sexta-feira, 25 de novembro de 2016

TROPA DE CHOQUE DE TEMER IMPEDE CONVOCAÇÃO DE GEDDEL NA CÂMARA

Tropa de choque de Temer impede convocação de Geddel na Câmara

Parlamentares da base aliada lotam Comissão de Cultura para impedir vinda do ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, para esclarecer tráfico de influência no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em processo referente à construção de prédio em Salvador.
Christiane Peres

Depois do choro de Geddel Vieira Lima e das defesas feitas pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quarta-feira (23), foi a vez da base aliada na Câmara se unir para impedir que o “homem forte” do governo Temer fosse convocado para esclarecer a denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de que Geddel o teria pressionado para liberar a construção de um imóvel em Salvador (BA).

A obra havia sido embargada pelo Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar localizada numa área histórica, mas Geddel adquiriu um imóvel no edifício e queria a qualquer custo sua liberação. A pressão originou a demissão de Calero na última semana e foi motivo de diversos requerimentos na Comissão de Cultura da Câmara para esclarecer o fato.

No entanto, uma verdadeira tropa de choque foi acionada e todos os requerimentos – tanto de convocação e convite de Geddel, como os de convite para Calero e para os presidentes do Iphan nacional e regional da Bahia – foram rejeitados.
Para deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) ficou clara a intenção do governo de Michel Temer de blindar seu braço direito. “Houve um bate-cabeças no interior do governo golpista e seu homem forte foi colocado em maus lençóis. Isso chamou a atenção do Brasil, mas esse governo que tem se denominado um governo probo tenta impedir o esclarecimento da situação. O ministro está errado e deveria se desculpar, vir a esta Comissão, mas em vez disso, vem uma tropa de choque para blindá-lo, impedir que ele venha explica-se porque fez tráfico de influência”, comenta a parlamentar.

O argumento da base aliada de Temer é que já existe um processo para investigar a conduta de Geddel na Comissão de Ética Pública da Presidência, logo não seria necessário trazer o debate para o Parlamento.

Para a líder da Oposição, deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma discussão não exclui a outra. “O fato da Comissão de Ética estar fazendo o seu papel, não retira o papel da Comissão de Cultura. Cabe a este colegiado apurar o que está acontecendo no Ministério. Se não querem Geddel, deveríamos, no mínimo trazer Calero. Aqui é o lugar para ele falar, pois a depender do seu depoimento precisaremos tomar providências para que não seja exercida nenhuma forma de influência lá”, afirma.

Com as convocações e convites frustrados, a alternativa encontrada pelos parlamentares da oposição foi convidar Marcelo Calero e os responsáveis pelo Iphan para participar de um debate informal realizado pela Comissão de Cultura denominado “Expresso 168”. A tentativa de ouvir o ministro, porém, foi sepultada pelos aliados de Temer. 


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