Movimentos sociais na mira
dos golpistas
Altamiro Borges
A britânica Margaret Thatcher e o ianque Ronald Reagan não vacilaram em
"quebrar a espinha dorsal" do sindicalismo para inaugurar este
projeto no chamado primeiro mundo. No triste reinado de FHC, a truculência
contra as lutas dos trabalhadores também foi a tônica - é só lembrar da
ocupação das refinarias da Petrobras pelas tropas do Exército e das chacinas
dos sem-terra. Se neoliberalismo não combina com democracia, imagine-se em um
governo fruto de um "golpe dos corruptos", sem qualquer legitimidade.
Para se manter no Palácio do Planalto, o
Judas Michel Temer terá que agir com a violência típica dos fascistóides. Não é
para menos que o terreno já está sendo pavimentado. Na semana retrasada, antes
de ser afastado do mandato e da presidência da Câmara Federal, Eduardo Cunha
aprovou a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar a
União Nacional dos Estudantes (UNE). A CPI foi proposta pelo deputado Pastor
Marco Feliciano (PSC), famoso por seus chiliques direitistas e pelo seu
narcisismo patético. O objetivo da comissão será apurar "as atitudes tidas
como suspeitas" em convênios da entidade com órgãos federais e "o
destino da receita proveniente da confecção das carteiras de estudante nos
últimos cinco anos". Na prática, a intenção é criminalizar a UNE, que tem
ocupado um posto de destaque nas mobilizações de rua contra o "golpe dos
corruptos".
Com o mesmo intento autoritário, o
presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado Marcos Montes
(PSD-MG), afirmou recentemente que sugeriu ao Judas Michel Temer "mudanças
na Constituição para permitir que o Exército atue na repressão aos movimentos
sociais do campo, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
(MST)", relata o Jornal do Brasil. Inimigo raivoso da presidenta Dilma,
que "financia os desordeiros do campo", o ruralista esbanjou cinismo
ao propor ações repressivas mais enérgicas contra os que lutam pela reforma
agrária e pelo fim da escravidão do latifúndio. "Precisamos defender a
propriedade", argumentou o ruralista admirador de Michel Temer.
Outras medidas de cunho fascista também
estão no forno. A bancada patronal, por exemplo, há muito tempo propõe ações
para asfixiar financeiramente os sindicatos. Um dos projetos em discussão é de
autoria do senador José Serra, agora empossado como Ministro das Relações
Exteriores do Judas, que prega o fim do desconto em folha de pagamento das
mensalidades dos sindicalizados. A iniciativa se somaria ao projeto que
extingue todas as contribuições compulsórias dos trabalhadores. Também já estão
sendo debatidas medidas para inibir a ação do Movimento dos Trabalhadores Sem
Teto (MTST) e de outras entidades que lutam pela moradia. Os fascistas não
toleram as vozes discordantes.
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