domingo, 27 de março de 2016

Resistência ao golpe Do Informativo Semanal do Prof. Ernesto Germano Pares



Resistência ao golpe (1). Na quinta-feira (24), integrantes da Frente Povo sem Medo e trabalhadores sem teto realizaram um protesto dentro do Shopping Rio Sul, em Botafogo, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O ato faz parte da mobilização nacional da frente e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).
Cerca de 100 manifestantes se reuniram em uma das praças de alimentação, no segundo piso do shopping. Com faixas, bandeiras e um megafone, eles criticaram o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff e a defesa, por setores da população, desse processo, que eles chamaram de golpe.
“É um ato nacional pela democracia e por uma saída à esquerda", disse o organizador do ato, Vitor Guimarães, integrante da Frente e do MTST. "Nós viemos de onde a discriminação contra o povo mais pobre é mais forte”, acrescentou.
Em determinado momento, a situação ficou tensa quando vigilantes do shopping exigiram, sem sucesso, que os manifestantes deixassem o local. Eles responderam que tinham direito de usar o local como qualquer pessoa. A organização do protesto distribuiu pão com mortadela para que os manifestantes pudessem usufruir da praça de alimentação.
A Polícia Militar foi chamada e, depois de uma rápida negociação, os manifestantes se dirigiram à saída do Rio Sul, cantando "Não vai ter golpe". O ato começou ao meio-dia e durou cerca de 40 minutos.
Resistência ao golpe (2). Representantes de quase todas as centrais sindicais brasileiras reuniram-se na quarta-feira (23) em um ato político em defesa da democracia e do Estado de Direito.
O ato começou por volta 16 horas, na Casa de Portugal, no bairro Liberdade, em São Paulo. O ponto alto da atividade foi o discurso do ex-presidente Lula, que foi o último a falar.
“Vou pedir ao Congresso, na semana que vem, seis meses de paciência para provar que esse país voltará a ser o país da alegria. Para discutir uma política que traga esperança”, afirmou Lula. E acrescentou: “não podemos nos dividir entre vermelhos e verde-amarelos”.
Eis as declarações de alguns dos líderes sindicais presentes ao encontro:
VAGNER FREITAS – PRESIDENTE DA UT - “Os mesmos que querem o golpe, querem acabar com carteira assinada, o 13º salário, colocar a terceirização indiscriminada e todo dia mandam deputado conservador no Congresso para tirar direito da classe trabalhadora. Peão que pensa com a cabeça do patrão é piolho, temos que defender nossos interesses e defender a democracia, o mandato da presidenta Dilma e que Lula possa ser ministro para construir o diálogo e o Brasil possa sair da crise”
RICARDO PATAH – PRESIDENTE DA UGT - “Estranho partir do movimento sindical a crença de que qualquer mudança vai nos beneficiar. Podem acreditar que com outro governo que possa vir o movimento sindical está fadado a quebrar, porque somente nós somos capazes de olhar pelos trabalhadores. Não podemos ser ingratos e virar as costas para quem mudou nesse país”
EDSON CARNEIRO (ÍNDIO) – SECRETÁRIO GERAL DA INTERSINDICAL - “Rechaçamos essa intolerância e o caos nas ruas, levando ódio e abrindo portas para o fascismo. A prisão de Lula e a derrubada de Dilma são parte da ofensiva para colocar no Brasil um governo autoritário e para acabar com nossos direitos. O momento é de unidade e mobilização. Não adianta pensar que vão derrubar o governo e vamos nos calar”
ÁLVARO EGEA– SECRETÁRIO GERAL DA CSB - “Presidente Lula, queremos o senhor no governo para derrotar esse golpe e implementar a política de desenvolvimento e para recuperar o emprego. Conte com o apoio dos trabalhadores”
LUIZ GONÇALVES (LUIZINHO) – PRESIDENTE DA NOVA CENTRAL DE SP - “Temos consciência que esse é o melhor governo que tivemos em todos os tempos e não poderíamos ficar em cima do muro e não nos posicionarmos a favor do ex-presidente Lula”
JOÃO CARLOS GONÇALVES (JURUNA) – SECRETÁRIO-GERAL DA FORÇA SINDICAL - “Esse momento é de garantir a democracia, a Constituição, de o companheiro Lula assumir ministério da Casa Civil, porque sabemos será elemento importante dentro do governo para defender causas populares. Às vezes um tranco é muito bom para gerar unidade na ação, de classe e o povo na rua”
ADILSON ARAÚJO – PRESIDENTE NACIONAL DA CTB - “Estamos diante de um Estado agudo da crise no qual a elite conservadora aposta todas as fichas na instabilidade política. A virada política permitiu novo curso do país e essa elite não engoliu a quarta vitória da classe trabalhadora. Estava desenhada a possibilidade de transição mais avançada na aliança com China, Índia e África do Sul em contraposição àqueles que geraram a maior crise da história. Antes que roubem nossos sonhos, sindicatos têm de se transformar em comitês de defesa da democracia”
Resistência ao golpe (3). Durante toda a semana, várias universidades do país realizam ato contra o golpe. Entre os participantes estão estudantes, representantes de movimentos sociais, sindicais, artistas, advogados e juristas. Os atos em defesa da democracia e também do ex-presidente Lula, criticam a atuação do juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato em primeira instância.
MACKENZIE: na Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi realizado um ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na noite de quarta-feira (23), na Rua Maria Antonia, no centro da capital paulista. A ação foi intitulada “Mackenzistas contra o Golpe: A História Não se Repetirá!”. Durante a manifestação, os estudantes leram um manifesto e discursaram sobre um caminhão de som.
PUC-SP: na noite de terça-feira (22), aos gritos de “não vai ter golpe”, milhares de estudantes ocuparam os dois prédios da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Eles cobravam posição da reitoria sobre a ação da polícia do governo Geraldo Alckmin, que na noite anterior, soltou balas de borracha para intimidar estudantes que protestavam contra o impeachment de Dilma Rousseff.
A reitoria da PUC-SP enviou um ofício cobrando resposta do governador Alckmin e do secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre de Moraes.
UNB: já na capital federal, foi lançado um Comitê em defesa da Democracia na UNB (Universidade de Brasília). Os estudantes analisaram a crise política com o tema “Brasil para onde vamos?”, a alertaram sobre o risco de uma “ruptura democrática”.
UFPR: o ato também foi para a Faculdade de Direito da UFPR (Universidade Federal do Paraná), na terça (22), onde leciona o juiz Sergio Moro. Lá foi palco de críticas de juristas, docentes de outras universidades e estudantes sobre as últimas atuações de Moro.
UFPE: em Recife, centenas de manifestantes ocuparam as escadarias da UFPE (Faculdade de Direito de Pernambuco) durante um ato em defesa do estado democrático de direito. Professores acadêmicos protestaram contra "os ataques à democracia brasileira" e discutiram a crise institucional enfrentada pelo país.
USP: no salão nobre da Universidade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) também ficou pequeno para abrigar juristas e representantes dos movimentos sociais no último dia 18, em defesa da democracia e do Estado de Direito.






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