O entreguismo em marcha acelerada
Uma das características da vida humana na modernidade é sua quase total inserção nas organizações. Nascemos, somos educados, trabalhamos, nos divertimos em organizações. Em suma, exercitamos nossas humanidades quase que exclusivamente em ambiente organizacional, e com isso a organização moderna assume importância central nesta quadra da aventura humana.
Sob o predomínio da visão liberal, onde o espaço de atuação estatal é reduzido, um tipo especial de organização, a organização economicista, ganha corpo e se torna quase onipresente. Áreas dantes típicas do setor público como os setores de infraestrutura, ou ainda sob o chamado monopólio natural, foram subsumidos e se regem pelo critério excludente do mercado. Até mesmo alguns domínios costumeiramente rotulados como típicos do Estado, inclusive pelos ideólogos liberais, como a educação, a saúde e a segurança estão sob forte avanço de empresas economicistas de mercado. E é claro, quem pode pagar tem, quem não pode, se sacode.
Nesse contexto se inserem uma série de medidas do governo usurpador, todas com viés privatizante ou de favorecimento às empresas voltadas prioritariamente ao lucro máximo (organizações economicistas). São decisões tomadas em relação às aposentadorias, ao acesso ao sistema de saúde, aos bancos estatais, a gestão dos presídios e à política de exploração das nossas riquezas naturais.
Na questão do petróleo, classicamente visto como monopólio natural, o Brasil praticou nos últimos 60 anos uma bem sucedida política, com a Petrobrás. Contudo está em curso um verdadeiro crime de lesa-pátria com o retalhamento e a venda de ativos a preço vil.
E o pretexto é absolutamente falacioso. Argumentam com a crise econômica, olvidando que, com seu imenso potencial, tanto em termos de geração de caixa como em termos de capacidade de endividamento, a Petrobrás tem amplas condições de se levantar da crise conjuntural atual, sem necessidade de queima de ativos produtivos e estratégicos.
Além disso a Petrobrás, que chegou a responder por mais de 70% dos investimentos globais do país, poderia contribuir acentuadamente com a minimização da crise econômica do país.
Infelizmente, porém, sob a égide do "entreguismo" característico do governo usurpador as decisões são todas em sentido contrário. Por oportuno, no exato momento em que me dedico a presente reflexão, tomei conhecimento de que enquanto governo congela os investimentos em saúde para os próximos 20 anos, os planos privados praticam o maior aumento dos últimos 20 anos.
Parece até provocação.
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