Informativo Semanal
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Organizado por Ernesto Germano
Nº 658 – 19 de junho de
2016
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Emprego
e renda.
A crise econômica se agravou e fez crescer o nível de
desemprego no Brasil, principalmente entre os mais jovens. Levantamento
elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Avançada (Ipea) aponta que um
entre quatro brasileiros com menos de 25 anos está desempregado. O estudo
também mostra que, no universo das pessoas atingidas pelo desemprego, a
situação é mais grave no Nordeste, entre mulheres e jovens, entre pessoas com
ensino médio incompleto e moradores das regiões metropolitanas. Esse grupo
também é composto principalmente por pessoas que não são chefes de família.
O detalhamento feito pelo Grupo de Conjuntura da
Diretoria de Estudos e Políticas Macroeconômicas do Ipea aponta que o
porcentual dos brasileiros entre 14 e 24 anos que não possuem emprego subiu de
20,89% no 4º trimestre de 2015 para 26,36% no 1º trimestre deste ano. “Após
atingir um pico de 44% no terceiro trimestre de 2012, os jovens ocupados eram
apenas 37% no primeiro trimestre de 2016”, aponta a Carta de Conjuntura do Ipea
referente ao mês de junho.
Com o aumento do desemprego, a renda média do
trabalhador ficou praticamente estável, em contraste a uma taxa de inflação que
oscila ao redor de 10% ao ano. “A média dos rendimentos no primeiro trimestre
ficou em R$ 1.974,00, apenas R$ 5 maior que a média do último trimestre de
2015, porém bastante abaixo dos R$ 2.040,00 observados no início de 2015 e
final de 2014”, aponta o documento. No trimestre encerrado em abril, o
rendimento médio já havia caído mais um pouco, para R$ 1.962,00.
• Mais sobre a Reforma da Previdência. O governo provisório acelera o passo para a provar a
Reforma Previdenciária e muitos dos pontos já são conhecidos. Entre outras
coisas, pretende substituir a aposentadoria por tempo de contribuição por uma
regra que soma idade e tempo de serviço. Atualmente, um trabalhador precisa
comprovar 35 anos (homem) de recolhimento para o INSS e 30 anos (mulher) para
ter a concessão do benefício. A proposta em estudo prevê acabar com o fator
previdenciário, mas manter a Fórmula 85/95.
Mas, pelo modelo que está sendo criado, a regra iria
progredindo um ponto a cada dois anos para as mulheres e um ponto a cada três
anos para os homens até chegar a 105 pontos para cada um. O documento alega que
26,8% dos trabalhadores se aposentaram em 2013 por tempo de serviço. A idade
média era de 54 anos, sendo 52 anos para mulheres e 55 anos para homens.
No caso da aposentadoria por idade, a proposta atual
aumenta o tempo mínimo de contribuição para ter direito à aposentadoria por idade
dos atuais 15 anos para 20 anos. De imediato, o período de carência sobe para
16 anos e a partir de então mais três meses por ano até atingir os 20 anos de
recolhimento ao INSS. O valor do benefício será de 65% mais 1% por cada ano de
contribuição. Alteração por lei específica. Redução de despesa: R$ 400 milhões.
As regras da aposentadoria por idade para trabalhadoras
serão iguais às dos homens, com aumento imediato de 55 anos para 61. A partir
daí, sobe três meses por ano até chegar aos 65 anos com possibilidade de
antecipar a aposentadoria em até cinco anos, com desconto de 6% ao ano, desde
que ela tenha comprovado 35 anos de contribuição para o INSS. Alteração por
meio de PEC. Redução de despesa: R$ 1,3 bi.
A pensão por morte não vai ser mais vinculada ao
salário mínimo. Seguirá a mesma regra do auxílio-acidente, que leva em conta o
percentual do salário de benefício. Passará a ser fixada em 60% do salário de
benefício quando o segurado deixar apenas um dependente. A pensão aumentará em
10% para cada dependente adicional. No caso de cada segurado perder essa
condição, o benefício cairá 10%.
Para os trabalhadores rurais haverá mudança ainda
maior. O projeto determina o aumento da idade para aposentadoria da
trabalhadora rural de imediato para 56 anos e a do trabalhador para 61 anos. A
partir de então serão três meses acrescido por ano até chegar a 65 anos para
ambos os sexos. O projeto alega que a maior parte do déficit da Previdência
está na clientela rural. Alteração deve ser feita por Proposta de Emenda
Constitucional (PEC).
Essas são apenas algumas das alterações que já
conhecemos!
• Um futuro sombrio?
Com um discurso retrógrado, mostrando que o governo interino do país pretende
resgatar as velhas fórmulas conservadoras que levaram ao caos e a viver eternamente
na dependência de “ajudas” do FMI, na segunda-feira (13), tomou posse no Banco
Central o senhor Ilan Goldfajn.
Para quem esqueceu, esse “senhor” foi diretor de
Política Econômica do BC entre 2000 e 2003 – logo após a maxidesvalorização do
dólar e o escândalo que derrubou o presidente do Banco Central, em 1999, fatos
que se seguiram às duas quebras do Brasil, em 1997 e 1998 – Goldfajn apresentou
ideias que ainda tinham alguma audiência até 2007, mas que foram para o ralo da
história com a crise financeira mundial de 2008.
Agora ele está de volta com o seguinte discurso: “Há
consenso de que a nova matriz econômica deve ser substituída pelo bom e velho
tripé macroeconômico: responsabilidade fiscal, controle da inflação e regime de
câmbio flutuante. Foi esse sistema que permitiu ao Brasil ascender num passado
não muito distante”, declarou, comprovando sua memória muito ruim.
As teses do novo presidente do BC estão distantes até
do Federal Reserve, o BC norte-americano que, diante da crise e aumento do desemprego,
não hesitou em despejar trilhões de dólares na economia e reduzir os juros a
zero, de forma a salvar os bancos e amenizar os problemas na sociedade.
De 1995 a 2002 – governos FHC – o PIB do Brasil teve um
crescimento médio de 2,32%, bem inferior à média mundial, que foi de 3,43% no
mesmo período. Nos 11 anos seguintes – nos governos Lula e Dilma – a economia
do país cresceu a uma taxa média de 3,52%, próxima aos 3,78% do mundo. E foi em
2010, quando se empregou de forma mais eficaz o tripé que Goldfajn pretende
enterrar (redução de juros, estímulo ao crédito e incentivos fiscais, a “nova
matriz econômica”), que o PIB teve o maior crescimento em mais de 20 anos:
7,53%.
• MS: mais um indígena é assassinado por fazendeiros. O indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, com 23
anos, da etnia guarani-kaiowá, foi assassinado na terça-feira (14) com dois
tiros na cabeça durante um ataque realizado por fazendeiros locais no município
de Caarapó, em Mato Grosso do Sul. Segundo relatos do Conselho Indigenista
Missionário (CIMI) e do Instituto Socioambiental (ISA), um grupo de cerca de 70
fazendeiros atacou os indígenas a tiros na Fazenda Yvu, vizinha à reserva Tey'i
Kue.
Pelo menos seis indígenas foram hospitalizados com
ferimentos de arma de fogo, inclusive uma criança de 12 anos. De acordo com
relatos obtidos pelas duas entidades, os fazendeiros se aproximaram com
caminhonetes, motocicletas e um trator e atiraram. Fugindo dos tiros, os
indígenas correram para dentro da reserva e áreas próximas.
Os Guarani-Kaiowá ocupavam desde domingo (12) o
território chamado de Toropaso, dentro da Fazenda Yvu. Esse território,
reivindicado pelos indígenas, foi identificado pela Funai em maio como terra
indígena, mas ainda não teve a demarcação confirmada.
• A “nova” Argentina? Os dados que estão sendo
divulgados não apontam para uma recuperação nos próximos meses. A receita
tributária aumentou 23% em maio, muito abaixo da inflação, de acordo com o
órgão administrador de impostos. A produção industrial caiu 6,7% em abril em
comparação com o ano anterior, e a atividade de construção recuou 24% no mesmo
período, informou o instituto nacional de estatística. O Banco Mundial
modificou suas projeções para o país e agora estima que o PIB vai se contrair
0,5% em 2016. Em janeiro, o banco tinha previsto um crescimento de 0,7%.
A fábrica de vidro de
Mariano Arruzzoli, nos arredores da capital argentina, está em um ponto de
ruptura. As vendas caíram 25% em maio, e os custos dispararam desde que o
presidente Mauricio Macri assumiu o cargo em dezembro. A conta mensal de gás de
Arruzzoli deu um salto de 500% em maio depois que Macri eliminou os subsídios
para reduzir o déficit fiscal.
• Macri tentou
“comprar” o Papa! Apesar de nossos jornais não divulgarem muito, as relações entre o
Vaticano e o governo da Argentina ficaram um pouco estremecidas durante a
semana.
O Papa Francisco ordenou a
devolução ao presidente Mauricio Macri de uma contribuição no valor de 16,6
milhões de pesos argentinos (cerca de 1,2 milhão de dólares) para uma fundação
que é apoiada pelo Papa, a Scholas Occurrentes. Em carta pessoal, o Papa
ordenou que os diretores da entidade, José
María del Corral e Enrique Palmeyro, devolvessem a soma doada pelo governo
argentino. “O
governo argentino tem que atender a muitas necessidades do povo”, escreveu ele.
• Venezuela: mais uma fraude da direita. Militantes do Partido Socialista Unido da Venezuela
(PSUV) apresentaram na segunda-feira (13) um processo judiciário contra as
assinaturas apresentadas pela direita para solicitar a realização de um
referendo revogatório contra Nicolás Maduro.
O prefeito da capital venezuelana e dirigente do
partido, Jorge Rodríguez, declarou que a solicitação de investigação é
apresentada perante o Tribunal Supremo de Justiça para que sejam avaliadas as
irregularidades nas assinaturas apresentadas no documento.
No dia 26 de abril, o Conselho Nacional Eleitoral da
Venezuela já havia feito a verificação e constatado que 605.705 assinaturas
apresentavam registros defeituosos.
• Venezuela recebe apoio majoritário na Assembleia da OEA. O Governo da Venezuela recebeu apoio majoritário dos
membros da Organização dos Estados Americanos durante os debates e discussões
realizadas na 46ª Assembleia Geral da entidade, na República Dominicana. Todos
os debates foram centrados na declaração do secretário-geral da entidade, Luis
Almagro, contra o Governo venezuelano.
Depois de três dias de debates sobre as declarações de
Almagro contra a Venezuela, a Assembleia aprovou um pedido da chanceler
venezuelana, Delcy Rodrígues, para que a Comissão Permanente da entidade
analise se foi legítima a atuação de Almagro como secretário-geral. O chanceler
do Equador, Guillaume Long, defendeu que Almagro deve se limitar às suas
funções dentro da entidade e deixe de emitir opiniões pessoais sobre a
Venezuela ou qualquer outro membro da Organização.
• Polícia mexicana bloqueia caravana de professores. Na quinta-feira (16), uma caravana de 32 ônibus com
mais de mil professores mexicanos foi detida quando chegava à capital do país
para um protesto contra as medidas que estão sendo adotadas pelo Governo.
A caravana, organizada pela Coordenação Nacional de
Trabalhadores da Educação (CNTE), em Chiapas, foi detida por forças policiais.
Os professores denunciaram que elementos da polícia da capital mantiveram a caravana
bloqueada, impedindo a chegada dos manifestantes. Um dirigente da CNTE declarou
que se trata de um ato de “provocação” da polícia e completou dizendo que
“viemos para ficar e não vamos regressar à nossa região, pois estar na capital
do país é um direito que não podem nos roubar”!
Na terça-feira (14) milhares de manifestantes
realizaram protestos de ruas no Estado de Oaxaca, sul do México, depois da
prisão de três líderes do sindicato e acusação policial contra dezenas de
outros professores. Houve bloqueio de estradas, para registrar o protesto
contra a reforma educativa aprovada pelo Congresso e os professores garantem
que vão continuar as manifestações.
• Equador luta pela extradição de dois banqueiros que
destruíram a economia do país. Conhecidos
como os “irmãos Isaías”, Roberto e William Isaías estão entre os criminosos
mais procurados do Equador pela participação na quebra financeira do país, há
16 anos.
Robert e William foram donos de um dos principais
bancos do Equador, o Filanbanco, que esteve no centro da crise equatoriana que
durou de 1999 até 2001.
A crise acabou com a moeda nacional equatoriana, o
sucre, obrigando o governo a substituí-la pelo dólar estadunidense, o que
contribuiu para eliminar a autonomia monetária do país.
Os “irmãos Isaías” foram acusados de malversação de
fundos, mas conseguiram fugir do país antes de terminado o julgamento e,
calcula-se, levaram mais de 100 milhões de dólares em fundos de resgate do Governo
que estavam no Filanbanco durante a crise. Foram condenados à revelia por
fraudes no valor estimado de 600 milhões de dólares e condenados à prisão, em
2012, pela Corte Federal do Equador.
Vale um presente do nosso Informativo para quem
adivinhar onde vivem os “irmãos metralha”!
Certo. Vivem naquele país que é paraíso dos
traficantes, torturadores, ditadores, terroristas, fraudadores e todo tipo de
criminoso. Vivem confortavelmente, com seus milhões de dólares, nos EUA e são
donos de um grupo midiático que publica livros e revistas.
Com tanto dinheiro e poder, comandam de lá, através de
uma imprensa comprada, as campanhas contra o presidente do Equador, Rafael
Corrêa, que solicitou a extradição dos dois.
Ah! Quase esquecíamos de um “pequeno detalhe”. Segundo
o jornal New York Times, Roberto e William doaram 900 mil dólares para a
campanha de reeleição de Barack Obama e investiram 320 mil dólares para eleição
de outros políticos estadunidenses.
• Reino Unido fora da União Europeia? Uma nova pesquisa realizada pelo instituto Opinium
Poll, de Londres, e divulgado no domingo (12) pelo Dailly Express revela que
52% dos eleitores apoiaria que Londres rompesse com a União Europeia.
Favoráveis a permanecer na UE estão 33% dos eleitores. O movimento pela saída
do Reino Unido do bloco continental já ganhou até um nome: “brexit” (British
Exit).
Líderes europeus fazem discurso alertando que a saída
inglesa do bloco enfraqueceria a zona comunitária e poria mesmo em risco a
existência do bloco.
No próximo dia 23 de junho, os britânicos irão às urnas
para decidir se permanecem ou não na UE. Ambos os lados contam com fortes
partidários, inclusive dentro do Governo. O primeiro ministro, David Cameron, defende
a permanência no bloco, mas alguns ministros de seu governo já declaram voto a
favor da saída, como é o caso de Penny Mordaunt, ministra das Forças Armadas.
• Temor na Alemanha. O
ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, declarou
na quarta-feira (15) que a saída britânica da União Europeia, conhecida como
“Brexit”, seria o início da “desintegração” do bloco. “[A saída britânica]
seria um choque para a UE que necessitaria de garantias para continuar unida e
para que um processo de integração muito bem-sucedido há décadas não termine
entrando em desintegração”, disse Steinmeier durante uma entrevista coletiva ao
lado do chanceler francês, Jean-Marc Ayrault, nas proximidades de Berlim.
“Nós dois podemos dizer que desejamos que a maioria no
Reino Unido tome a decisão certa, e, do nosso ponto de vista, a decisão certa
só pode ser permanecer na Europa”, disse Steinmeier, acrescentando que o país
“faria muita falta” ao continente caso opte por sair.
• França seria o principal problema? Enquanto
as atenções gerais estão voltadas para a disputa da Eurocopa, que acontece na
França, com muita divulgação pela nossa mídia, a verdade é que há um problema
mais grave e que não está sendo devidamente analisado. A França pode ser o
estopim de uma crise mais séria que já preocupa os EUA e os países aliados que
formam a UE.
Na verdade, o problema do “Brexit” (retirada da
Grã-Bretanha da UE), em termos econômicos, não tem a importância tão grande que
aparecem nos discursos oficiais. O maior problema é que a saída do Reino Unido
enfraqueceria politicamente os EUA na região, pois tem sido o mais solícito
“servidor” dos interesses de Washington no continente.
A França está se tornando a principal “dor de cabeça”
do sistema. Depois da Grécia (com 71%), a França é o país líder na Europa em
opinião desfavorável sobre a UE, com 61% de desaprovação! E isso está se espalhando
rapidamente, como podemos ver pelos recentes movimentos de protestos com as
reformas impostas ao povo francês, a queda no nível de vida e o retrocesso nos
serviços públicos.
• Na França, seguem os protestos dos trabalhadores. Desde o dia 09 de março os trabalhadores franceses
voltaram para as ruas para protestar contra a reforma trabalhista que está
sendo implantada pelo Governo sob a desculpa de que é a maneira de “enfrentar a
crise de desemprego” que está se ampliando no país e já superam o índice de
10%.
Centenas de milhares de pessoas já foram para as ruas
de Paris e outras 200 cidades para denunciar que a reforma é prejudicial aos
trabalhadores.
Na quarta (15), o primeiro-ministro Manuel Valls exigiu
que a CGT, o maior sindicato do país, não organize mais protestos em Paris
contra a reforma, um dia após uma manifestação que deixou dezenas de pessoas
feridas e ao menos 58 detidos. O presidente François Hollande disse a ministros
que poderia proibir as manifestações se medidas de segurança não fossem
adotadas pelo sindicato.
O líder da CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores)
da França, Philippe Martinez, afirmou na quinta-feira (16) que o sindicato
continuará fazendo protestos contra a proposta de reforma trabalhista de
François Hollande, apesar das ameaças do governo de proibir novas
manifestações. Mais protestos estão previstos pela CGT em conjunto com outras
organizações sindicais francesas para os dias 23 e 28.
Um dos principais aspectos da reforma é alterar a
jornada de 35 horas de trabalho semanais. O limite seria oficialmente mantido,
mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas —
como trabalhar de casa — o que, no final, poderia resultar em até 48 horas de
trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de
até 60 horas por semana. E a proposta permite também que as empresas deixem de
pagar as horas extras aos funcionários que trabalharem mais de 35, recompensando-os
com dias de folga.
• Trabalhadores europeus
vivem desemprego, pobreza e desigualdade social. Os informes estão no mais recente estudo
realizado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) durante a semana. O
desemprego, a pobreza e as desigualdades sociais na União Europeia estão
aprofundando a diferença entre os membros do bloco e pode afetar o projeto de
integração, diz o relatório.
Os dados relativos ao desenvolvimento social
e ao emprego mostram que a crise financeira e econômica do capitalismo ampliou
a brecha entre ricos e pobres, deteriorou as condições de vida dos trabalhadores
e trabalhadoras.
No início de 2015 eram 122 milhões de
pessoas (equivalente à população da Alemanha e Espanha) em risco de pobreza ou
exclusão social na União Europeia. Em outras palavras, um em cada quatro
europeus já passa realmente por dificuldades.
• Crise econômica e suicídios na Espanha. Segundo estatísticas oficiais, cerca de 11 pessoas
cometem o suicídio na Espanha, por dia! E o número vem aumentando na medida em
que a crise econômica se aprofunda e o desemprego cresce.
Segundo os levantamentos, a maior parte dos suicídios
está ligada ao processo de despejos que já se tornou um problema social que
merece acompanhamento diário de várias entidades. Famílias que não conseguem
pagar hipotecas ou não conseguem pagar seus aluguéis são despejadas com
violência e seus pertences jogados nas ruas, o que causa um grande problema
psicológico, além de econômico e social. Um despejo não é apenas o fim de um
processo legal e administrativo, segundo entidades espanholas, mas a entrada de
famílias inteiras em um mundo cheio de dificuldades sociais e emocionais.
• A OTAN quer dominar o Mar
Negro. A aliança militar
comandada pelos EUA pretende fortalecer ainda mais suas posições no Mar Negro,
deixando de ouvir diplomatas russos que já advertiram que o movimento de barcos
militares ali são uma ameaça para a segurança dos países.
Apesar de aquele espaço marítimo não estar
relacionado com a OTAN ou com os países membros, o secretário geral da Aliança,
Jens Stoltenberg, disse que os países do bloco pretendem ampliar sua influência
na região. Serão ampliadas as ações de manobras navais e patrulha constante no
espaço aéreo do Mar Negro.
Basta dar uma olhada no mapa, ver os países
banhados e podemos entender os interesses dos EUA, com mais essa provocação.
• Cresce a venda de armas no planeta. Em 2015, o volume do mercado armamentista cresceu e chegou
a 65 bilhões de dólares, um aumento de 6,6% em relação a 2014!
“O crescimento brusco das compras de armas por parte da
Arábia Saudita está diretamente vinculado com sua participação no conflito
militar no Iêmen”, disse o analista militar Nafeesa Syeed em uma entrevista à revista
Bloomberg.
O país árabe gastou cerca e 50% a mais em armas no ano
passado, chegando à cifra de 9,3 bilhões de dólares. E esse crescimento foi acompanhado
por mais compras militares em toda a região do Oriente Médio e Sudeste
Asiático. A Índia, tradicionalmente importadora de armas, encontra-se agora na
segunda posição, com mais de 4 bilhões de dólares gastos em armamentos. A
Austrália ficou como terceiro maior consumidor de armas, com compras no valor
de 2 bilhões de dólares.
No item “exportação”, os EUA continuam sendo os líderes
globais em vendas de armamentos, tendo faturado cerca de 23 bilhões de dólares,
em 2015. Desse total, 8,8 bilhões foram para o Oriente Médio!
Em segundo lugar fica a Rússia, com 7 bilhões de
dólares em vendas mundiais. Fechando a lista dos cinco maiores exportadores
estão Alemanha, França e Reino Unido.
• Quem deseja a guerra?
Apesar das denúncias e protestos da Rússia, parece que Washington está mesmo
decidido a provocar um grande conflito mundial.
O jornal The New York Times acaba de noticiar um
documento assinado por 51 diplomatas estadunidenses, todos assessores do
governo de Obama, exigindo que se inicie uma ação militar imediata contra o
Governo de Bashar Al Assad, na Síria. Segundo o documento publicado, o
documento dos diplomatas defende “o uso racional de armas à distância e ações
aéreas para conduzir um processo diplomático mais centrado e mais duro sob a
liderança dos EUA”.
• EUA: mais de 130 tiroteios
durante 2016. Segundo
a revista eletrônica Shootingtracker.com, que acompanha e noticia todos os incidentes com armas de fogo nos EUA
sempre que se registra pelo menos quatro vítimas, estão registrados 132
tiroteios só neste ano, além do ocorrido em Orlando.
Até a madrugada do domingo (12), o incidente mais grave
ocorrido em 2016 havia sido no dia 22 de abril, no condado de Pike, Ohio,
quando oito membros de uma família, incluindo um jovem de 16 anos, morreram em
uma execução por “motivos desconhecidos”.
De acordo com os dados da revista, durante 2015
aconteceram 372 tiroteios massivos e 367 mortes (mais ou menos uma por dia).
• Mas se foi no México ninguém se importa, não é? Jornais, rádios, TVs e revistas passaram dias falando
dos acontecimentos de Orlando, nos EUA. Houve minuto de silêncio em jogos de
futebol e muitas outras homenagens porque na madrugada de domingo (12) um
pistoleiro solitário invadiu um bar gay, o Pulse, matando 49 pessoas e ferindo
outras 53.
Tudo bem. Devemos condenar toda a violência, em
particular quando se trata de atos claramente homofóbicos, mas não vi um só
artigo lembrando a quantidade de armas que são vendidas naquele país, as
facilidades para se obter até metralhadoras e rifles militares, inclusive
rifles especialmente fabricados para uso por crianças!
Mas esta não é razão principal deste nosso comentário.
No dia 22 de maio passado, no estado de Veracruz
(México), pistoleiros invadiram um bar gay, o La Madame, e abriram fogo contra
180 pessoas que se encontravam no local. Mataram 7 e deixaram 12 feridos.
Ninguém viu isso nos nossos jornais, viu? Viram um
minuto de silêncio pelos assassinados no México? Algum comentário lacrimoso
durante um jogo de futebol?
Mas isso não é tudo. Como aconteceu no México, a
polícia local registrou tudo como violência entre narcotraficantes e já
arquivou.
Pois é, se foi no México ninguém se preocupa muito e
nem merece comoção.
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