• Resistência ao golpe (1). Na quinta-feira (24), integrantes da Frente Povo sem Medo e
trabalhadores sem teto realizaram um protesto dentro do Shopping Rio Sul, em
Botafogo, na zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O ato faz parte da
mobilização nacional da frente e do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST).
Cerca de 100 manifestantes se reuniram em uma das
praças de alimentação, no segundo piso do shopping. Com faixas, bandeiras e um
megafone, eles criticaram o processo de impeachment da presidenta Dilma
Rousseff e a defesa, por setores da população, desse processo, que eles
chamaram de golpe.
“É um ato nacional pela democracia e por uma saída à
esquerda", disse o organizador do ato, Vitor Guimarães, integrante da
Frente e do MTST. "Nós viemos de onde a discriminação contra o povo mais
pobre é mais forte”, acrescentou.
Em determinado momento, a situação ficou tensa quando
vigilantes do shopping exigiram, sem sucesso, que os manifestantes deixassem o
local. Eles responderam que tinham direito de usar o local como qualquer
pessoa. A organização do protesto distribuiu pão com mortadela para que os
manifestantes pudessem usufruir da praça de alimentação.
A Polícia Militar foi chamada e, depois de uma rápida
negociação, os manifestantes se dirigiram à saída do Rio Sul, cantando
"Não vai ter golpe". O ato começou ao meio-dia e durou cerca de 40
minutos.
• Resistência ao golpe (2). Representantes de quase todas as centrais sindicais brasileiras
reuniram-se na quarta-feira (23) em um ato político em defesa da democracia e
do Estado de Direito.
O ato começou por volta 16 horas, na Casa de Portugal,
no bairro Liberdade, em São Paulo. O ponto alto da atividade foi o discurso do
ex-presidente Lula, que foi o último a falar.
“Vou pedir ao Congresso, na semana que vem, seis meses
de paciência para provar que esse país voltará a ser o país da alegria. Para
discutir uma política que traga esperança”, afirmou Lula. E acrescentou: “não
podemos nos dividir entre vermelhos e verde-amarelos”.
Eis as declarações de alguns dos líderes sindicais
presentes ao encontro:
VAGNER FREITAS – PRESIDENTE DA UT - “Os mesmos que
querem o golpe, querem acabar com carteira assinada, o 13º salário, colocar a
terceirização indiscriminada e todo dia mandam deputado conservador no
Congresso para tirar direito da classe trabalhadora. Peão que pensa com a
cabeça do patrão é piolho, temos que defender nossos interesses e defender a democracia,
o mandato da presidenta Dilma e que Lula possa ser ministro para construir o
diálogo e o Brasil possa sair da crise”
RICARDO PATAH – PRESIDENTE DA UGT - “Estranho partir do
movimento sindical a crença de que qualquer mudança vai nos beneficiar. Podem
acreditar que com outro governo que possa vir o movimento sindical está fadado
a quebrar, porque somente nós somos capazes de olhar pelos trabalhadores. Não
podemos ser ingratos e virar as costas para quem mudou nesse país”
EDSON CARNEIRO (ÍNDIO) – SECRETÁRIO GERAL DA
INTERSINDICAL - “Rechaçamos essa intolerância e o caos nas ruas, levando ódio e
abrindo portas para o fascismo. A prisão de Lula e a derrubada de Dilma são parte
da ofensiva para colocar no Brasil um governo autoritário e para acabar com
nossos direitos. O momento é de unidade e mobilização. Não adianta pensar que
vão derrubar o governo e vamos nos calar”
ÁLVARO EGEA– SECRETÁRIO GERAL DA CSB - “Presidente
Lula, queremos o senhor no governo para derrotar esse golpe e implementar a
política de desenvolvimento e para recuperar o emprego. Conte com o apoio dos
trabalhadores”
LUIZ GONÇALVES (LUIZINHO) – PRESIDENTE DA NOVA CENTRAL
DE SP - “Temos consciência que esse é o melhor governo que tivemos em todos os
tempos e não poderíamos ficar em cima do muro e não nos posicionarmos a favor
do ex-presidente Lula”
JOÃO CARLOS GONÇALVES (JURUNA) – SECRETÁRIO-GERAL DA
FORÇA SINDICAL - “Esse momento é de garantir a democracia, a Constituição, de o
companheiro Lula assumir ministério da Casa Civil, porque sabemos será elemento
importante dentro do governo para defender causas populares. Às vezes um tranco
é muito bom para gerar unidade na ação, de classe e o povo na rua”
ADILSON ARAÚJO – PRESIDENTE NACIONAL DA CTB - “Estamos
diante de um Estado agudo da crise no qual a elite conservadora aposta todas as
fichas na instabilidade política. A virada política permitiu novo curso do país
e essa elite não engoliu a quarta vitória da classe trabalhadora. Estava
desenhada a possibilidade de transição mais avançada na aliança com China,
Índia e África do Sul em contraposição àqueles que geraram a maior crise da
história. Antes que roubem nossos sonhos, sindicatos têm de se transformar em
comitês de defesa da democracia”
• Resistência ao golpe (3). Durante toda a semana, várias universidades do país realizam ato contra
o golpe. Entre os participantes estão estudantes, representantes de movimentos
sociais, sindicais, artistas, advogados e juristas. Os atos em defesa da
democracia e também do ex-presidente Lula, criticam a atuação do juiz federal
Sérgio Moro, responsável pelos inquéritos da Operação Lava Jato em primeira
instância.
MACKENZIE: na Universidade Presbiteriana Mackenzie, foi
realizado um ato contra o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na noite de
quarta-feira (23), na Rua Maria Antonia, no centro da capital paulista. A ação
foi intitulada “Mackenzistas contra o Golpe: A História Não se Repetirá!”.
Durante a manifestação, os estudantes leram um manifesto e discursaram sobre um
caminhão de som.
PUC-SP: na noite de terça-feira (22), aos gritos de
“não vai ter golpe”, milhares de estudantes ocuparam os dois prédios da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica de São Paulo). Eles cobravam posição da
reitoria sobre a ação da polícia do governo Geraldo Alckmin, que na noite
anterior, soltou balas de borracha para intimidar estudantes que protestavam
contra o impeachment de Dilma Rousseff.
A reitoria da PUC-SP enviou um ofício cobrando resposta
do governador Alckmin e do secretário estadual de Segurança Pública, Alexandre
de Moraes.
UNB: já na capital federal, foi lançado um Comitê em
defesa da Democracia na UNB (Universidade de Brasília). Os estudantes
analisaram a crise política com o tema “Brasil para onde vamos?”, a alertaram
sobre o risco de uma “ruptura democrática”.
UFPR: o ato também foi para a Faculdade de Direito da
UFPR (Universidade Federal do Paraná), na terça (22), onde leciona o juiz
Sergio Moro. Lá foi palco de críticas de juristas, docentes de outras
universidades e estudantes sobre as últimas atuações de Moro.
UFPE: em Recife, centenas de manifestantes ocuparam as
escadarias da UFPE (Faculdade de Direito de Pernambuco) durante um ato em
defesa do estado democrático de direito. Professores acadêmicos protestaram
contra "os ataques à democracia brasileira" e discutiram a crise institucional
enfrentada pelo país.
USP: no salão nobre da Universidade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP) também ficou pequeno para abrigar juristas e
representantes dos movimentos sociais no último dia 18, em defesa da democracia
e do Estado de Direito.
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