Maduro
faz apelo à paz
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, fez nesta quarta-feira
(02/04) um apelo à paz em seu país em um artigo publicado no jornal New York
Times, no qual pede ao "povo norte-americano" que não puna a
Venezuela. No texto, que tem como título "Um apelo à paz de
Venezuela", o presidente acusa os que organizam os protestos contra o governo
há dois meses de terem como "único objetivo" a "derrubada
inconstitucional do governo eleito democraticamente".
"Os recentes protestos na Venezuela chamaram a atenção da
comunidade internacional. Grande parte da cobertura nos meios de comunicação
internacionais distorce a realidade de meu país e os fatos da atualidade",
afirma Maduro. Segundo o presidente, nos Estados Unidos há uma
"narrativa" apresentada pelo governo deste país na qual "os
manifestantes são amplamente descritos como 'pacíficos', enquanto dizem que o
governo é violento e repressor".
"Na realidade, o governo dos EUA está ao lado do 1% que deseja
arrastar nosso país novamente a uma época na qual os 99% eram excluídos da vida
política e apenas a elite, incluindo as empresas dos EUA, se beneficiava do
petróleo da Venezuela", diz. Neste sentido, Maduro pede que a população do
país apele ao Congresso para que não adote sanções contra a Venezuela. Ele
adverte que as medidas "afetariam os setores mais pobres" da nação.
"Espero que o povo norte-americano, conhecendo a verdade, expresse que a
Venezuela e seu povo não merecem tal castigo, e peçam a seus líderes políticos
que se abstenham de tais sanções".
"A Venezuela precisa de paz. A Venezuela necessita de diálogo e a
Venezuela tem que seguir adiante. Damos as boas-vindas a qualquer pessoa que
sinceramente queira ajudar a alcançar estes objetivos", completou Maduro.
A onda de manifestações contra o presidente venezuelano provocou 39
mortes e deixou mais de 550 feridos em quase dois meses. Segundo Maduro, que
cita "36 pessoas assassinadas", os manifestantes "são
diretamente responsáveis por mais da metade das vítimas fatais".
No texto, Maduro também defende o processo revolucionário iniciado em
1998 pelo falecido ex-presidente Hugo Chávez e da democracia no país. "Desde
1998, o movimento fundado por Hugo Chávez venceu 18 eleições presidenciais,
parlamentares e locais através de um processo eleitoral que o ex-presidente
norte-americano Jimmy Carter chamou de 'o melhor do mundo'", recordou.
"Nós, venezuelanos, nos sentimos orgulhosos de nossa democracia.
Construímos um movimento democrático e participativo a partir da base, que tem
assegurado que tanto o poder como os recursos sejam distribuídos de maneira
equitativa a nosso povo", disse.
Maduro admite que o governo "enfrentou sérios problemas econômicos
nos últimos 16 meses, incluindo a inflação e a escassez de alguns produtos
básicos". Ele também cita o aumento da criminalidade, que está sendo
combatido com "a criação de um novo corpo de polícia nacional". No
final do texto, reitera a posição oficial sobre as manifestações. "A maior
parte dos protestos contra o governo está sendo organizada pelos setores mais
ricos da sociedade, que se opõem e tentam reverter as conquistas do processo
revolucionário que tem beneficiado a imensa maioria do povo venezuelano",
conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário