Quem não tem cão caça com gato, quem não
tem gato caça com rato, quem não tem rato cassa com ato". Atribuída ao
humor ferino do compositor Juca Chaves, a frase se referia aos Atos
Institucionais que moldaram o regime militar implantado em 64. Os Atos, assinados
pelos ditadores de plantão tiveram como objetivo banir do cenário político
figuras que se opunham ao violento rompimento das instituições democráticas;
introduzir eleições indiretas e o mais repressor deles, o AI 5, de dezembro de
1968, fechava de vez o regime, concedendo poderes ilimitados aos generais
ditadores, com a participação efetiva de políticos da direita, aplausos da
elite empresarial e a devida proteção da imprensa hegemônica. Pretexto
utilizado e divulgado à exaustão pelo governo golpista, via mídia conivente:
combater a CORRUPÇÃO e a subversão
Pausa para falar do golpe à presidenta
Dilma. Conforme 1964, a elite empresarial, políticos da direita e imprensa
hegemônica no dia 17 de abril de 2016 fizeram reunir os parlamentares da Câmara
Federal e instituíram o ATO PARLAMENTAR NÚMERO 1, autorizando o Senado dar
prosseguimento ao 'processo de impeachment'. Quatro meses depois, o senado
Federal reunido em plenário decretou o ATO PARLAMENTAR NÚMERO 2 aceitando a
denúncia contra a presidenta e no dia 31 de agosto os mesmos senadores através
do ATO PARLAMENTAR NÚMERO 3 destroçaram 54 milhões de votos e destituíram a
presidenta Dilma Rousse ff, eleita pela vontade democrática dos brasileiros.
Pretexto utilizado pelos golpistas e divulgado à exaustão pela mídia conivente:
CORRUPÇÃO
A curiosidade é que, no século passado,
mesmo com quepes, armas e botinas, foram necessários 17 Atos Institucionais
para derrubar João Goulart e consolidar o golpe. No Brasil de 2016, no curto
espaço de quatro meses com as armas da traição e hipocrisia a presidenta Dilma
foi pra casa com apenas 3 Atos Parlamentares.
Outra curiosidade, é que todos os
golpistas, como se fossem gerados a partir de um mesmo embrião, nunca se
contentam em apenas derrubar o governante ELEITO PELO POVO. Eles sempre dão um
jeito de remover todas as pedras do caminho para manter em suas mãos as rédeas
do poder. Em 64, algumas pedras como Brizola, Arraes, e o próprio Goulart foram
remetidos num rabo de foguete para fora do Brasil.
Em 2016, uma pedreira que atende pelo
nome de Luiz Inácio Lula da Silva está sendo destruída por explosivos montados
na Operação Lava jato e com a pólvora adicional do ATO JURÍDICO NÚMERO 1
determinado pelo Tribunal Federal da 4ª Região. A manifestação dos magistrados
joga mais poderes nas mãos do juiz famoso, quando defende que a Operação não
precisa seguir as regras dos processos comuns.
A decisão, repudiada no mundo jurídico,
ecoou na voz do processualista Afrânio Jardim: " Estamos perdidos. Acabou
o estado de direito no Brasil. Não haverá mais segurança jurídica. A comunidade
jurídica tem que se rebelar"
Em todas linhas e entrelinhas de todos
os golpes, a presença ululante do fascismo e seu puritanismo recheado de
mentiras e falsidades.
Em tempos de golpe brasileiro não custa
nada registrar as palavras do pensador italiano Norberto Bobbio: "O
fascista fala o tempo todo em corrupção. Fez isso na Itália em 1922, na
Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta, agride como se fosse
puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso, um sociopata que persegue
carreira política..."
Em tempos bicudos para a democracia
brasileira, indispensável relembrar as palavras do nonagenário jurista mineiro
Heráclito Fontoura Sobral Pinto nas alturas dos palanques das Diretas Já!:
" TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME DEVE SER EXERCIDO. ESTA É A MINHA
MENSAGEM; ESTE É O MEU DESEJO; ESTE É O MEU PROPÓSITO.
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Médico pneumologista
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