quarta-feira, 16 de abril de 2014

Na Paraíba real. Artigo de Rubens Nóbrega










Na Paraíba real...


Na Paraíba real, uma senhora de 74 anos sai de casa para assistir ao culto dominical e encontra a morte a caminho da igreja. Teve o crânio esmagado por supostos assaltantes. O fato aconteceu em Sertãozinho, região de Guarabira.
Na Paraíba real, para não fugir da rotina, mais um ex-presidiário é executado a tiros no meio da rua despoliciada, mas cheia de gente. Aconteceu no começo da noite de quarta-feira (12), em Cruz das Armas.
Na Paraíba real, uma menina de 14 anos é baleada no meio da tarde, perto de sua casa (em Várzea Nova, Santa Rita), porque estava no lugar errado, na hora errada e mui provavelmente por viver no Estado errado.
Na Paraíba real, a garota de Várzea Nova levou dois tiros - um no braço, outro no tórax. Os disparos tinham como alvo outra pessoa. O fato foi registrado também anteontem, mas é difícil saber se na Paraíba virtual o crime também o será.
Na Paraíba real, na mesma quarta, à noite, uma dona de casa de 60 anos é abordada, rendida, amordaçada, amarrada e assaltada ao chegar à sua casa, no Jardim Paulistano, em Campina Grande. O bando faz o rapa e leva o carro da mulher.
Na Paraíba real, em menos de três dias uma família perde dois membros: um rapaz de 23 anos e uma criança de 12. Irmãos, os dois foram assassinados a tiros entre segunda (10) e quarta (12) no Timbó, Capital.
Na Paraíba real, como ocorreu anteontem, cerca de 300 concursados da Polícia Civil vão às ruas da Capital pedir por eles e mais 600 outros colegas a nomeação que o governador prometeu na campanha de 2010 e até hoje não fez.
Na Paraíba real, o Estado conta apenas 1.200 policiais na ativa, quando seriam necessários 5 mil para investigar e combater criminosos em todo o Estado, junto com uma Polícia Militar que precisa de 12 mil homens, no mínimo, e só tem 8 mil.
Na Paraíba real, por essas e outras do governo que temos, a violência real só aumenta e as necessidades mais importantes do povo, começando pela segurança, não são atendidas. Não são atendidas porque não são prioridade de governo.
Na Paraíba real, prioridade de governo é investir mais em propaganda e menos em segurança, em saúde, em educação... Afinal, o argumento do governador para se manter no poder não é o que ele faz, mas o que ele paga para dizer que faz.
Na Paraíba real, mais de R$ 100 milhões do erário já foram gastos para vender uma Paraíba ideal que só existe na publicidade de governo e, claro, na cabeça, na pose e no discurso do governador ou de seus bajuladores mais bem aquinhoados.

Contas a reprovar
O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) não pediu a reprovação das contas 2012 de Ricardo Coutinho apenas e tão somente porque ele desrespeitou a Constituição e não aplicou em educação o mínimo de 25% da receita líquida estadual. Tem outro motivo muito forte para a recomendação ministerial, mas esse vou deixar pr’amanhã.
Por enquanto, retomando a questão dos percentuais calculados pelos auditores nos gastos com educação naquele exercício, não deixa de ser curioso reparar e registrar a diferença entre cálculos feitos pelos próprios conselheiros do TCE para se postar dessa ou daquela forma na votação que terminou por aprovar, ‘com ressalvas’, a prestação de contas do governador.

Veja como ficaram
-Governo do Estado = 25,20%
-Auditoria (Incluindo gastos com ensino superior) = 24,22%
-Auditoria (Sem gastos com ensino superior) = 20,83%
-Relator Arthur Cunha Lima = 26,29%
-Conselheiro Arnóbio Viana = 25,06%
-Conselheiro Nominando Diniz = 25,26%
-Conselheiro Fernando Catão = 24,58%
-Conselheiro Umberto Porto = 25,34%

No que importa...
A fonte que me passou os ‘cálculos’ dos conselheiros e o confronto com os cálculos dos auditores acresceu as observações que reproduzo adiante. Endosso cada palavra, todas da maior relevância para o leitor refletir mais um pouco sobre o embate entre a Paraíba real e a Paraíba ilusória de Ricardo Coutinho.
***
Vemos que há um total desentendimento nos cálculos realizados, mas todos sabemos que, independentemente do percentual escolhido, a Paraíba já vem pagando a conta destes arranjos numéricos há anos. Basta fazer a seguinte pergunta: a educação na Paraíba melhorou nos últimos anos? Todo ano você verá profundas teses para se chegar a um simples percentual, mas de nada adiantará se os investimentos com educação não forem encarados realmente como investimento e não como despesa. Lamentável.

Quatro cabras de peia
Já tem programa pra hoje à noite? Não? Então, permita-me uma super dica: vá hoje à noite ao Ancoretta, no Visual do Jardim Luna/Brisamar (João Pessoa), assistir ao show do quarteto formado por Paulo Vinicius, Sérgio Gallo, Vandix e Paulinho Ditarso. É música de primeira, no som e na voz de músicos e intérpretes da melhor qualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário