Parlamentares da base aliada lotam
Comissão de Cultura para impedir vinda do ministro da Secretaria de Governo,
Geddel Vieira Lima, para esclarecer tráfico de influência no Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em processo referente à construção de
prédio em Salvador.
Christiane Peres
Depois do choro de Geddel Vieira Lima e
das defesas feitas pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do
Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), nesta quarta-feira (23), foi a vez da base
aliada na Câmara se unir para impedir que o “homem forte” do governo Temer
fosse convocado para esclarecer a denúncia feita pelo ex-ministro da Cultura
Marcelo Calero de que Geddel o teria pressionado para liberar a construção de
um imóvel em Salvador (BA).
A obra havia sido embargada pelo
Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) por estar
localizada numa área histórica, mas Geddel adquiriu um imóvel no edifício e
queria a qualquer custo sua liberação. A pressão originou a demissão de Calero
na última semana e foi motivo de diversos requerimentos na Comissão de Cultura
da Câmara para esclarecer o fato.
No entanto, uma verdadeira tropa de
choque foi acionada e todos os requerimentos – tanto de convocação e convite de
Geddel, como os de convite para Calero e para os presidentes do Iphan nacional
e regional da Bahia – foram rejeitados.
Para deputada Alice Portugal (PCdoB-BA)
ficou clara a intenção do governo de Michel Temer de blindar seu braço direito.
“Houve um bate-cabeças no interior do governo golpista e seu homem forte foi
colocado em maus lençóis. Isso chamou a atenção do Brasil, mas esse governo que
tem se denominado um governo probo tenta impedir o esclarecimento da situação.
O ministro está errado e deveria se desculpar, vir a esta Comissão, mas em vez
disso, vem uma tropa de choque para blindá-lo, impedir que ele venha explica-se
porque fez tráfico de influência”, comenta a parlamentar.
O argumento da base aliada de Temer é
que já existe um processo para investigar a conduta de Geddel na Comissão de
Ética Pública da Presidência, logo não seria necessário trazer o debate para o
Parlamento.
Para a líder da Oposição, deputada
Jandira Feghali (PCdoB-RJ), uma discussão não exclui a outra. “O fato da
Comissão de Ética estar fazendo o seu papel, não retira o papel da Comissão de
Cultura. Cabe a este colegiado apurar o que está acontecendo no Ministério. Se
não querem Geddel, deveríamos, no mínimo trazer Calero. Aqui é o lugar para ele
falar, pois a depender do seu depoimento precisaremos tomar providências para
que não seja exercida nenhuma forma de influência lá”, afirma.
Com as convocações e convites
frustrados, a alternativa encontrada pelos parlamentares da oposição foi
convidar Marcelo Calero e os responsáveis pelo Iphan para participar de um
debate informal realizado pela Comissão de Cultura denominado “Expresso 168”. A
tentativa de ouvir o ministro, porém, foi sepultada pelos aliados de Temer.
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