domingo, 18 de setembro de 2016

'Única guerra que deve continuar é contra a pobreza', diz Mujica sobre paz entre FARC e Colômbia


'Única guerra que deve continuar é contra a pobreza', diz Mujica sobre paz entre FARC e Colômbia


Uruguaio participou de evento em Medellín em apoio ao 'sim' no referendo sobre o acordo de paz, que tem 55,3% da preferência dos eleitores, segundo pesquisa
O ex-presidente uruguaio José 'Pepe' Mujica manifestou na quinta-feira (15/09) em Medellín, na Colômbia, seu apoio ao “sim” no plebiscito que irá referendar ou não o acordo de paz entre as FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas) e o governo colombiano. Durante participação no evento “Sí a la paz” (Sim à paz), realizado por coletivos e sindicatos na cidade colombiana, o líder uruguaio afirmou que a “única guerra que deve continuar é contra a pobreza, a fome e a injustiça, mas nunca contra os seres humanos”. 
“Esta [a paz] é uma causa muito profunda, cheia de obstáculos e dificuldades. Mas é uma oportunidade para melhorar a vida dos 12 milhões de camponeses esquecidos na educação, infraestrutura e equidade”, afirmou Mujica durante o evento organizado pela CUT colombiana (Central Unitária dos Trabalhadores) e pela CTC (Confederação de Trabalhadores da Colômbia).
“É muito sério o que está acontecendo na Colômbia”, disse o ex-presidente. Para ele, é preciso aprender a conviver com as diferenças e o diálogo deve ser o meio para superar conflitos.

Agência Efe

Mujica foi a Medellín participar de campanha a favor do "sim" em plebiscito pela paz na Colômbia
Segundo ele, que nos anos 1960 atuou na guerrilha do Movimento de Liberação Nacional-Tupamaros, é preciso “sair da guerra e se concentrar nos problemas do povo”. "Conseguir a paz nesta conjuntura é abrir portas à construção de uma esperança coletiva que dê sentido à vida do povo da Colômbia", afirmou.
Enquanto Mujica falava, um pequeno grupo protestava do lado de fora do local do ato contra sua presença.
“Esse é um guerrilheiro que quer instalar o comunismo, o socialismo do século 21 na Colômbia e veio aqui porque concorda que as FARC não paguem nem um só dia de prisão e que não façam reparações às suas vítimas nem peçam perdão”, disse um manifestante à revista colombianaSemana.
Apesar de não saber que estava ocorrendo a manifestação contra sua presença, Mujica disse, durante o evento, estar lá “também pelo que votarão ‘não’, porque estes também são o povo colombiano”.
“Se você começa desprezando e odiando quem quer convencer [aqueles que são contra o acordo de paz], jamais poderá vencê-lo, porque não se ganha com desprezo e agressões, se ganha com muita paciência, inteligência e respeito”, disse o ex-presidente uruguaio.
 

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O acordo final será assinado oficialmente no dia 26 de setembro pelo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o representante das FARC, Timoleón Jiménez. No entanto, para que ele entre em vigor deverá ser aprovado no plebiscito que ocorrerá no dia 2 de outubro.
FARC realiza última conferência com seus líderes
Antes da realização do plebiscito, quando a população terá a chance de referendar o acordo de paz, as FARC também realizarão uma conferência própria, que terá início neste sábado (17/09), quando seus líderes também poderão referendar a proposta.
Mais de 200 delegados das estruturas do grupo guerrilheiro, eleitos democraticamente, irão se encontrar para analisar o acordo negociado nos últimos quatro anos em Havana, Cuba, entre representantes das FARC e do governo colombiano.
Caso o documento seja de fato aprovado, os presentes também irão discutir a transformação das FARC em um movimento político para representar seus interesses — como também propõe o acordo.
“Não duvidamos que os acordos serão referendados porque o nosso objetivo era a solução política do conflito e, logo que eles sejam assinados, se pode dizer que conseguimos”, afirmou o delegado de paz das FARC, Carlos Antonio Lozaga.
“Sim” no plebiscito pela paz tem 55,3% da preferência dos eleitores
Desde que lançou o plebiscito, o presidente colombiano, Juan Manuel Santos, se diz confiante de que a população votará a favor da paz. No entanto, de acordo com uma pesquisa do instituto Datexco divulgada nesta sexta-feira (16/09), o apoio ao “não” cresceu 9,5% com relação à última pesquisa. O "sim" que referenda o acordo, porém, segue na frente.
Segundo a Datexco, 55,3% dos entrevistados votariam no “sim” e 38,3% no “não”. Além destes, 6,4% dos entrevistados estão indecisos tanto sobre qual das opções votar quanto sobre ir às urnas em outubro, visto que o voto não é obrigatório.
Para que o resultado do plebiscito seja válido, pelo menos 13% da população habilitada para votar na Colômbia deve ir às urnas — seja para apoiar ou discordar do acordo de paz —, o que equivale a 4,5 milhões de colombianos. As FARC e o governo colombiano já se comprometeram a aceitar o que a população decidir.

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