'O que fizeram com Lula é um atentado aos direitos humanos', diz presidente do Equador

Redação | São Paulo - 09/03/2016 - 08h56

Para Rafael Correa, ação contra ex-presidente brasileiro é parte da "perseguição do 'establishment' das estruturas arcaicas da América Latina"

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O presidente do Equador, Rafael Correa, afirmou na noite desta terça-feira (08/03) considerar que houve violação de direitos humanos na condução coercitiva que levou o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva para depor na última sexta-feira (04/03), no âmbito da Operação Lava Jato da Polícia Federal.

"O que fizeram com Lula é um atentado aos direitos humanos. Eles acreditam que Lula vai fugir se for intimado a depor, jamais! No entanto, foram inspecionar sua casa, o levaram detido à força para que prestasse depoimento", afirmou.

Reprodução/Facebook (jul.2014)

Lula, já fora do cargo de presidente do Brasil, e Correa, durante encontro em 2014

A jornalistas, Correa afirmou que ação contra Lula é parte da "perseguição do 'establishment' das estruturas arcaicas da América Latina" contra líderes de esquerda.  Para o líder equatoriano, todo esse procedimento contra Lula foi "para humilhá-lo, para desprestigiá-lo".

Correa, que se declara como um humanista de esquerda, disse que os governos progressistas enfrentam agora "uma direita que estava atordoada, totalmente perdida pelas derrotas que tinha sofrido", mas que se articulou "internacionalmente, com o apoio descarado de meios de comunicação nacionais e internacionais".

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Ele citou os casos que vê como semelhantes, tais como os da Bolívia, da Venezuela e da Argentina, e chegou a dizer que a estratégia dos grupos poderosos de direita é manter um discurso de “saudade do passado”.

"Se vê que há uma audácia, uma nova ofensiva dessa direita, com mais presunções", que repete o mesmo discurso em todo o continente e que optou pelo caminho da "judicialização da política", disse.

Mídia Ninja

Lula foi levado à força para depor na última sexta-feira (4 de março)

Segundo ele, essa questão só se resolve quando a esquerda estiver unida para “estar articulada, com discurso, com estratégia", afim de conter os grupos de direita.

O presidente do Equador lembrou que manteve na semana passada uma reunião com pensadores de esquerda da América Latina, entre eles o ex-presidente uruguaio José Mujica, na qual foram analisados esses assuntos, mas não deu mais detalhes sobre o encontro.