05/08/2016 10:41 - Copyleft
Com informações de Página/12 e Agência Telam'Macri, segure a sua onda'
Centenas de militantes acompanham Hebe de Bonafini, presidente das Mães da Praça de Maio, que está ameaçada de prisão pelo Ministério da Segurança.
Após uma jornada convulsionada, o juiz federal Marcelo Martínez de Giorgi finalmente desistiu de efetivar a detenção da titular da Associação Mães da Praça de Maio, depois que a senhora de 87 anos se negou a comparecer quando intimada a depor a respeito do caso de supostos desvios de verbas do projeto habitacional Sueños Compartidos (“sonhos compartilhados”).
A declaração de Hebe estava marcada para hoje às 10h, porém, pela segunda vez, ela decidiu não se apresentar, e o juiz emitiu uma ordem para que a idosa fosse levada aos tribunais de Comodoro Py pela força pública. Pouco depois das 13h30, o juiz Martínez de Giorgi ordenou à Polícia Federal argentina que revistasse a sede das Mães da Praça de Maio, localizada na rua Hipólito Yrigoyen 1500, com o objetivo de “apreender” a dirigente e ativista de direitos humanos.
Entretanto, a presidente da organização deixou aquela mesma sede alguns minutos depois – e antes da chegada da polícia – acompanhada por um enorme grupo pessoas que se reuniram em frente ao edifício para apoiá-la. A manifestação fez com que a detenção fracassasse, e a Polícia Federal pediu ao juiz que emitisse outra ordem de captura, nesse caso sem mandado de busca e apreensão.
O juiz respondeu o pedido da Polícia Federal com outra ordem de captura, declarou que Bonafini está “em rebeldia”, enviou um ofício ao Departamento de Imigrações – para que ela esteja proibida de sair do país.
Após as 16h, Hebe regressou ao edifício-sede acompanhada por uma multidão, e a Polícia Federal argentina avisou ao juiz Martínez de Giorgi que, devido a essa situação, não era oportuno realizar a detenção. O magistrado decidiu, finalmente, postergar a captura e deixar que a decisão sobre a prisão ou não de Hebe fosse determinada em “momento oportuno” pelo Ministério de Segurança.
Semanas atrás, quando seu processamento já era iminente, Hebe de Bonafini declarou em entrevista à Agência Telam, que “o Partido Judiciário macrista vai ter que mostrar se tem coragem de me prender”. Nesta quinta-feira (4/8), ao discursar diante dos manifestantes que foram à sede em seu apoio, ela pediu ao presidente da Argentina que parasse com a perseguição política contra ela: “nós vamos a continuar em nossa posição firme de resistir, e não deixar que avancem sobre nós, portanto, Macri, segure a sua onda”.
Bonafini também fez duras críticas a duas figuras femininas da coalizão de direita que governa a Argentina: a ministra de Segurança Patricia Bullrich e a deputada Elisa Carrió. “Elas são tão malvadas que acordam todas as manhãs e perguntam ao espelho quem é a mais bonita, e depois se mordem de raiva, porque o espelho diz que a mais linda é Cristina”.
Vale lembrar que Elisa Carrió é uma das líderes do partido de centrista Coalizão Cívica, que passou a ser um férreo opositor do kirchnerismo após a derrota da própria Carrió contra Cristina Kirchner, em 2007. Em 2015, a legenda se uniu ao partido direitista PRO, de Mauricio Macri, formando a aliança Cambiemos.
Tradução: Victor Farinelli
Tradução: Victor Farinelli
Créditos da foto: Casa Rosada
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