O impeachment e o Cinismo Tucano
Sebastião Costa*
As pedaladas fiscais nasceram e foram batizadas na pia da incompetência tucana.
Durante o reinado do príncipe, três crisezinhas regionais(México, Asiática, Russa) e o país em todas elas bateu às portas do FMI de cuia na mão.
A missão do Fundo (mandava mais que o Ministro da Fazenda) durante o governo do sociólogo, já de saco cheio de tanta meta descumprida, meteu goela adentro a lei de Responsabilidade Fiscal. As famosas pedaladas vêm a ser um 'drible de corpo' nessa lei. O próprio FHC implantou a Lei e ele mesmo inaugurou essas pedaladas em 2001. Lula entrou no embalo e Dilma, que não é de ferro, pedalou também. Vale referir que os 'dribles de corpo' petistas ajudaram a marcar dois golaços: o Bolsa-família e o Minha Casa Minha Vida.
Não existe um único peessedebista dentro do congresso mais útil ao projeto golpista tucano do que o peemedebista Eduardo Cunha.
Ocorre, que o homem além de 22 processos rolando no STF, foi denunciado pelo Ministério Público com US$ 5 milhões de propina, lavou dinheiro até na igreja e pode ser condenado a 180 anos de reclusão. Mesmo assim, o ex-presidente FHC, que pediu a renúncia da presidenta pelas 'pedaladas fiscais' não abriuo bico nem pra censurar o evangélico. Aliás, todos os peessedebistas que andaram esbravejando no Congresso e nas ruas pedindo o impeachment de Dilma se recolheram num silêncio constrangedor.
Destaque para o superstar midiático Aécio Neves falando em respeito à Constituição para justificar a derrubada de Dilma. Mas cara-pálida, o seu partido além de praticar as ‘pedaladas fiscais'massacrou a nossa pobre carta magna comprando votos de 130 parlamentares com o 'nobre' objetivo de garantir a reeleição do sociólogo.
Na imprensa alternativa fala-se com insistência nos três mosqueteiros - o peemedebista Eduardo '5 mi' Cunha e os tucanos Aécio 'Aeroportos' Neves, Gilmar 'Dantas' Mendes - a comandarem todo o processo de incentivo à derrubada de Dilma.
O peemedebista anda esperneando, mas todas as bússolas apontam para sua cassação. Aécio foi citado pelo doleiro Youssef e carrega nas costas a denúncia de comparecer à Lista de Furnas com 5 milhões e meio de reais.
Já o ministro, apesar de ter no currículo a propina de R$ 180.000 do mensalão mineiro (matéria da Carta Capital ) e de ter libertado corruptos e estupradores, não perde a pose, nem a cara-de-pau. No portal UOL, ele pede que "a Procuradoria-Geral da República e a Polícia Federal investiguem indícios de que recursos desviados da Petrobras ajudaram a financiar a campanha da presidente Dilma Rousseff à reeleição".
Ora, o próprio TSE que ele integra, aprovou em 2014 as contas da presidenta por unanimidade. Sem falar que a campanha de Aécio foi alimentada com os recursos da mesma fonte.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), e a Confederação Nacional do Transporte (CNT), (em conjunto com a OAB e CNS) divulgaram recentemente documento solicitando respeito à Constituição. Do presidente do Itaú-Unibanco Roberto Setúbal em entrevista na Folha: "Pelo que vi até agora, não tem cabimento". O banqueiro se referia ao impeachment e afirmava que não existem motivos para tirar a presidenta.
Um simples olhar no currículo dos mosqueteiros, na leviandade dos argumentos e nas manifestações dos habitantes da Casa-Grande, vai-se concluir queo sonho tucano de subir a rampa do planalto pela escada golpista vai se dissipando no nevoeiro da incoerência e do cinismo.
* Médico
Fonte: Contraponto
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