Alexandre Moreira
Idealizador
do golpe de 2016 e hoje sócio do governo Michel Temer, a quem chama de
"pinguela", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso publicou um
melancólico artigo de fim de ano, em Veja; nele, FHC afirma que
"fortalecemos as instituições democráticas", neste ano em que o
Brasil foi ridicularizado no mundo, por promover o golpe dos corruptos contra a
presidente honesta; FHC também fez uma confissão sobre a natureza do golpe, ao
dizer que os generais do passado foram substituídos pelos juízes do presente;
2016 foi também o ano em que FHC foi escrachado na comunidade acadêmica e
impedido de participar de debates em razão de seu apoio ao golpe.
O ano de 2016 foi aquele em que o
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso venceu, mas perdeu. Depois de ver seu
partido ser derrotado em quatro eleições presidenciais consecutivas em razão do
sucesso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, seu principal rival, FHC
conseguiu concretizar seu maior projeto: a derrubada do PT, por meio de um
golpe parlamentar do qual foi um dos principais articuladores.
O resultado está aí: o governo Michel
Temer, chamado por FHC de "pinguela", é reprovado por 77% dos
brasileiros e já não há mais quem diga, sem corar de vergonha, que a presidente
Dilma Rousseff foi afastada por pedaladas fiscais. Todos sabem que 2016 foi o
ano em que o Brasil causou perplexidade no mundo ao promover o golpe dos
corruptos contra a presidente honesta, causando sua própria autodestruição
econômica – desde que o golpe começou a ser articulado pela aliança PMDB-PSDB,
a economia brasileira, que com Lula e Dilma conheceu o pleno emprego, já recuou
mais de 10%.
Convidado a fazer um balanço do ano para
a revista Veja, FHC produziu um
texto melancólico, no qual confessa que os generais dos golpes do passado foram
substituídos pelos juízes do presente. Eis um trecho do texto "Futuro
escorregadio":
De toda maneira, fortalecemos as instituições
democráticas. Há trinta anos, diante do desmantelamento socioeconômico e político
em que nos encontramos, estaríamos balbuciando o nome de generais que
"poriam ordem nas coisas"; hoje, não os conhecemos e, em compensação,
sabemos de cor o nome de ministros do Supremo Tribunal Federal e o de alguns
juízes mais ativos de outras cortes. Um tremendo passo adiante.
FHC é, sem dúvida, um dos principais
responsáveis pela tragédia atual do Brasil – um país que, de admirado, se
transformou num fracasso produzido por suas próprias elites. O ex-presidente
tucano, no entanto, termina o ano como um grande derrotado.
Neste ano de 2016, o fato mais marcante
para Fernando Henrique Cardoso foi o protesto de 499 intelectuais que o
impediram de participar de um debate acadêmico em Nova York, em razão do seu
apoio ao golpe.
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