 2022 pessoas no Brasil e no mundo fariam um movimento contra vacinas, provavelmente seria motivo de riso geral. Como prever o realismo fantástico do que estava por vir?

Em toda essa inversão, "cidadania" virou um termo surrado que parece não dizer muita coisa além de ir votar e declarar impostos, mas justamente por isso ela se faz mais necessária que nunca. Para além do papel cívico de votar, indispensável para mudar a situação lamentável do Brasil, exercer seu dever de cidadã e de cidadão é urgente. Está nas conversas com desconhecidos no transporte público, na faculdade, no trabalho, no diálogo com os que ainda estão indecisos quanto ao voto e no compartilhamento on-line de conteúdos esclarecedores sobre todo o mal causado pelo governo Bolsonaro. E é aí que entra o papel do jornalismo progressista.

Fazer jornalismo que questiona os poderosos sem medo de citar nomes e marcas, que investiga empresários, governantes e militares graúdos com coragem e propósito, que denuncia abusos e abusadores e faz com que a Justiça reveja seus métodos e o Legislativo crie novas leis é o nosso maior papel cidadão. Fazer jornalismo combativo, sério e de qualidade pode mudar votos — e votos podem mudar o país. 

Nossa cobertura das eleições está à toda, seja nas novas newsletters da jornalista Carla Jimenez, seja no programa semanal do YouTube que ela comanda com um convidado diferente toda quarta, seja nas colunas do escritor e jornalista Xico Sá ou nas reportagens e notas de Guilherme Mazieiro, Rafael Moro Martins e Ricardo Galhardo. Na reportagem "Fratura exposta", desta semana, Rafael e Guilherme fizeram um raio-X da política mineira, e esquadrinharam os motivos do baixo rendimento da campanha de Bolsonaro no estado que costuma definir quem ganha a eleição — e onde o candidato-presidente está perdendo nas pesquisas. 

Só para essa reportagem, os dois foram de Brasília a Juiz de Fora, onde foi o comício de Bolsonaro, rodando 933 km e dormindo em hotéis. O destino seguinte é o Rio de Janeiro, onde o presidente fará sua demonstração de poder na tarde do 7 de Setembro, depois da cerimônia tradicional em Brasília. Você sabe: a gasolina está cara, o combustível de aviação sofreu alta de 70% este ano, o setor hoteleiro inflou os preços para se recuperar do apagão turístico que foi a pandemia: há muito tempo não custava tanto cruzar o país para cobrir eleições.

Está tudo muito caro, inclusive fazer jornalismo. Neste último mês pré-eleições, você pode exercer sua cidadania apoiando o maior site jornalístico independente do país. Aqui não temos anunciantes, e por isso não temos rabo preso com o poder. Você sabe tudo que já fizemos com essa liberdade, mas queremos fazer muito mais, como ganhar votos para a democracia na base da informação. Anda meio fora de moda disseminar a verdade, mas essa é a nossa vocação. Podemos contar com você?

QUERO O JORNALISMO QUE MUDA VOTOS →  

Um abraço,

Táia Rocha
Analista de Arrecadação

"O avanço recente da extrema direita no mundo tem suscitado discussões
sobre como os líderes políticos que emergem desse espectro devem
ser abordados. Nos EUA, na Europa e agora no Brasil, jornalistas tentam
descobrir a melhor maneira de entrevistá-los sem oferecer palanque para
suas propostas antidemocráticas. A experiência americana com Trump
indica que confrontar os absurdos racistas e homofóbicos, por exemplo,
não funciona e só ajuda a alimentar a fúria dos seus seguidores. Primeiro
porque o confronto em si é uma das principais estratégias da extrema
direita, que busca a briga com a imprensa a todo custo para poder posar de
vítima perseguida pelo establishment. Segundo porque todo extremista é,
via de regra, intelectualmente limitado e se perde ao ser convocado a falar
sobre temas que estão fora da sua caixinha moralista."

O trecho é do livro Jornalismo Wando — Os personagens bizarros que ajudam a explicar a nova política, do nosso colunista João Filho. Nessas eleições, para entender o cenário político e como chegamos até aqui, é leitura indispensável. Garanta o seu:

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