Vivemos
momentos decisivos para a democracia brasileira. Os próximos dias vão mostrar,
com clareza, quem honra e respeita a democracia conquistada com grandes lutas,
e quem não se importa em destruir o regime democrático por meio da ilegítima
destituição de uma presidenta eleita com 54 milhões de votos pelo povo
brasileiro.
Por isso,
muito me alegra estar hoje com vocês para, juntos, tomarmos posição clara em
defesa da democracia, da legalidade e do Estado Democrático de Direito.
Estamos aqui para denunciar um golpe. Estamos
juntos, aqui, para barrar, com nossa posição enérgica, uma tentativa de golpe
contra a República, contra a democracia e contra o voto popular.
Uma tentativa
de golpe contra as universidades públicas, contra a educação pública gratuita.
Vou repetir o
que disse aqui mesmo, em momentos anteriores: o golpe não é contra mim, embora
tentem construí-lo por meio do impeachment.
O golpe é
contra o projeto de Brasil que represento.
É contra tudo
aquilo que, nos últimos 13 anos, temos feito com apoio do povo e com o trabalho
incansável dos movimentos sociais e de brasileiras e brasileiros como vocês.
O golpe é
contra as conquistas da população e contra o protagonismo assumido pelo povo
brasileiro nestes 13 anos. Protagonismo exercido no acesso à renda e a
empregos, na inclusão social e na redução das desigualdades e, sem dúvida, na
democratização do acesso à educação.
Vocês sabem,
por viverem isto em seu cotidiano, que a educação é transformadora. Educação
para todos – mulheres e homens, negros e brancos, pobres e ricos, cidadãos de
todas as regiões. Educação que é parte intrínseca da construção de uma nação
democrática.
O efetivo
direito à educação transforma as pessoas, reorganiza a sociedade, muda o País.
Para alguns, isto é ameaçador. Para nós, é a necessária semente de um Brasil de
oportunidades para todos.
Por isso, nos
últimos 13 anos, demos prioridade aos investimentos em educação. Lembro alguns
resultados dessa escolha, até porque nunca os vemos na imprensa.
Criamos 18
universidades e 173 campus universitários. Implantamos 422 novas escolas
técnicas federais.
Contratamos 49 mil professores, por concurso,
para fazer frente à expansão e interiorização dessa rede federal,
Quatro
milhões de jovens entraram nas universidades privadas graças ao ProUni e ao
FIES. Com o Pronatec, 9 milhões e 500 mil jovens e trabalhadores fizeram cursos
de formação profissional – e serão mais 2 milhões este ano.
Aprovamos o
FUNDEB e o Plano Nacional de Educação. Apoiamos Estados e municípios na
expansão da rede de creches e pré-escolas, na garantia de transporte escolar e
na implantação do ensino em tempo integral.
Estes são
alguns exemplos de nossos investimentos em educação, que cito para mostrar que
estamos dando consistência ao conceito de Pátria Educadora.
Pátria
Educadora é educação para todos. É acesso democrático à educação. Não só nas
capitais, não só nos estados mais ricos, não só para os que têm mais renda.
Pátria
Educadora é dar à universidade e à escola brasileira a cara e as cores do nosso
povo. Pela primeira vez em nossa história, jovens pobres estão entrando nas
universidades públicas e nas particulares, e estão ganhando bolsas no exterior
– e é bom que se diga que estão aproveitando bem este direito. As crianças e os
jovens de famílias beneficiárias do Bolsa Família estão estudando mais e com
desempenho escolar cada vez melhor.
Hoje, 35%
daqueles que concluem os cursos universitários são os primeiros em suas
famílias a chegar a um curso superior e se formar.
Repito: para
nós, educação é uma maneira de transformar vidas, promover igualdade de
oportunidades, aumentar salários e renda e ampliar a competitividade da
economia. Fizemos muito, e também no caso da educação vale nosso lema: é só um
começo. Há ainda muito a fazer, e a continuação desse projeto depende do
respeito à soberania do povo e à democracia.
Minhas amigas
e meus amigos,
Vivemos
tempos estranhos e preocupantes. Tempos de golpe, de farsa e de traição.
Ontem, utilizaram a farsa do vazamento para
difundir a ordem unida da conspiração.
Agora,
conspiram abertamente, à luz do dia, para desestabilizar uma presidenta
legitimamente eleita. Acusam-me de usar expedientes escusos para recompor a
base de apoio do governo, me julgando pelo seu espelho, pois são eles que usam
tais métodos. Caluniam enquanto leiloam posições no gabinete do golpe,no
governo dos sem voto.
Ontem, ficou
claro que existem, sim, dois chefes do golpe, que agem em conjunto e de forma
premeditada.
Como muitos brasileiros, tomei conhecimento –
e confesso que fiquei chocada – com a desfaçatez da farsa do vazamento, que
foideliberado, premeditado. Vazando para eles mesmos, tentaram disfarçar o que
era um anúncio de posse antecipada,subestimando a inteligência dos brasileiros.
Até nisso são
golpistas, sem ética e sem respeito pela democracia porque estou no pleno
exercício de minha função de Presidenta da República.
Vejam só,
antes sequer da votação do inconsistente pedido de impeachment, foi distribuído
um pronunciamento em que um dos chefes da conspiração assume a condição de
Presidente da República. De que base legal retirou a legitimidade e a
legalidade de seu gesto? Na verdade, explicitou, com esta atitude, o desapreço
que tem pelo Estado Democrático de Direito e por nossa Constituição. Atropelou
os ritos em curso no Congresso Nacional, em clara demonstração de desrespeito
pelo Legislativo.
O gesto que
revela a traição a mim e à democracia ainda explicita que esse chefe
conspirador também não têmcompromissos com o povo.
É capaz de
anunciar que está pensando em manter as conquistas sociais dos últimos anos.
Pensando! E avisa que será obrigado a impor sacrifícios à população.
Pergunto eu
com que legitimidade?
É uma atitude
de arrogância e desprezo pelo povo – do qual certamente tentará retirar
direitos que, sem o golpe, seriam inalienáveis.
Se ainda
havia alguma dúvida sobre a traição em curso, não há mais. Se havia alguma
dúvida sobre a minha denúncia de que há um golpe de estado em andamento, não pode
haver mais.
Os
golpistastêm chefe e vice chefe assumidos. Um é a mão, não tão invisível assim,
que conduz com desvio de poder e abusos inimagináveis o processo de
impeachment. O outro, esfrega as mãos e ensaia a farsa do vazamento de um
pretenso discurso de posse.
Cai a máscara
dos conspiradores. O Brasil e a democracia nãomerecem tamanha farsa.
O fato é que
os golpistas que se arrogam a condição de chefe e vice chefe do gabinete do
golpe estão tentando montar uma fraude
para interromper, no Congresso, o mandato que me foi conferido pelos
brasileiros.
Na verdade,
trata-se da maior fraude jurídica e política de nossa história. Sem ela, o
impeachment sequer seria votado.
O relatório
da Comissão do Impeachment é o instrumento dessa fraude. O relatório é tão
frágil, tão sem fundamento, que chega a confessar que não há indícios ou provas
suficientes das irregularidades que tentam me atribuir.
Pretendem
derrubar, sem provas e sem justificativa jurídica, uma Presidenta eleita por
mais de 54 milhões de eleitores.
Pretendem
rasgar os votos de milhões de eleitores, não apenas dos que votaram em mim, mas
de todos os que, ao participar da eleição, respeitaram a democracia
representativa.
O impeachment
sem crime de responsabilidade e sem provas, cometido contra uma presidenta
legítimamente eleita na jovem democracia brasileira, abrirá caminho para
governos sem voto, formados à revelia da manifestação do eleitor.
O impeachment
sem crime será um golpe de estado no exato e lamentável sentido da expressão.
A quem
interessa usurpar do povo brasileiro o sagrado direito de escolher quem o
governa?
Como
acreditar num pacto de salvação ou de unidade nacional, sem sequer uma gota de
legitimidade democratica?
Como acreditar que haverá sustentação para tal
aventura?
Com farsas,
fraudes e sem legitimidade ninguém pacifica, ninguém concilia, ninguém constrói
unidade para superação de crises. Só as agrava e aprofunda.
Amigas e
amigos,
Agradeço
muito a solidariedade de vocês. Agradeço ainda mais o apoio à democracia e à
legalidade. Peço que vocês, que todos nós e o povo brasileiro estejamos atentos
e vigilantes nos próximos dias.
Os golpistas
tentarão de tudo. Tentarão nos intimidar. Tentarão nos tirar das ruas. Usarão
todos os artifícios possíveis.
Novos
vazamentos ilegais e facciosos podem acontecer. Novas acusações sem provas
serão feitas e amplificadas por manchetes escandalosas. Sofrerei novas calúnias
e novos ataques desesperados.
Fiquem
atentos. Mantenham-se unidos. Não aceitem provocações. Não se deixem enganar
por manobras mentirosas de última hora. Atuem com calma e em paz.
A verdade
haverá de prevalecer. O impeachment não vai passar. O golpe será derrotado.
Em defesa da
democracia, milhões de brasileiras e brasileiros estão se mobilizando por todo
o País, movidos por uma multiplicidade extraordinária de sons e lideranças.
Como cantou
Beth Carvalho, no ato dos artistas, no RJ, afirmando que “#não vai ter golpe de
novo#
“Sem dividir
o coração, vamos honrar nossa raiz
Democracia é
o que a gente sempre quis”
Muito
obrigado pela presença de todos.
Viva a
democracia.
Viva o Brasil
que faz da educação o caminho para a igualdade entre os cidadãos.
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