Pacto com o
Supremo para “estancar sangria” da Lava Jato
Romero Jucá revela o acordo do golpe
As gravações do diálogo entre o homem
forte de Michel Temer, o ministro do Planejamento Romero Jucá, e o
ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, são muito mais graves que a feita
com o ex-senador Delcídio do Amaral e deveria, se o Supremo Tribunal Federal
tivesse ainda um pingo de pudor, levar não só à prisão de Jucá, mas à anulação
de todos os atos praticados sob o comando do PMDB para afastar Dilma Rousseff.
“Tem que resolver essa porra. Tem que
mudar o governo para estancar essa sangria”, diz Jucá, um dos articuladores do
impeachment de Dilma. Machado respondeu que era necessária “uma coisa política
e rápida”.
No texto, revelado pela Folha, “essa
porra” são as investigações sobre Machado, um dos operador do PMDB dentro do
complexo Petrobras, afastado por Dilma,
Mas não para aí:
“Jucá acrescentou que um eventual
governo Michel Temer deveria construir um pacto nacional “com o Supremo, com
tudo”. Machado disse: “aí parava tudo”. “É.Delimitava onde está, pronto”,
respondeu Jucá, a respeito das investigações.
O senador relatou ainda que havia
mantido conversas com “ministros do Supremo”, os quais não nominou. Na versão
de Jucá ao aliado, eles teriam relacionado a saída de Dilma ao fim das pressões
da imprensa e de outros setores pela continuidade das investigações da Lava
Jato.”
JUCÁ – [Em voz baixa] Conversei ontem
com alguns ministros do Supremo. Os caras dizem ‘ó, só tem condições de [inaudível]
sem ela [Dilma]. Enquanto ela estiver ali, a imprensa, os caras querem tirar
ela, essa porra não vai parar nunca’. Entendeu? Então… Estou conversando com os
generais, comandantes militares. Está tudo tranquilo, os caras dizem que vão
garantir. Estão monitorando o MST, não sei o quê, para não perturbar.
Como é, senhores ministros do Supremo?
Quer dizer que o esquema golpista já havia “mantido conversas” com os senhores?
Não foi exatamente isso que fez os senhores correrem a prender Delcídio do Amaral,
numa gravação igualzinha?
Pior, aliás, porque ali se tratava de
livrar uma pessoa e, agora, trata-se de uma conversa para dar um golpe de
Estado.
Vão fazer cara de paisagem ou aplicar
rigor igual para Jucá?
Pior, porque agora, se as gravações foram
obtidas de maneira legal, desde março a PGR tem conhecimento pleno da
conspiração.
Que, deixa claro o que diz Jucá,
envolveu também os tucanos:
MACHADO – A situação é grave. Porque,
Romero, eles querem pegar todos os políticos. É que aquele documento que foi
dado…
JUCÁ – Acabar com a classe política para
ressurgir, construir uma nova casta, pura, que não tem a ver com…
MACHADO – Isso, e pegar todo mundo. E o
PSDB, não sei se caiu a ficha já.
JUCÁ – Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes,
senador], [o hoje ministro José] Serra, Aécio [Neves, senador].
MACHADO – Caiu a ficha. Tasso
[Jereissati] também caiu?
JUCÁ – Também. Todo mundo na bandeja
para ser comido.
Machado, que era do PSDB antes de aderir
ao PMDB e entrar na cota do partido dentro do Governo Lula, devasta também
Aécio Neves, relata a Folha:
Sérgio Machado, que foi do PSDB antes de
se filiar ao PMDB, afirma que “o primeiro a ser comido vai ser o Aécio [Neves
(PSDB-MG)”, e acrescenta: “O Aécio não tem condição, a gente sabe disso, porra.
Quem que não sabe? Quem não conhece o esquema do Aécio? Eu, que participei de
campanha do PSDB…”.
“É, a gente viveu tudo”, completa Jucá,
sem avançar nos detalhes.
Machado tenta refrescar a memória de
Jucá: “O que a gente fez junto, Romero, naquela eleição, para eleger os
deputados, para ele [Aécio] ser presidente da Câmara?” Não houve resposta de
Jucá. Aécio presidiu a Câmara dos Deputados entre 2001 e 2002.
Tem mais, muito mais e daqui a pouco eu
volto para comentar.
Inclusive se esta manhã vai terminar com
alguém preso, como foi com Delcídio.
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