terça-feira, 24 de maio de 2016

Em Roma, brasileiros fazem manifestação contra golpe e governo interino de Michel Temer

Em Roma, brasileiros fazem manifestação contra golpe e governo interino de Michel Temer

Manifestantes se reuniram no centro da capital italiana nesta quinta-feira; 'Não é porque moro no exterior que vou deixar de me manifestar', diz brasileira
Brasileiros de várias regiões da Itália e italianos solidários ao Brasil se reuniram na tarde desta quinta-feira (19/05) em Roma para se manifestar em defesa da democracia e contra o processo de impeachment contra a presidente brasileira, Dilma Rousseff.
O protesto, que reuniu cerca de 50 pessoas, começou às 17h30 (12h30 em Brasília) e agitou as ruas do centro da capital italiana. Por mais de duas horas, a manifestação foi o centro da atenção de quem passava pela Piazza Vidoni, local do protesto.
Janaina Cesar / Opera Mundi

Parte do grupo de brasileiros e italianos que participaram do ato em Roma pela democracia no Brasil
Os brasileiros entoaram palavras de ordem contra o presidente interino do Brasil, Michel Temer, e ergueram cartazes com frases como “Não vai ter golpe” e “Fora Temer”. Eles também cantaram músicas brasileiras como “Isso aqui o que é”, de Ary Barroso. 
“Devido à situação política em que o Brasil se encontra, me uni a outros brasileiros em solidariedade ao nosso país. Não é porque moro no exterior que vou deixar de me manifestar, de ser contra o golpe, porque é um golpe o que está acontecendo no Brasil”, disse Elisiane Filipetto, que trabalha como secretária e mora em Roma há 11 anos.
Janaina Cesar / Opera Mundi

Brasileiros e italianos solidários ao Brasil participaram de ato em Roma
Já a manifestante Helga Almeida, que faz doutorado sanduíche na universidade La Sapienza, em Roma, diz que seus estudos na capital italiana se devem a uma “oportunidade” proporcionada pelo governo Dilma, já que estuda com bolsa dada pela Fundação Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do Ministério da Educação. “Eu quero o fim desse governo ilegítimo, que expulsou a primeira presidente mulher democraticamente eleita”, afirmou.
A jornalista brasileira Marcia Villanova veio de Arezzo, cidade a 250 quilômetros de Roma, para a manifestação na capital italiana. Ela diz ser “muito importante” que os brasileiros que moram fora do país, mesmo estando longe, revindiquem seus direitos. “A atual conjuntura é perigosa. Temos um governo não eleito, que montou um executivo formado por homens, sem nenhuma representação feminina e nem das minorias e que a cada dia apresenta uma violação aos direitos conquistados”, diz Márcia. 

Crise política provoca 'divisão dramática' do país, diz cineasta brasileiro no Festival de Cannes

CIDH expressa 'profunda preocupação' por 'retrocesso em direitos humanos' no governo Temer

Ao tomar posse, José Serra diz que Itamaraty priorizará relações com Argentina, China e Índia

PUBLICIDADE
Janaina Cesar / Opera Mundi

Brasileiros em Roma gritaram "Fora Temer" e "Golpe Nunca Mais"
A jornalista destaca também o fim da Controladoria-Geral da União, que Temer transformou em Ministério subordinado à Presidência, retirando assim sua independência do governo. “Queriam o fim o da corrupção e acabaram com o principal órgão de combate a ela”, afirmou.
A manifestação foi organizada pelo grupo Brasileiros em Roma através das redes sociais. Thiago Bianchini, que mora há seis anos na Itália, foi um dos responsáveis pelo ato. “A ideia surgiu espontaneamente. A gente vê o que está acontecendo no país e não pode ficar quieto”, diz Bianchini, que cursa cinema na La Sapienza e não é bolsista. “O governo era cheio de defeitos, mas fez o Brasil caminhar favorecendo a população mais pobre. Como brasileiro meu coração se aperta em imaginar que o povo vai sofrer ainda mais”, disse Bianchini, para quem a “ponte para o futuro” proposta por Temer é “na verdade uma ponte para o passado e para a destruição dos direitos sociais”.
Janaina Cesar / Opera Mundi

Thiago Bianchini, um dos organizadores do evento: "
A gente vê o que está acontecendo no país e não pode ficar quieto"
O grupo afirmou não se tratar de uma manifestação a favor do PT, mas contra a perda de direitos sociais. “Não sou petista, não votei no PT e não estou aqui porque sou a favor da Dilma, mas porque ela sofreu um golpe e a nossa democracia está correndo um sério perigo”, disse Bianchini.
A manifestação recebeu o apoio do Partido da Refundação Comunista, representado pelo secretário nacional do partido italiano, Paolo Ferrero, presente no ato. “Viemos prestar nosso apoio à presidente Dilma porque o que aconteceu no Brasil foi um golpe. Precisamos dar um basta nessa tendência da direita latino-americana e dos Estados Unidos de desestabilizar governos progressistas. Estamos novamente nos anos 1970, dessa vez não com os militares, mas com um golpe institucional. O povo da América Latina escolheu governos progressistas e tem o direito de continuar vivendo sob essa ótica de justiça e independência”, disse Ferrero.
Janaina Cesar / Opera Mundi

Manifestantes lembraram também a falta de mulheres no gabinete ministerial de Temer
A secretaria de segurança pública de Roma destacou cerca de 10 policiais, três deles à paisana, para acompanhar a manifestação, que ocorreu pacificamente. Um único momento de tensão se deu quando um brasileiro contrário ao evento passou pelo local e xingou os manifestantes, que não revidaram a provocação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário