domingo, 2 de outubro de 2022

Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares, nº 984

 

 

 

 


Duas questões importantes.

Excelente artigo de Jorge Elbaum, no site “El Cohete a la Luna”. Ele levanta uma questão muito séria que está sendo “esquecida” por alguns analistas políticos em nossa região.

Diz ele que, “Nos próximos dois meses, serão realizadas duas eleições-chave para o futuro da América Latina e do Caribe. A primeira será no Brasil em 2 de outubro e a segunda em novembro, quando são realizadas as eleições de meio de mandato nos EUA. O confronto entre Lula e o insano exporá cruamente a disputa central entre os dois discursos hegemônicos com os quais se processa o futuro político da região”.

“As eleições de meio de mandato nos EUA, em 8 de novembro, também terão consequências para a região. Nessa votação, 34 dos 100 senadores serão eleitos e os 435 cargos na Câmara dos Deputados serão renovados em sua totalidade. Além disso, serão eleitos 36 governadores, situação que contribuirá para manter ou modificar o mapa político interno. A eleição significará uma avaliação das políticas domésticas de Joe Biden, mas terá consequências internacionais inegáveis: uma vantagem dos republicanos – principalmente atrás de Donald Trump – colocará o ex-presidente de volta ao caminho das eleições presidenciais de 2024, empoderando, na medida em que trânsito, aos seus vários imitadores espalhados pelos cinco continentes”.

O artigo nos lembra que tais polarizações, no Brasil e nos EUA, vão trazer com muita intensidade algumas situações que já conhecemos bem: a assimilação da política com a corrupção; a criminalização jurídica dos referentes que confrontam o neoliberalismo; o uso de inteligência artificial, algoritmos e redes sociais como plataformas para a disseminação do ódio social; o apelo sistemático às notícias falsas; a reivindicação de armas  para uso pessoal e a militarização progressiva da sociedade civil.

No Brasil, as Fake News ocupam um lugar de relevante preocupação social. A propagação do medo – que se assemelha a outras operações de guerra desencadeadas na região – inclui a falsa notícia de que o PT, se vencer as eleições, fechará as igrejas. Para refutar, Lula criou um clipe de 30 segundos intitulado “Não acredite em fantasmas”, com o objetivo de desmentir a calúnia. A proliferação dessas falsidades levou várias organizações da sociedade civil a iniciar um debate sobre a regulamentação dessas operações. E o canalha brasileiro ataca: “Sabemos da luta do bem contra o mal. Defendemos a liberdade absoluta, se alguém se ofender vai a tribunal, mas não podemos criar leis como a das Fake News”. E ele tem 43 milhões de seguidores na internet –reais ou fictícios–, o triplo do candidato petista. O atual presidente conta com um apoio midiático de campanha, intitulado Lulaflix, onde são divulgadas as “verdades sobre o ex-prisioneiro”.

Armas ou livros? Desde que assumiu a presidência, no primeiro dia de 2019, o energúmeno assinou mais de 40 decretos autorizando a população civil a adquirir armas, incluindo aquelas que antes eram restritas à Polícia Militar e às Forças Armadas.

Segundo estudos de instituições de pesquisa e universidades, até junho passado, o Brasil registrava uma média de compra de 1.300 armas por dia. Com isso, os chamados CACs (Clubes de Atiradores, Caçadores e Coletores) já ultrapassam, confortavelmente, o número de armas da Polícia Militar Provincial em todo o país.

Em 2018, um ano antes dele assumir a presidência, havia 350 mil armas registradas no Brasil em nome dos CACs. Em julho passado esse volume atingiu a marca de um milhão. Quer dizer, triplicou.

Cada membro de um CAC pode ter até 60 armas de diferentes calibres e munições. Anteriormente, o número máximo era 16.

A Taurus, maior fabricante de armas do país, teve um lucro de pouco mais de oitenta milhões de dólares em 2018. Em 2021, pouco mais de trezentos milhões. Quase quatro vezes mais.

Se o que as pesquisas indicam se confirmar e o ex-presidente Lula da Silva for reeleito em outubro, ele já anunciou: em vez de armas, vai espalhar livros. E haverá uma profunda revisão do cenário atual.

Dívida brasileira cresce. No fim de 2018, a dívida bruta do governo estava em 75,3% do PIB. Em julho deste ano, alcançou 77,6%.

Na reta final do governo do insano, o Brasil é um país mais endividado do que início desse governo. Primeiro presidente brasileiro de extrema-direita, tomou posse em 1º de janeiro de 2019 e encerrará seu mandato em 31 de dezembro deste ano.

Nesse período, conforme registra neste domingo (18) a Folha de S. Paulo, ele deixou “um estoque de despesas represadas que vai impulsionar ainda mais o indicador da dívida brasileira a partir de 2023”. Parte da dívida foi contraída em decorrência da pandemia de Covid-19 – mas a crise sanitária não é a razão central.

Ao longo de sua gestão, o chefe do Executivo precisou abrir os cofres públicos para enfrentar a pandemia de Covid-19, uma crise sem precedentes que obrigou países a despejar dinheiro para socorrer famílias e dar sustentação à atividade econômica.

A Folha lembra que, desde a redemocratização, os dois governos do ex-presidente Inácio Lula da Silva (2003-2010) foram os únicos que enfrentaram o problema com êxito. “Lula reduziu o indicador em seus dois mandatos, após o aumento na gestão de Fernando Henrique Cardoso” (1995-2002) —quando a dívida subiu após o controle da inflação e as emissões do país ainda eram mais atreladas ao câmbio.

O país mais desigual do mundo. O Relatório de Riqueza Global 2022, publicado pelo Credit Suisse Research Institute (CSRI), revela crescimento recorde de riqueza em 2021. O 13º relatório mostra o aumento em todas as regiões, lideradas pela América do Norte e China.

A participação do 1% mais rico aumentou pelo segundo ano consecutivo para atingir 45,6% da riqueza total em 2021, acima dos 43,9% em 2019.

A desigualdade é alta na América Latina, especialmente no Brasil, onde o coeficiente Gini da riqueza foi de 89,2 em 2021, acima dos 84,5 em 2000, e um dos números mais altos do mundo. A parcela de riqueza do 1% mais rico agora é de 49,3%, contra 44,2% em 2000.

Comparados a outros 9 países selecionados pelo banco suíço (Canadá, China, Índia, França, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Japão e Reino Unido), o Brasil é o mais desigual.

O clube global de milionários ganhou 5,2 milhões de membros no ano passado, totalizando 62,5 milhões de pessoas em todo o mundo.

A grande maioria destes milionários tinha patrimônio entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões: 54,1 milhões ou 87% do grupo; 5,4 milhões têm entre US$ 5 milhões e US$ 10 milhões; e 3 milhões têm patrimônio acima de US$ 10 milhões.

“Pobre está desempregado porque se 'acostumou'. Um presidente da República tem que ser muito canalha para dizer isso! Mas o ex-capitão, candidato à reeleição, voltou a minimizar o problema da fome, que aumentou em seu governo, e a desprezar o drama dos trabalhadores/as, que sofrem com as altas taxas de desemprego, que atinge 9,9 milhões de pessoas, sem contar os 39,3 milhões que estão na informalidade, 13,1 milhões trabalhando na iniciativa privada sem carteira assinada e 25,9 milhões por conta própria.

Ele afirmou, na quarta-feira (21), em entrevista à emissora católica Rede Vida que a população brasileira pobre está “acostumada” a não aprender uma profissão. E mais... “São pessoas que foram, ao longo dos anos, acostumadas a não se preocupar ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão”, pontuou o presidente, de acordo com o site Metrópoles.

Durante a entrevista, o pulha afirmou que “não é esse número todo” de pessoas que passam fome no país. Segundo o mandatário, quem vive abaixo da linha da pobreza pode recorrer ao Auxílio Brasil.

Ele “esqueceu” ou desconhece que em 12 capitais brasileiras, incluindo Brasília, a cesta básica custa mais do que valor do Auxílio Brasil. Isso significa que milhares de pessoas no país não estão conseguindo comprar sequer o mínimo para ter as calorias necessárias e se alimentar três vezes por dia, se dependerem apenas do benefício para sobreviver.

Além disso, no Orçamento da União para 2023 que o presidente mandou para o Congresso, o valor previsto para o Auxílio Brasil no ano que vem é de R$ 405.

Mas seu capanga confirma. O ministro da economia, Paulo Guedes, seguiu seu “capo” ao afirmar, na quarta-feira (21), considerar “uma mentira” os dados do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN), que apontam que 33 milhões de pessoas sofrem com a fome no Brasil.

“33 milhões de pessoas passando fome é mentira. Nós estamos transferindo para os mais pobres, com o Auxílio Brasil, 1,5% do PIB, 3 vezes mais do que recebiam antes”, disse Guedes em um evento promovido pela Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em São Paulo, de acordo com o G1.

E o “filho 01” esbanja dinheiro. Além de ter comprado 16 imóveis com pagamento parcial em dinheiro, o senador Flávio, o “filho 01”, usou dinheiro em espécie para pagar despesas pessoais, funcionários e impostos. A conta bancária de sua antiga loja de chocolates registrou também alto volume de depósitos de dinheiro vivo sem identificação. Ao todo, esse montante movimentado em espécie ultrapassa os R$ 3 milhões.

Os dados constam das quebras de sigilo obtidas pelo Ministério Público do Rio (MP-RJ). Flávio ainda foi apontado nas investigações como líder de uma organização criminosa que funcionava em seu antigo gabinete na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O total de desvios apurado pela Promotoria foi de, no mínimo, R$ 6,1 milhões, como mostra reportagem de Juliana Dal Piva e Saulo Pereira Guimarães no UOL.

Os promotores afirmam que o dinheiro usado nas transações de Flávio vinha do esquema conhecido como “rachadinha”, no qual os funcionários do gabinete eram obrigados a devolver boa parte de seus salários, em espécie, ao então deputado.

A quebra do sigilo bancário de Flávio e demais denunciados no esquema e o cruzamento de dados obtidos junto a empresas e poder público ainda revelaram dívidas quitadas que não constavam nos extratos do atual senador nem nos de sua mulher, Fernanda Antunes Figueira Bolsonaro.

O MP-RJ identificou pagamentos feitos com dinheiro em espécie, comprovados por documentos bancários e outras evidências em diversos casos. As investigações identificaram até despesas pagas diretamente pelos próprios funcionários do gabinete.

Dívida com a ONU. A dívida atual do governo federal brasileiro com as Nações Unidas (ONU) é de cerca de US$ 298 milhões (equivalente a cerca de R$ 1,5 bilhão), dos quais US$ 56 milhões são devidos ao orçamento regular, US$ 217 milhões aos orçamentos de operações de manutenção de paz ativas, US$ 23 milhões a missões de paz já encerradas e US$ 1 milhão a tribunais internacionais, segundo informações do Ministério de Relações Exteriores.

Durante a presidência do energúmeno, a contribuição do Brasil ao orçamento de base da organização internacional caiu de US$ 92 milhões em 2018 para US$ 56 milhões em 2022. De 2016 a 2018, a contribuição brasileira passou de 3.823% para 2.013% entre 2022 a 2024, de acordo com a ONU.

Mesmo assim, o país segue devendo. Esse ano, quando o Brasil assumiu um assento rotativo no Conselho de Segurança da ONU, o governo brasileiro fez um pagamento de US$ 19,8 milhões à organização. Deste montante, US$ 456 mil foram para quitar parte da fatura com o orçamento de base. 

Vai ficar tudo “por isso mesmo”? Nos últimos meses temos visto cair por terra todas as acusações feitas contra Lula da Silva. Ao final dos trabalhos, ele foi inocentado em 26 processos “montados e armados” contra ele. Sai de cabeça erguida, sem culpa e totalmente inocente.

Agora temos mais uma vitória para comemorar. Seis anos depois de o Senado ter aprovado o impeachment de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade baseado nas chamadas “pedaladas fiscais”, o Ministério Público Federal promoveu o arquivamento do inquérito civil movido contra o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega que investigava supostas irregularidades nas operações de crédito entre o Tesouro e o Banco do Brasil que teriam sido cometidas em 2015.

“A verdade veio à tona”, disse Dilma Rousseff. “Demorou, mas a Justiça está sendo feita”. A ex-presidente também era investigada pela Procuradoria da República no Distrito Federal no inquérito civil que buscava identificar os responsáveis pelas “pedaladas fiscais”, considerada pelos investigadores como um ato de improbidade administrativa.

A 5ª Câmara de Coordenação e Revisão de Combate à Corrupção homologou o arquivamento, sob o fundamento de que “tanto o Tribunal de Contas da União quanto a Corregedoria do Ministério da Economia afastaram a possibilidade de responsabilização dos agentes públicos que concorreram para as pedaladas fiscais do ano de 2015, seja em virtude da constatação da boa-fé dos implicados, seja porquanto apenas procederam em conformidade com as práticas do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão”.

Pois é, não é? Dilma também era inocente! Mas, e os golpistas, safados e canalhas que criaram tudo isso e causaram tanto prejuízo ao Brasil? Vão sair “frescos e garbosos”?

Colômbia devolve a Maduro empresa de fertilizantes. “O retorno da empresa às mãos de Maduro marca o fim de um arranjo negativo para prejudicar venezuelanos e colombianos”, disse o embaixador venezuelano, Felix Plasencia.

Na segunda-feira (20), o governo colombiano anunciou que a empresa venezuelana de fertilizantes com sede em seu território Monómeros, será novamente controlada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, após cerca de três anos sob a tutela do líder da oposição Juan Guaidó, relata o jornal O Globo.

“Ratificamos a vontade do governo venezuelano de nomear um conselho de administração para a Monómeros [...]. Os donos de uma empresa têm a possibilidade de escolher seus diretores. Estamos fazendo um reconhecimento legal dessa situação”, disse o superintendente de empresas da Colômbia, Billy Escobar, ao final de uma reunião em Bogotá com o embaixador venezuelano, Felix Plasencia.

Já embaixador venezuelano comemorou que Monómeros “retorne ao poder do povo da Venezuela”, entretanto, detalhes não foram citados sobre quem comporá a nova diretoria ou quando assumirão o controle da empresa.

O controle da Monómeros, filial da estatal Petroquímica de Venezuela (Pequiven), foi entregue a Guaidó em 2019, durante o governo do presidente colombiano Iván Duque. Fundada em 1967 e controlada pelo Estado desde 2007, Monómeros chegou a fornecer 37% dos fertilizantes usados ​​na Colômbia.

Maduro enfrenta Biden. O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, exigiu que seu colega nos EUA, Joe Biden, não manipule a América Latina e o Caribe com a questão da migração.

“Exigimos que o presidente Joe Biden não manipule a questão da migração da América Latina e do Caribe, e muito menos com a questão da Venezuela, vítima das mais cruéis sanções do Império estadunidense”, disse Maduro em discurso por meio do governo venezuelano. canal de televisão estatal.

Maduro destacou que os EUA buscam criminalizar a migração e disse que Biden mente sobre Cuba, Nicarágua e seu país. “Joe Biden aparece hoje atacando Venezuela, Cuba e Nicarágua mentindo sobre Venezuela, Cuba e Nicarágua, Joe Biden mente sobre nossos países, eles apertaram nosso país ao máximo para destruí-lo e então começam as campanhas mundiais sobre a questão da migração para manipular e instrumentalizar a questão da migração e criminalizar.

Encontro Maduro e Petro! Os Ministros dos Transportes da Colômbia e da Venezuela elaboraram um roteiro para a reativação das conexões terrestres, aéreas e marítimas a partir de 26 de setembro.

Os presidentes da Venezuela e o da Colômbia se reunirão em 26 de setembro para liderar a cerimônia de reabertura da fronteira comum, informou uma fonte oficial nesta terça-feira.

“No dia 26 de setembro, os dois presidentes, o presidente Nicolás Maduro e nosso presidente Gustavo Petro, poderão se (reunir) em um ponto a ser determinado, certamente será a ponte Simón Bolívar, onde ocorrerá este ato de abertura” informou o ministro dos Transportes colombianos, Guillermo Reyes.

Reyes esteve em Caracas na terça-feira e manteve reuniões com seu homólogo venezuelano, Ramón Velásquez, e o vice-ministro Claudio Farías, com quem traçou um roteiro para a reativação das conexões terrestres, aéreas e marítimas a partir de 26 de setembro.

Ele anunciou que em 26 de setembro serão retomados os voos entre Colômbia e Venezuela, sendo que o primeiro será operado pela companhia aérea venezuelana Conviasa, com a rota Caracas-Valência-Bogotá, e será seguido pela companhia aérea colombiana Wingo, em 3 de outubro. com a rota Bogotá-Caracas.

Discurso de Arce na ONU. O Presidente do Estado Plurinacional da Bolívia participou do 77º Período de Sessões das Nações Unidas, onde afirmou que este fórum “deve nos permitir continuar fortalecendo o multilateralismo para enfrentar com mais eficácia as novas e velhas ameaças que aguardam a humanidade”.

Na ocasião, Arce declarou que “hoje estamos diante de uma crise capitalista múltipla e sistemática que coloca cada vez mais em risco a vida da humanidade e do planeta”, que é preciso identificar “a origem de um sistema que reproduz a dominação, a exploração e exclusão das grandes maiorias, que gera concentração de riqueza em poucas mãos e que prioriza a produção e reprodução do capital antes da produção e reprodução da vida”.

Entre suas propostas, Arce propôs substituir a construção de armas de destruição em massa por uma compensação justa para os pobres do mundo. Hoje, 9 países coletam 9.705 ogivas nucleares; 9.440 deles estão em reservas militares, prontos para serem usados.

Em outra de suas propostas, ele defendeu “reconstruir as capacidades produtivas dos países da periferia, atingidos pela lógica concentradora irreprimível do capital. “É por isso que hoje devemos respeitar os princípios de solidariedade, complementaridade e respeito pela autodeterminação dos povos. A dívida externa deve ser aliviada para que nossos países possam implementar soberanamente políticas sociais abrangentes e sustentáveis. Devemos mudar as condições de troca que hoje continuam a beneficiar apenas o norte. No caso da Bolívia, não aceitamos e não aceitaremos imposições do Fundo Monetário Internacional. Somos guiados pelo princípio civilizatório do Viver Bem que emerge de nossas raízes indígenas originais”.

Trabalhadores uruguaios param! Os sindicatos uruguaios mais uma vez desafiaram o Executivo de Luis Lacalle Pou. Na quinta-feira, 15 de setembro, um milhão de pessoas apoiaram a greve de 24 horas exigindo melhores salários e um orçamento maior para habitação e educação, desafiando o governo de direita.

Chamada pelo PIT-CNT, a central que reúne a maioria dos sindicatos e sindicatos do país, esta é a quarta greve geral no Uruguai desde que Lacalle assumiu a presidência. A primeira data de 2020, que paralisou o funcionamento das atividades públicas uruguaias. As outras foram a greve nacional em 8 de março, Dia Internacional da Mulher; e a greve parcial de 7 de julho por "crescimento desigual".

Apelando para José Artigas e sua frase “que os infelizes sejam os mais privilegiados”, o sindicato dos trabalhadores convocou uma greve geral em defesa dos salários e do trabalho. Marcelo Abdala, secretário-geral da central sindical PT-CNT, declarou em entrevista coletiva: »As pessoas não estão conseguindo sobreviver. Há uma estratégia que é concebida como um modelo de crescimento e acumulação excludente que é para poucos” e acrescentou: “É um sinal muito forte, muito forte que o movimento sindical está emitindo”. A central informou que foram realizados “diálogos com a população, bairros e distribuição de materiais” em todo o território conforme relatado por mais de uma centena de filiais distribuídas por todo o país.

Itália caminha para a extrema direita. A extrema direita está confiante na vitória neste domingo (25), no que pode significar a primeira dirigente de um partido pós-fascista a ocupar a chefia de governo do país, um dos fundadores da União Europeia. A campanha eleitoral se encerrou na noite de sexta-feira (23), com todos os candidatos submetidos à lei do silêncio até o fechamento das urnas.

Giorgia Meloni, líder do partido Fratelli d'Italia (Irmãos da Itália), realizou o último comício de campanha em Napoli, símbolo do sul da Itália empobrecido, dizendo ser “uma patriota”. “Tudo que ela diz, ela faz”, comentou à AFP Leone Carmelo, um cozinheiro de 71 anos.

As últimas pesquisas de intenções de voto, publicadas há duas semanas, apontam que ela deve conseguir entre 24 e 25% das cédulas, suficientes para vencer o Partido Democrata, com 22%, e o Movimento Cinco Estrelas, com 13 a 15%. Até a data limite para a publicação de pesquisas, havia de 20 a 25% de indecisos.

A margem dá esperança ao partido de centro esquerda, que teve o seu último comício em Roma. Um militante idoso ouvido pela reportagem RFI disse que nasceu durante o fascismo e não querer morrer com a Itália de novo à extrema direita.

Reino Unido com sérios problemas. O governo britânico apresentou na sexta-feira (23) ao Parlamento um pacote de medidas para estimular a economia e atenuar a inflação, que inclui o congelamento das contas de energia, uma redução dos impostos e a desregulamentação do setor bancário.

O pacote da primeira-ministra conservadora Liz Truss pode ter efeitos colaterais graves para as finanças públicas do Reino Unido, à beira da recessão e com uma inflação de 10%, o maior nível em 40 anos.

Mas o ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, espera promover um alívio para as famílias e as empresas e "inverter o círculo vicioso da estagnação". "Durante a pior crise energética em gerações, este governo está ao lado da população", afirmou Kwarteng no Parlamento.

No caso das empresas, o governo financiará quase metade das contas durante seis meses. Os preços do gás e da energia elétrica dispararam desde o início da guerra na Ucrânia, uma consequência das limitações no abastecimento de combustíveis procedentes da Rússia.

A ONG de luta contra a pobreza Oxfam destacou uma "política que é todo lucro para os mais ricos".

Alemanha caminha para recessão. A economia da Alemanha, a maior da Europa, caminha para uma recessão que pode durar até o próximo ano, disse o banco central do país na segunda-feira (19).

“Os sinais de recessão para a economia alemã estão se multiplicando, no sentido de um declínio claro, amplo e prolongado da produção econômica”, afirmou o Bundesbank em seu relatório mensal, avisando que a população do país deve se preparar para uma inflação de dois dígitos nos próximos meses.

A instituição aponta como o principal motivo para isso "os desenvolvimentos desfavoráveis no mercado de gás", depois que a Rússia fechou o gasoduto Nord Stream 1 no início de setembro.

A Alemanha era altamente dependente das importações de energia russa antes da invasão da Ucrânia, com a Rússia respondendo por 55% do fornecimento de gás da Alemanha na época.

No último trimestre, a economia alemã conseguiu crescer 0,1%. No entanto, os economistas do Bundesbank preveem uma ligeira contração neste trimestre, com um declínio mais acentuado na produção econômica nos últimos três meses do ano e em 2023.

Tormenta na Europa! Com o clima mais frio a caminho e o acesso dos países europeus ao gás natural da Rússia cortado, o aumento das despesas e o escasso fornecimento de energia podem criar um “tsunami” econômico para muitas empresas europeias, disse um economista à agência de notícias Xinhua.

Devido ao impacto do conflito entre a Rússia e a Ucrânia, os preços do gás natural dispararam este ano, o que afetou outras fontes de energia e levou a inflação a níveis recordes. Lorenzo Codogno, economista-chefe da LC Macro Advisors, disse que o pior provavelmente ainda está por vir.

De acordo com o Eurostat, a inflação nos 19 países da zona do euro atingiu um novo recorde de 9,1% em agosto, com os preços de alimentos e energia continuando a subir. “No momento, você tem um cabo de guerra entre a crise do custo de vida, por um lado, e a resiliência em muitos setores e aspectos da economia, por outro”, disse Codogno. “Mas se você olhar para os dados, é como se um tsunami estivesse chegando.”

Tanto a inflação ao consumidor quanto a produção industrial serão atingidas simultaneamente, disse Codogno, que também é professor visitante no Instituto Europeu da London School of Economics and Political Science.

Insônia na Suécia. A Suécia está mal preparada para possíveis cortes de energia com a proximidade de um inverno (no Hemisfério Norte) de racionamento de energia, disse o chefe de preparação de fornecimentos da agência sueca de contingências civis MSB, Jan-Olof Olsson.

“Infelizmente, a preparação é em geral muito ruim. Em 2011, identificamos 50.000 empresas socialmente importantes na Suécia que dependiam do fornecimento de energia”, disse Jan-Olof Olsson à emissora pública SVT.

A emissora informou que o racionamento de energia pode afetar semáforos, bondes, aquecimento e comunicações, bem como as fechaduras eletrônicas de propriedades. Os custos de energia aumentaram 29% em agosto, de acordo com a agência de estatísticas sueca. Os preços da energia têm impulsionado outros índices que impactam o custo de vida para cima, com uma disparada da alta de preços dos alimentos por nove meses consecutivos.

E o povo sueco está perdendo o sono, preocupado com os próximos meses!

E o poder no mundo vai mudando... Os EUA inventaram e incentivaram a atual crise entre a Ucrânia e a Rússia. Agora estão vendo um novo mundo, multipolar, surgindo e colocando em xeque a sua dominação que durou décadas! E alguns países que antes viviam sob a influência da Casa Branca começam a mudar de opinião ou posição.

De acordo com o jornal francês Le Monde, apesar da pressão do Ocidente, a Índia não condenou a operação russa e pede apenas para que as partes voltem à mesa de negociações.

O jornal afirma que a situação ficou especialmente patente quando Narendra Modi foi à cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) pouco depois de receber a chanceler francesa Catherine Colonna, com quem discutiu a criação de uma força de cooperação e defesa para enfrentar a China na região do Indo-Pacífico.

Com isso, a Índia demonstra seu “jogo de paradoxos”, com um pé no Ocidente e outro na Rússia, sem manter vínculos, indicando que o Ocidente falhou em levar os indianos para o seu lado e forçá-los a impor sanções contra os russos. A Índia segue comprando armas e petróleo de Moscou a preços acessíveis, com a Rússia substituindo a Arábia Saudita como seu principal fornecedor de petróleo, além do fornecimento de fertilizantes.

Por outro lado, o presidente iraniano, Ebrahim Raisi, afirmou que os EUA, ao imporem sanções contra diversos países, acabam por os aproximar.

De acordo com o presidente iraniano, as sanções políticas de Washington estão fadadas ao fracasso. “Alguns países estão sob sanções. Agindo assim, eles os forçam a se aproximarem e isso faz com que as sanções se tornem ineficazes”, afirmou.

Após o início da operação especial russa na Ucrânia, o Ocidente passou a utilizar a pressão das sanções contra Moscou, que resultou no aumento dos preços dos combustíveis e alimentos na Europa e nos EUA.

E a Rússia vai lucrando... As sanções ocidentais, que tinham por objetivo destruir a indústria de gás russa, têm tido o efeito oposto, já que os altos preços da energia ajudaram a gigante russa Gazprom a aumentar suas receitas.

Apesar da queda abrupta dos suprimentos à União Europeia, a empresa russa dobrou as suas receitas de exportação, de acordo com Oliver Hortay, chefe de pesquisas de política energética e climáticas de um think tank húngaro.

“A Gazprom está fornecendo 43% menos gás à Europa neste ano do que no ano passado, mas, em média, os preços triplicaram. As receitas da empresa provenientes da exportação para a UE crescerão de US$ 53 bilhões (R$ 278,5 bilhões) para 100 bilhões (R$ 525,45 bilhões)”, escreveu ele nas redes sociais na semana passada.

A postagem faz eco de uma matéria recente do Financial Times, segundo a qual os preços mais altos do gás ajudam a Gazprom a compensar a redução das entregas para a UE. De acordo com o jornal, a empresa russa agora entrega diariamente cerca de 84 milhões de metros cúbicos de gás aos consumidores europeus através da Ucrânia e Turquia diariamente, em comparação com os 480 milhões de metros cúbicos em média no ano passado.

Ucrânia e o “tiro no pé”. O governo ucraniano, devidamente orientado e armado pela Casa Branca, parece ter dado o famoso “tiro no pé”. Desde 2014, como sabemos, as regiões de Donetsk e Lugansk tiveram o reconhecimento para se tornarem independentes da Ucrânia, como aconteceu com a Criméia. A OSCE (Organização para Segurança e Cooperação na Europa) acompanhou a negociação e, em 1 de outubro de 2019 foi assinado um acordo para tentar encerrar a guerra em Donbass. O documento ficou conhecido como “Fórmula Steinmeier” (a proposta foi feita pelo então presidente alemão Frank-Walter Steinmeier) e o acordo previa a realização de eleições livres nos territórios de Donetsk e Lugansk, sob observação e verificação da OSCE.

A Ucrânia recusou-se a admitir tal acordo e durante anos invadiu e ocupou a região que já tinha votado sua independência.

Em 24 de fevereiro de 2022, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação especial militar para “desmilitarização e desnazificação da Ucrânia”. As regiões independentes receberam a ajuda das tropas russas e expulsaram os ucranianos invasores. Mas isso originou um confronto militar que se arrasta até hoje, porque os EUA e seus “cupinchas” europeus ficam alimentando e armando a Ucrânia.

O tiro pode sair pela culatra. Desde sexta-feira (23), as regiões em questão estão realizando um novo plebiscito, mas agora querem ser anexadas à Rússia! Para piorar, outras duas regiões ucranianas, Kherson e Zaporozhie, também estão realizando o plebiscito. Ou seja, a Ucrânia pode perder muito de seu território.

Vai valer a Constituição da Rússia. A Constituição da Rússia será válida na República Popular de Donetsk, República Popular de Lugansk e nas regiões de Kherson e Zaporozhie em caso de sua integração à Rússia, confirmou na sexta-feira (23) o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov.

O referendo sobre a integração dos territórios libertados à Rússia começou na sexta-feira nas Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk e também nas regiões de Kherson e Zaporozhie.

A iniciativa de realizar imediatamente referendos foi sugerida às autoridades regionais pela população local. Como disseram os representantes das repúblicas e regiões, fazer parte da Rússia garantirá a segurança destes territórios e restaurará a justiça histórica.

Sim, são criminosos! O Ministério da Defesa da Rússia revelou na segunda-feira que entregou provas materiais à Convenção de Armas Biológicas e Toxínicas (BTWC) com sede em Genebra, na Suíça, que confirmaria que os Estados Unidos (EUA) desenvolveram programas biomilitares na Ucrânia.

De acordo com o chefe das Forças de Proteção Radiológica, Química e Biológica da Rússia, Igor Kirillov, uma cúpula foi realizada em seu país entre 5 e 9 de setembro, convocada depois que os EUA e a Ucrânia violaram dois artigos da CABT, e apenas representantes de 89 nações compareceram, dos 184 signatários, que receberam cópias dos documentos que comprovam a execução de tais atos.

Kirillov afirmou que nenhum dos presentes duvidou da autenticidade dos documentos fornecidos, com dados sobre o acúmulo de patógenos em laboratórios ucranianos, incluindo o Instituto de Pesquisa Epidemiológica Mechnikov, onde biomateriais perigosos foram alojados nas frestas das escadas e nenhum sistema de controle havia detectado eles.

O alto comando russo também informou que tanto os EUA quanto a Ucrânia se recusaram a dar explicações relacionadas à destruição urgente de documentos sobre atividades biomilitares na Ucrânia.

Estão se desintegrando? De acordo com o jornal estadunidense The New York Times, o exército ucraniano está sofrendo grandes perdas em Donbass e, por isso, estaria deixando suas posições.

“Os militares ucranianos estão sofrendo grande baixas em Donbass, e os russos estão nos atacando todos os dias”, afirmou uma fonte do Exército ucraniano citada pelo jornal.

Além disso, a fonte afirmou que os militares russos estão gradualmente empurrando as forças ucranianas de suas posições.

Anteriormente, o Ministério da Defesa da Rússia anunciou sobre a tentativa fracassada de uma ofensiva ucraniana.

Em 16 de setembro, parte das tropas ucranianas caiu em um cerco tático em três regiões em Donbass.

Mais uma voz contrária. O ex-vice-chanceler austríaco Heinz-Christian Strache afirmou que o apoio militar a Kiev e o efeito das sanções contra a Rússia são ações mal calculadas que estão atingindo os próprios países ocidentais.

“Os EUA e a OTAN lançaram uma guerra indireta contra a Rússia na Ucrânia, que também representa uma ameaça à Europa”, declarou o ex-vice-chanceler austríaco que se soma a outros políticos europeus.

Além disso, Heinz-Christian Strache declarou que aqueles que pensam que os fornecimentos de armas dos EUA e da OTAN ajudarão a Ucrânia estão muito enganados.

“Os que pensam que os fornecimentos de armas dos EUA e da OTAN ajudarão a Ucrânia, simplesmente não pensam de forma realista e acabarão dando conta de seu erro. A ajuda militar ocidental agravará a situação, provocará um terrível sofrimento humano e um número inimaginável de vítimas”, enfatizou.

Um novo bloco vai se criando. O pavor do Ocidente é o crescimento de um novo bloco que vai consolidar a mudança definitiva no planeta. Chega de mundo unipolar! Vamos viver um mundo multipolar!

Rússia e China estão motivadas a desenvolver a Organização de Cooperação de Xangai (OCX) como resposta à pressão do Ocidente. A cúpula da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) foi realizada na cidade do Uzbequistão nos dias 15 e 16 de setembro. Como resultado da cúpula, 44 documentos foram assinados.

Em particular, o Irã assinou um memorando de compromisso com o OCX, abrindo caminho para que este país se torne membro da organização. Também foi assinado um documento sobre o início do procedimento de admissão de Belarus à organização.

É claro que a principal direção de desenvolvimento da OCX não é a segurança militar, mas a segurança econômica, não é uma organização fechada e hostil, como as ocidentais, mas uma estrutura multilateral e inclusiva para o desenvolvimento da cooperação. Na cúpula da OCX em Samarcanda, foram assinados memorandos sobre a concessão do status de parceiros de diálogo ao Egito e ao Catar. Bahrein, Maldivas, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Mianmar também receberão o status de parceiros do grupo.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, disse na terça-feira (20) estar “muito irritado” com as tentativas da Turquia de se juntar a uma organização de segurança da Ásia Central dominado por Rússia e China.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse no sábado (17) que a Turquia, membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) pretende ingressar na Organização de Cooperação de Xangai (OCX).

Exercícios militares conjuntos. Na quinta-feira (22), o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas iranianas, Mohammad Bagheri, anunciou que Rússia, Irã e China realizarão exercícios navais conjuntos nos próximos meses na parte norte do oceano Índico.

A declaração de Bagheri foi citada pela agência iraniana ISNA. "Neste outono [do Hemisfério Norte], realizaremos exercícios navais conjuntos na parte norte do oceano Índico com a Rússia e a China."

A autoridade iraniana acrescentou que outros Estados, como o Paquistão e Omã, podem participar nos exercícios militares programados. Bagheri não especificou a data exata dos exercícios. O outono no Hemisfério Norte teve início nesta quinta-feira (22) e termina em 21 de dezembro.

A cooperação entre Moscou, Pequim e Teerã tem crescido nos últimos anos, e essa não será a primeira vez que Rússia, Irã e China realizam exercícios militares conjuntos. A atividade mais recente desse tipo ocorreu em janeiro, quando os três países realizaram exercícios navais coordenados no golfo de Omã.

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