Engajadas numa tentativa de golpe contra a democracia
brasileira, assim como fizeram em 1964, as três famílias que hoje controlam os
três principais jornais do País, os Frias, os Marinho e os Mesquita, passaram a
se dedicar a um exercício de cinismo. A ordem, agora, é encontrar
personalidades que repitam um truísmo: o de que o impeachment não é golpe por
estar previsto na Constituição – como se a presidente Dilma Rousseff algum
tivesse dito o contrário.
Há dois exemplos no Estado de S. Paulo
de hoje, um no Globo e um no próprio editorial da Folha.
O ponto, no entanto, é que Dilma jamais
negou que o impeachment em si seja um golpe. O que ela e diversos juristas têm
afirmado, assim como políticos com sólida formação jurídica, como o governador
maranhense Flávio Dino, é que um impeachment só se torna um processo legítimo
quando vem acompanhado de um crime de responsabilidade cometido pelo presidente
da República.
Nunca é demais lembrar que o golpe
conduzido por Eduardo Cunha (PMDB-RJ), com apoio da oposição e de diversos
parlamentares acusados de crimes gravíssimos, tem como fundamento as chamadas
"pedaladas fiscais" – algo que, como diz Delfim Netto neste domingo,
ocorre no Brasil desde D. João VI.
Folha, Globo e Estado, que colaboraram
com o golpe militar de 1964 e agora articulam o "golpe institucional"
de 2016, são incapazes de demonstrar um ponto singelo: qual foi o crime de
responsabilidade cometido pela presidente Dilma Rousseff.
Enquanto isso não ocorrer, o
impeachment, ainda que mascarado pela legalidade, não poderá ser chamado de
outra coisa, a não ser o que efetivamente é: um golpe contra a democracia,
apoiado por meios de comunicação que deveriam, em tese, defendê-la.
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