A Associação Médica Brasileira (AMB) deu seu tiro de misericórdia
contra o programa Mais Médicos e o governo brasileiro. Em comunicado divulgado
nesta quinta-feira 13, a entidade anuncia criar um programa de apoio a médicos
estrangeiros que atuam no programa, mas que estejam insatisfeitos. O plano
consiste em divulgar uma cartilha com o passo a passo de como agir para
abandonar o programa e oferecer assessoria jurídica para quem quiser pedir
refúgio/asilo político.
O Programa de Apoio ao Médico Estrangeiro da AMB visa "a proteção
da liberdade e integridade dos profissionais trazidos de outros países pelo
Governo Federal através do Programa Mais Médicos", segundo a nota. "O
objetivo da entidade é atender médicos, tanto de Cuba como de outras
nacionalidades, que necessitem de orientação caso haja insatisfação no Programa
Mais Médicos pelas condições a que estão submetidos, assim como desejem
solicitar refúgio/asilo político", diz ainda o texto.
Na semana passada, a entidade ofereceu emprego à médica cubana Ramona
Rodríguez, primeira que anunciou estar abandonando o Mais Médicos, segundo ela,
por ter descoberto que o salário dos cubanos era inferior ao dos outros
estrangeiros. Outros casos foram noticiados depois pela imprensa, mas não se
sabe os motivos de cada um, como aconteceu com Ramona. Agora, desligada
oficialmente do programa, ela trabalha na AMB como auxiliar administrativa e
recebe um salário de R$ 3 mil.
A associação, que é presidida por Florentino Cardoso, se coloca ainda à
disposição dos desertores estrangeiros para oferecer um curso que preparatório
para o Revalida – exame obrigatório para que estrangeiros exerçam a medicina no
País, além de aulas de português e o apoio de outras entidades médicas.
Crítico do Mais Médicos, assim como os presidentes de outras entidades
da classe médica brasileira, como Roberto D´Ávila, do Conselho Federal de Medicina,
Florentino Cardoso afirmou, em maio de 2013, no auge das discussões sobre a
contratação de cubanos pelo governo brasileiro, que o Brasil queria
"trazer a escória". Leia abaixo reportagem publicada pela Agência
Câmara na época:
Associação médica diz que Brasil quer trazer a "escória"
O presidente da Associação Médica Brasileira, Florentino Cardoso,
criticou as informações que levam as pessoas a acreditar que o "caos
instalado na saúde pública brasileira é causado pelos médicos". Cardoso
participa de audiência pública na Câmara que debate a contratação e a entrada
de médicos estrangeiros no Brasil.
"Isso é uma inverdade. O que acontece e o subfinanciamento do
setor. A cada ano, o governo coloca menos recursos para a área de Saúde. Além
disso, existem vários municípios no País que não teriam condições de se
manter" disse.
Ao referir-se aos médicos formados em Cuba, Cardoso afirmou que "o
Brasil quer trazer a escória". "Desafio a quem quer que seja mostrar
a excelência da medicina cubana. Os médicos formados lá estudam quatro anos,
mas, para poderem exercer a profissão naquele próprio país, têm que estudar
mais dois anos em outra faculdade."
Ele afirmou ainda que a associação não é contra a vinda de médicos do
exterior, desde que passem por um crivo adequado. "Dizem que o Reino Unido
tem 40% dos médicos estrangeiros. Perguntem quais as condições de trabalho que
encontraram lá, e se não foram avaliados antes de começarem a atuar. Perguntem
também qual a remuneração que recebem", destacou.
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