O
projeto liberal, o Brasil e a América Latina (II).
(Ernesto
Germano Parés)
Na década de 1990, mais precisamente a partir de 1994,
a América Latina foi assombrada pela possibilidade de implantação de um dos
principais projetos neoliberais para a região: a chamada ALCA, ou Aliança de
Livre Comércio das Américas. Este seria o coroamento de todo o projeto
estadunidense, desde o pensamento do Destino Manifesto. Vamos refrescar a
memória?
"A
expansão dos Estados Unidos sobre o continente americano, desde o Ártico até a América
do Sul, é o destino de nossa raça (...) e nada pode detê-la". Discurso de posse do presidente norte-americano James Buchanan,
em 1857.
Para quem imagina que nestas
palavras está a origem da política expansionista estadunidense e seu militarismo,
devemos dizer que os conceitos do “Destino Manifesto” começaram a se formar um
pouco antes e já faziam parte da filosofia dominante por ocasião da famosa “corrida
para o oeste”, com John Wayne e suas carroças de colonos que enfrentavam os
“terríveis Apaches e Sioux”.
Em 1803, menos de quinze
anos passados da declaração de independência das 13 colônias, os EUA iniciam
sua expansão territorial comprando da França a Louisiana. Segue-se a aquisição
do atual estado da Flórida (comprado da Espanha) e a anexação de um imenso
território que vai do Texas à Califórnia, depois da guerra com o México.
O território do Texas,
pertencente ao México, havia sido ocupado clandestinamente por colonos estadunidenses
que depois foram oficialmente aceitos como “empresários”.
Em 1825, quando o Congresso
mexicano promulga uma lei abolindo a escravidão no país, esses “colonos” não
tomam conhecimento e continuam usando escravos em suas lavouras. Na batalha que
se segue, os “texanos” formam um exército próprio e proclamam independência em
ralação ao México (1836).
O próximo passo foi mais
rápido: pediram reconhecimento como Estado independente – prontamente acatado
pelo governo dos Estados Unidos – e, mais tarde, solicitaram a anexação. Em fevereiro
de 1845 o Texas passa a fazer parte da “grande nação do Norte”.
Em meio a essas disputas com
o México, em 1823, o presidente James Monroe envia ao Congresso uma declaração
política que acompanhava a sua mensagem anual. Em forma simplificada, a
declaração estabelecia que: o continente americano não pode ser objeto de
recolonização; é inadmissível a intervenção de qualquer país europeu nos
negócios internos ou externos de países americanos, e; os Estados Unidos, em
troca, se absterão de intervir nos negócios pertinentes aos países europeus.
A origem dessa medida estava
em uma disputa que tinha por epicentro as questões europeias. Felipe VII havia
retomado o trono da Espanha, em outubro de 1823, e sonhava com a retomada de
suas colônias na América onde lideranças locais lutavam pela independência.
A mensagem de James Monroe
ao Congresso colocava as novas nações emancipadas da América sob a proteção
estadunidense. Em outras palavras, estava estabelecida da Doutrina Monroe que,
de forma simplificada, significava: “A América para os americanos” (do Norte).
Mas é no início da “corrida
para o oeste”, entre 1848 e 1850, que vai aparecer e se fortalecer essa ideologia
de que eles seriam o povo “eleito por Deus e estavam predestinados a comandar a
grande nação do futuro – a nação das nações”
As bases dessa filosofia,
ainda na década de 1840, foram estabelecidas pelo diplomata e jornalista John
Louis O’Sullivan, criador do termo “Destino Manifesto”, e tinham por princípio
que o rápido crescimento populacional e o aumento das imigrações exigiam também
um rápido crescimento territorial que deveria se estender desde a costa leste
até o Oceano Pacífico. Daí resultava também a necessidade de “correr para o
oeste” e “civilizar todos os povos indígenas que fossem encontrados pelo
caminho”.
Em 1855, ainda antes daquele
discurso do presidente Buchanan, um jornal de New Orleans publicava matéria
dizendo que “A pura raça anglo-americana está destinada a estender-se por todo
o mundo com a força de um tufão. A raça hispano-mourisca será abatida”. (New Orleans Creole Courier, 27/01/1855).
Voltando ao ponto atual,
está claro que os recentes acontecimentos na América Latina não só retomam o
sonho estadunidense de criar a ALCA como, principalmente, tornam visíveis as
intenções de implantar o “Destino Manifesto” e dominar todo o Continente
Americano para que a “pura raça anglo-americana” enfim domine.
E, assim, podemos voltar à
nossa análise dos atuais golpes na região, em particular o que vem acontecendo
no Brasil depois de 31 de agosto de 2016.
Como dissemos no artigo
anterior, o projeto da ALCA foi devidamente enterrado com as sucessivas eleições
de governos progressistas e contrários ao modelo neoliberal, desde Hugo Chávez
até Rafael Correa, passando por Lula, Kirchner, Pepe Mujica, Lugo, Evo, Daniel
Ortega, etc.
Mas temos novos sinais no
horizonte. Quando duas das mais importantes economias da região, Brasil e
Argentina, caem novamente nas mãos da oligarquia financeira temos uma clara
demonstração de para onde pode virar a política latino-americana. E, neste ponto,
devemos destacar que nossa principal preocupação está agora voltada para dois
projetos estadunidenses: a Aliança do Pacífico e o Acordo Transpacífico de
Cooperação Econômica, projetos muito mais elaborados e perniciosos do que a
antiga ALCA.
A Aliança do Pacífico, uma criação de Washington, é um
dos mais recentes blocos econômicos no planeta e está composto por México,
Peru, Chile e Colômbia (todos bem aliados com a política da Casa Branca). Costa
Rica e Panamá são candidatos a entrar para o bloco que já é o segundo maior da
América Latina, perdendo apenas para o Mercosul. Mas este não é, ainda, o maior
dos riscos!
Assinado em 2005 e entrando em vigor em 2006, a “menina
dos olhos” de Washington é o Acordo Transpacífico de Cooperação Econômica, um
projeto que pretende anular a força dos BRICS e criar o grande mercado
neoliberal tão sonhado há anos.
O Acordo reúne Austrália, Brunei, Canadá, Chile,
Estados Unidos, Japão, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru, Singapura e
Vietnam, mas tem pretensões de expandir mais, incluindo a Aliança do Pacífico
e, agora, os países que voltaram para o domínio neoliberal na região.
Em um artigo publicado em junho de 2016 e reeditado no
dia seguinte ao golpe no Brasil, o professor canadense Michel Chossudovsky
assegura que a queda de Dilma Rousseff foi “ordenada por Wall Street”. E os
objetivos finais de toda a trama eram: controle sobre a política monetária
brasileira e reforma macroeconômica semelhante a que Macri está implantando na
Argentina. Para Chossudovsky, se Dilma tivesse mantido Henrique Meirelles no
comando do Banco Central o golpe não teria acontecido. Será?
Como escrevemos em um artigo recente (“Sim, eu errei”),
durante algum tempo acreditávamos que o golpe não seria dado e que toda a
direita estaria abrindo caminho para 2018, mas alguns fatos foram se somando e
mudando essa perspectiva.
Vale recordar que durante os primeiros anos do século a
América Latina passou por um momento de elevado crescimento econômico, em
particular nos países que haviam rompido com o projeto neoliberal. Muitos deles
começaram a se aproximar do que era chamado, na época, “taxas de crescimento
chinesas”, referindo-se ao que acontecia na China e preocupava a Europa e os
EUA. E o Brasil não ficou fora desse crescimento, passando por importante fase
econômica até o final de 2011 ou início de 2012, quando a curva econômica começou
a cair.
Curiosamente, a alternativa encontrada por Dilma
Rousseff e citada por mim em vários encontros e palestras, foi a pior possível:
abandonar a política econômica heterodoxa implantada por Lula e retornar a uma
ortodoxa, muito parecida com o programa da direita nas últimas eleições.
E o Governo do PT começou a acumular dados
preocupantes: queda no crescimento econômico, volta da inflação, volta do
desemprego, déficit nas contas públicas e outras mazelas muito conhecidas
nossas durante os governos liberais. E entram em cena três personagens muito
conhecidos: a imprensa mais reacionária comandada pela Globo e pela Veja; um
Judiciário que envergonharia a história do patrono do Direito no país, Castro
Alves, e; um Congresso corrupto onde ainda caminham desavergonhadamente
centenas de “homens públicos” com processos ou condenações contra eles.
• Brasil, democracia de luto, nossa América na luta
O golpe brando
contra Dilma mostra que nem mesmo a democracia representativa está garantida na
América do Sul - por Adolfo Pérez Esquivel
Problemas da educação não são resolvidos com menos
educação, problemas de transparência não são resolvidos com menos
transparência, os da igualdade não resolvidos com menos igualdade, nem os
problemas da democracia se resolvem com menos democracia.
Um punhado de parlamentares acusados de corrupção
pré-condenou discursiva e midiaticamente uma presidenta – eleita pelo voto
majoritário de seu povo – por atos de corrupção que não foram comprovados. Como
não podiam removê-la do cargo por esta razão, criminalizaram atos de governo
públicos e publicados, que já foram usados por governos anteriores e de outros
países, estabelecendo um grave precedente jurídico para os atos de governo de
administrações atuais e futuras da região.
Então, por que a presidente Dilma Rousseff não é mais
presidente do Brasil? Sim, porque houve um golpe parlamentar.
Falei na reunião de 28 de abril no Senado do Brasil,
disse aos senadores que o País estava caminhando para um “golpe de Estado”. A
verdade envergonha alguns e fortalece outros. Não é por acaso que, depois de minhas
palavras, senadores da oposição exigiram censurar minha frase no registro
taquigráfico.
Se já era questionada a democracia representativa por
deixar as pessoas em um quase-estado de desamparo, no qual os governantes podem
fazer o que querem e não o que devem. Com este golpe no maior país da América
do Sul, nem mesmo a democracia representativa está garantida. Ou seja, no
momento em que 51 senadores podem votar contra 54 milhões, a democracia entra
em luto.
Alguns governos latino-americanos retiraram seus
embaixadores como um sinal de compromisso com o futuro das nossas democracias.
E os órgãos regionais deveriam exigir que o governo usurpador convoque novas
eleições.
Enquanto isso, o povo brasileiro tem o nosso apoio
nesta fase de resistência para a defesa das nossas democracias. Não é o
primeiro golpe brando neste século e não será o último, pois há muitos embaixadores
do golpismo.
Esta é uma operação regional que não para no gigante do
sul, e logo vai para a Venezuela, Equador, Bolívia... para o futuro de todas as
alternativas políticas que não querem abaixar a cabeça. A esperança é sempre
nos povos, que são os fiadores para democratizar as democracias, para converter
o luto em vida, o luto na luta.
*Adolfo Pérez
Esquivel, ativista de direitos humanos argentino, foi prêmio Nobel da Paz em
1980
• Paralisação nacional dos metalúrgicos: 29 de setembro. Todas as principais entidades representativas dos
metalúrgicos brasileiros estiveram reunidas no dia 08 de setembro, em São
Paulo, para unificar a luta em defesa dos trabalhadores e contra as reformas
que estão sendo pretendidas pelo governo golpista de Temer. Os dirigentes
sindicais avaliam que as reformas trabalhista e da Previdência propostas pelo
governo Federal são um ataque aos direitos dos trabalhadores, aos movimentos
sociais e ao movimento sindical.
Como já era esperado, com o golpe consumado o atual
governo pretende atender com rapidez os interesses de setores empresariais. Com
isso, propostas como a flexibilização da CLT, aumento da carga horária de
trabalho, a possibilidade do negociado prevalecer sobre o legislado nas
relações trabalhistas, idade mínima para aposentadoria, a proposta de
terceirização para atividades-fim, entre outros projetos, são ameaças reais que
surgiram no horizonte dos trabalhadores. Os metalúrgicos não descartam a
possibilidade de uma greve geral.
• Centrais convocam paralisação nacional. Após reunião realizada na tarde desta sexta-feira
(09), as centrais sindicais (CTB, CUT, FORÇA SINDICAL, UGT, NOVA CENTRAL E
INTERSINDICAL) anunciaram a realização de paralisação nacional no próximo dia
22 de setembro. A reunião, que ocorreu na sede da CUT Nacional, deliberou a
convocação geral da classe trabalhadora em protesto contra as medidas
anunciadas pelo governo sem voto de Michel Temer, que sinaliza para a
implementação de uma agenda neoliberal.
• Venezuela sedia importante encontro do Movimento de Países
Não Alinhados. Teve início na
quarta-feira (14) e terminará hoje (18) o encontro de 120 países que participam
do Movimento de Países Não Alinhados (MNOAL). Mas, o que é o MNOAL?
Criado em 1961, o MNOAL pretendia ser uma diferenciação
entre as duas grandes potências que disputavam o planeta e já impunham o que
conhecemos como “Guerra Fria” (EUA e URSSS). Seu primeiro encontro foi em
Belgrado (na atual Sérvia) e tem um modelo de direção rotativo e participativo
que permite a todos os Estados membros participarem nas decisões sobre a
política mundial. Todas as decisões devem ser tomadas por consenso para
fortalecer a solidariedade e a unidade do Movimento.
Os documentos finais dos vários encontros de Cúpula do
MNOAL respeitam todos os diferentes pontos de vista sobre cada tema abordado,
significando um acordo por parte da maioria dos países, mas não é exigida uma
unanimidade.
O Movimento de Países Não Alinhados é o segundo maior
organismo no planeta, perdendo apenas para a ONU. Atualmente conta com a
participação de 120 países membros, 17 observadores e 10 organizações convidadas.
São 53 países da África, 39 países da Ásia, 26 países da América Latina e
Caribe e 2 países da Europa.
A XVII Cúpula do MNOAL está sendo realizada na Ilha de
Margarita, Venezuela, país que assumirá a presidência do grupo até 2019. E este
é um importante momento para o que vem acontecendo na América Latina.
Entre os muitos debates realizados, foram analisados os
recentes golpes na nossa região e a agressiva política de ingerência dos EUA.
• Mexicanos exigem a renúncia de Peña Nieto. Milhares de mexicanos foram às ruas da capital na
quinta-feira (15) para exigir a renúncia do presidente Enrique Peña Nieto por
sua péssima gestão em quase quatro anos de mandato.
Os mexicanos estão usando as redes sociais para
publicar imagens dos vários protestos e para convocar novas mobilizações. “A
ideia é que cada cidadão encontre um motivo para que Peña Nieto renuncie à
Presidência do México”, disse Ixchel Cisneros, diretora executiva do Centro
Nacional de Comunicação Social.
No próximo dia 26 de setembro completam dois anos do
desaparecimento dos 43 alunos da Escola Normal Rural Raúl Isidro Burgos de
Ayotzinapa, em Iguala, Guerrero. A ineficiência do governo para esclarecer o
desaparecimento tem sido um dos principais motivos para o descontentamento da
população. E, para piorar, os informes de ONGs locais demonstram que os
desaparecimentos de pessoas e assassinatos continuam aumentando no país.
Segundo números oficiais, 27.000 pessoas estão desaparecidas, mais da metade
durante o atual governo!
• Outras razões para o descontentamento. Segundo números divulgados pelo Conselho Nacional de
Avaliação da Política de Desenvolvimento Social, o crescimento da população em
condições de pobreza passou de 53,3 milhões de pessoas, em 2012 (ano da eleição
de Peña Nieto), para 55,3 milhões de pessoas, em 2014 (último levantamento
disponível), um crescimento de mais de 46%.
Além disso, os constantes aumentos no preço da gasolina
e as denúncias de corrupção no governo de Peña Nieto vão aumentando o calor das
manifestações.
Por fim, mas não menos importantes, um grande estopim
para as atuais revoltas foi a recente viagem do candidato presidencial
estadunidense ao México. Donald Trump visitou o país e encontrou-se com o
presidente mexicano. Depois de “elogiar” o país e dizer que tem “grande
respeito” ao povo mexicano, Trump defendeu a necessidade de construir “um muro
para impedir a imigração” pela fronteira!
• Fusão de gigantes dos fertilizantes. Matéria publicada na terça-feira (13) pelo The Wall
Sreet Journal conta que as empresas de fertilizantes canadenses Agrium Inc. e
Potash Corp. of Saskatchewan Inc. confirmaram na segunda-feira (12) que
planejam uma fusão que criaria uma gigante do setor avaliada em cerca de US$ 27
bilhões. Esse sistema também deve reduzir os custos de distribuição da Potash,
ao expandir suas vendas de fertilizantes. A unidade de varejo da Agrium, a
maior na América do Norte para fertilizantes, sementes e equipamentos, responde
pela maior parte das vendas da companhia. Para a Agrium, o negócio pode
fortalecer seu volume de potassa e outros ingredientes usados na produção de
fertilizantes.
O jornal diz que os preços da potassa têm sido
pressionados desde 2013, quando a produtora russa Uralkali JSC cancelou sua
parceria na área de vendas com a Belarusian Potash Co. A desaceleração da
demanda dos mercados emergentes em meio a um excesso de oferta desencadeou
negociações de fusões no setor de fertilizantes. O diretor-presidente da
Agrium, Chuck Magro, disse em entrevista ao The Wall Street Journal que ele
explorou primeiramente discussões de fusões com o diretor-presidente da Potash,
Jochen Tilk, no ano passado, quando buscavam por oportunidades para cortar
custos.
De acordo com o jornal estadunidense os acionistas da
Potash teriam cerca de 52% da nova companhia e os da Agrium, os demais 48%.
Ambas têm um valor de mercado conjunto de aproximadamente US$ 27 bilhões. A
nova empresa teria vendas anuais de quase US$ 21 bilhões.
• Duas pragas unidas!
A farmacêutica e companhia de produtos químicos alemã Bayer anunciou na quarta-feira
(14) ter fechado acordo para a compra da estadunidense Monsanto, líder mundial
dos herbicidas e engenharia genética de sementes, por US$ 66 bilhões.
O negócio encerra uma disputa de meses e tem sido
tratado como o maior do ano até agora. Trata-se também da maior compra
realizada até hoje por uma empresa alemã.
O acordo cria uma empresa que dominará mais de um
quarto do mercado mundial combinado para sementes e pesticidas em uma rápida
consolidação da indústria de insumos agrícolas.
Não custa lembrar que a união das duas empresas
significa o “casamento” da que mais provoca doenças pelo mundo (Monsanto, com
suas sementes geneticamente modificadas e seus pesticidas venenosos, com a que
mais vende remédios no planeta, Bayer). Ou seja, uma cria a doença e outra
vende os remédios!
Mas a disputa no setor está cada vez mais acirrada.
Vale lembrar que a empresa Syngenta, a grande competidora com a Monsanto, foi
recentemente comprada pela empresa estatal ChemChina. Em outras palavras: o que
antes era uma disputa entre seis gigantes do setor virou uma briga de apenas
quatro: ChemChina-Singenta/Bayer-Monsanto/Dow-DuPont/BASF. E o capital continua
se concentrando nesse mundo neoliberal que prometia “concorrência de mercado”.
• Lá como cá! Em São
Paulo, a PM comandada pelo tucano Alckmin cegou uma estudante que protestava
contra o golpe de Estado. Na França, a polícia de Paris atirou em sindicalistas
que protestavam contra a refomra trabalhista em andamento e perfurou o olho
direito do companheiro Laurent Theron, pai de duas crianças e administrador em
um hospital nas proximidades de Paris.
Segundo testemunhas, a polícia lançou granadas contra
os manifestantes e um estilhaço perfurou o olho do sindicalista. Curiosamente,
como aconteceu em São Paulo, nem a Polícia e nem o Governo fizeram comentários
sobre o ocorrido.
• Mulheres partem em defesa de Gaza. Dois barcos tripulados apenas por mulheres partiram do
porto de Barcelona na quarta-feira (14) com destino à Faixa de Gaza para
denunciar o bloqueio imposto por Israel.
Os
dois veleiros fazem parte do movimento “mulheres rumo à Gaza” e já estão
navegando pelo Mediterrâneo. Um foi batizado de Amal (Esperança, em árabe) e o
outro de Zaytuna (Oliva, em árabe). Daremos notícias sobre a viagem das
corajosas mulheres que vão se enfrentar com a marinha de Israel.
• Da série “no país da liberdade”! Uma semana depois de divulgar uma entrevista com o
pensador estadunidense Noam Chomsky, falando sobre o golpe contra Dilma
Rousseff, a conhecida e muito respeitada jornalista Amy Goodman, produtora e
apresentadora do programa “Democracy Now”, recebeu uma ordem de prisão expedida
pelo governo de Dakota do Norte.
A desculpa da “justiça” do “país da liberdade” é de que
ela teria entrado ilegalmente no território para fazer a cobertura dos
protestos indígenas contra a construção de um oleoduto em seu território.
Goodman qualificou como um absurdo a ordem de prisão e uma agressão à liberdade
de imprensa. “Eu estava apenas fazendo o meu trabalho ao mostrar que os guardas
do oleoduto estavam atiçando cachorros e jogando gás de pimenta contra os
nativos”, verdadeiros donos do terreno, uma tribo Sioux.
Pelo que se sabe, o tal oleoduto pretende transportar
570.000 barris diários de petróleo desde o Dakota do Norte até o estado de
Illinois e custará 3,78 bilhões de dólares! Mas o projeto atravessa territórios
considerados sagrados pela tribo, o que viola a Lei Nacional para a Conservação
Histórica.
• Problemas nas eleições estadunidenses. O jornalista estadunidense David Martin Shuster
noticiou, através de sua página no Twitter, que o Comitê Nacional do Partido
Democrata poderia se reunir em caráter de urgência para avaliar a possibilidade
de substituir Hillary Clinton como candidata presidencial.
Hillary cancelou sua viagem eleitoral ao estado da
Califórnia, por ordens médicas, porque apresenta um quadro de pneumonia que a
tem deixado de fora de muitos compromissos ultimamente. O cancelamento da
viagem foi anunciado horas depois dela desmaiar durante a solenidade oficial
pelo 11 de setembro. Depois do desmaio, ela teria subido no carro ajudada por
seus seguranças, mas a imagem foi gravada por câmaras de vários jornais
internacionais, o que preocupou o comando do Partido.
Ela deveria participar de um programa de televisão, na
Califórnia, e depois participar de três atos para recolhimento de fundos de
campanha.
• 10 mil agentes estadunidenses espalhados pelo
mundo. Documentos
obtidos pelo The Intercept, por meio da Lei de Liberdade da Informação, mostram
que os EUA estão gastando mais dinheiro em novas missões para enviar tropas de
elite a serem treinadas com outras tropas de elite de países aliados.
De acordo com o Programa de Intercâmbio de Treinamento
Conjunto (Joint Combined Exchange Training – JCET), desenvolvido para treinar
agentes especiais dos EUA em diversos tipos de missões, de “defesa interna
estrangeira” a “guerras não convencionais”, as tropas americanas realizaram ao
menos uma missão a cada dois dias em 2014, último ano registrado pelos
documentos revelados.
Ao custo de mais de US$ 56 milhões, os EUA enviaram
seus agentes mais experientes — SEALs da Marinha, Boinas Verdes do Exército e
outros — para 176 JCETs, um aumento de 13% em relação aos números de 2013. O
número de países envolvidos cresceu ainda mais, de 63 para 87, ou seja, 38%.
O JCET é um programa crucial para a estratégia global
em torno da tropa mais secreta e menos transparente dos EUA. Desde o 11 de
setembro, as Forças de Operações Especiais (Special Operations Forces – SOF)
foram expandidas de todas as formas imagináveis, desde seu orçamento, passando
pelo número de agentes, até a quantidade de missões em países estrangeiros.
Diariamente, 10 mil agentes especiais são enviados ou transferidos para realizar
missões que variam desde “criação de parcerias e coleta de informações nos
bastidores até operações de ataque dinâmicas de alta importância”, contou o
ex-chefe do Comando de Operações Especiais ao Comitê de Serviços Armados do
Senado dos EUA, General Joseph Votel.
Os documentos revelados recentemente mostram que, além
das oportunidades de treinamento para as tropas de elite dos EUA, o JCET também
oferece “benefícios involuntários”, como aprimorar contatos entre exércitos,
aperfeiçoar a interoperabilidade com forças militares estrangeiras, e “obter
acesso regional sem deixar vestígios”. Os arquivos também se referem aos JCETs
como missões “discretas”. (A matéria é do jornalista Nick Turse)
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