sexta-feira, 6 de janeiro de 2023

Agência Pública

 


Feliz ano novo! 

Após um breve recesso, a Pública está de volta para esse novo ciclo, que vai ser repleto de desafios, mas que já começa um pouco mais tranquilo, com a perspectiva de que alguns dos muitos problemas que acometem os brasileiros comecem a ser solucionados. 

Você deve ter acompanhado as imagens da posse do presidente Lula no último domingo, em Brasília. Eu estava lá e, na newsletter de hoje, quero te contar um pouco do que vi ao testemunhar esse acontecimento histórico. 

O que você sentiu ao ver a posse de Lula? Quais são seus votos para o novo governo, para o Brasil ou para a Pública em 2023? Envie sua mensagem para as Cartas dos Aliados respondendo este email! 

Abraços, 

Giulia Afiune
Editora de Audiências da Pública
Amanhã chegou
por Giulia Afiune

"Apesar de você, amanhã há de ser outro dia." Quantas vezes você cantou as imortais palavras de Chico Buarque ao longo dos últimos quatro anos?

Há alguns dias, amanhã finalmente chegou. Ao vivo na Praça dos Três Poderes, pela TV em suas próprias casas, no streaming pelo celular em seus destinos de férias, milhões de brasileiros viram a História acontecendo diante de seus olhos ao testemunharem o fim do governo Bolsonaro e a posse de Lula como novo presidente do Brasil. 

Eu estava lá em Brasília. Enquanto andava pela Esplanada dos Ministérios, me emocionava ao vê-la tomada por famílias, crianças, jovens, idosos – milhares de pessoas que vieram de todo o país para comemorar o começo dessa nova era na História do Brasil. 

O clima era de alegria, festa e renovação. A violência e o ódio que predominaram na eleição não encontraram espaço na posse. Brilhando forte o dia todo, o sol iluminou as pessoas que cantavam e dançavam, celebrando a perspectiva de um futuro melhor. Aliviados com o fim do período de trevas que aguentamos nos últimos quatro anos, a sensação de quem estava ali era de que, agora, finalmente, "a vida vai melhorar", como cantou Martinho da Vila em um dos shows da noite. 

Na posse, o povo brasileiro foi protagonista. Representado por um grupo de 8 pessoas, subiu a rampa do Palácio do Planalto ao lado do novo presidente. Em um de muitos atos simbólicos, Lula recebeu a faixa presidencial de Aline Sousa, uma mulher negra que trabalha como catadora de materiais recicláveis no Distrito Federal. Contrastando com seu antecessor, Lula se emocionou ao falar das desigualdades que assolam o país e prometeu fazer do combate à fome, mais uma vez, uma prioridade em seu terceiro governo. 

Em meio a abraços calorosos e discursos emocionados, um grito de guerra me chamou a atenção. "Sem anistia! Sem anistia!", entoavam os presentes na mesma melodia que as torcidas usam para cantar "É campeão" em estádios de futebol. Com essas palavras, passaram uma mensagem clara: Bolsonaro pode ter fugido para os Estados Unidos, mas o povo brasileiro não vai esquecer nem perdoar as desgraças que ele promoveu. 

Quase 700 mil mortes na pandemia, fome, desemprego, desmatamento, devastação. Tudo isso está na conta de Bolsonaro e sua trupe. Encerrada a festa da posse, Lula tem pela frente o desafio de reconstruir um país quebrado pela irresponsabilidade e pela desumanidade que reinaram no governo passado. 

Todo mundo sabe que Bolsonaro cometeu crimes. Muitas dessas evidências estão escancaradas, mas muita coisa segue em sigilo e precisa vir à tona. Agora que Jair já foi embora, tá na hora de abrir sua caixa-preta. Tá na hora de descobrir quais crimes Bolsonaro e seu séquito cometeram. Tá na hora de documentar, um por um, os danos que eles praticaram para que os responsáveis possam ser punidos. E é essa a primeira missão da Pública em 2023. Não vai ser fácil, mas juntos vamos conseguir cumpri-la. 

O governo Lula já assinalou que pretende fazer sua parte: pediu que a Controladoria Geral da União (CGU) revise as informações de interesse público que Bolsonaro pôs sob "sigilos indevidos". Em um dos discursos da posse, Lula prometeu que "a Lei de Acesso à Informação (LAI) voltará a ser cumprida." Mesmo que isso aconteça numa velocidade recorde, divulgar os documentos por si só não significa "abrir a caixa-preta": é preciso que jornalistas leiam, analisem, classifiquem e apurem as informações reveladas para descobrir o que Bolsonaro queria tanto esconder. Não basta acabar com o sigilo, é preciso investigação. 
 
Da nossa parte, o compromisso é fazer um mutirão de pedidos de informação e dedicar uma equipe para investigar a fundo esses dados e documentos. Poucas redações no país têm a experiência necessária para fazer jornalismo investigativo de qualidade baseado em documentos – a Pública faz isso há quase 12 anos. 

Aliás, não teríamos chegado aqui sem você. As doações dos Aliados são essenciais para manter a Pública de pé e funcionando, claro, mas igualmente importante é o apoio que vocês demonstram nas mensagens, nas Cartas dos Aliados, em críticas construtivas. Pode parecer clichê, mas é verdade: junto com você somos mais fortes. E essa força foi primordial para atravessarmos os últimos anos de cabeça erguida, fazendo jornalismo comprometido com os direitos humanos. 

Agora, para realizarmos a missão de abrir a caixa-preta do governo Bolsonaro, quero te pedir uma ajuda singela: convidar um amigo para se tornar Aliado da Pública. Você pode encaminhar esse email ou enviar a mensagem que incluímos ao final da newsletter. Precisamos chegar a 2 mil apoiadores para fazer os investimentos necessários para tirar esse projeto do papel. Se metade das pessoas que receberam esse email conquistarem um novo Aliado, vamos conseguir viabilizá-lo. 

Vamos juntos abrir a caixa-preta do Bolsonaro? A hora é agora.

 
Giulia Afiune é Editora de Audiências da Agência Pública

Rolou na Pública
 

Mapa dos agrotóxicos. Levantamento inédito da Agência Pública e Repórter Brasil, lançado em dezembro do ano passado, mostra que 14 mil pessoas foram intoxicadas por agrotóxicos durante o governo Bolsonaro. Acesse o mapa das intoxicações e confira quantos casos e mortes foram registrados no seu município. O levantamento foi republicado no UOL, no Instituto Fome Zero e na Revista Galileu

Melhores do ano. A Pública teve três reportagens mencionadas em listas internacionais de melhores reportagens de 2022. A matéria sobre a máquina oculta de propaganda do iFood entrou na lista de melhores histórias relacionadas à tecnologia do Rest of World. O Mapa dos Agrotóxicos está na lista do Unearthed de melhores do jornalismo ambiental. Nossa reportagem sobre violência nas eleições também foi listada entre os melhores trabalhos de jornalismo de dados pelo site DataJournalism.com, do European Journalism Centre.

Oportunidades para 2023. A Pública está com duas chamadas abertas para microbolsas de reportagem! As inscrições para as Microbolsas sobre exploração de petróleo e mudanças climáticas, em parceria com a WWF-Brasil, foram prorrogadas até 20 de janeiro. Também está aberta a segunda chamada das Microbolsas para repórteres indígenas; as inscrições vão até 31 de janeiro. Venha fazer reportagens com a gente! 

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