quarta-feira, 26 de abril de 2017

Avós da Praça de Maio anunciam identificação de neto número 122 na Argentina DITADURA NUNCA MAIS!


Avós da Praça de Maio anunciam identificação de neto número 122 na Argentina


Encontrado em Córdoba, neto 122 é filho de Iris García Soler e Enrique Bustamante, desaparecidos em janeiro de 1977 em Buenos Aires; Soler deu à luz na ESMA, e depoimentos de sobreviventes do centro de tortura ajudaram investigação
As Avós da Praça de Maio anunciaram nesta terça-feira (25/04) a identificação do 122º neto sequestrado de sua família durante a ditadura argentina (1976-1983) e encontrado pela organização.
Militantes na organização de resistência à ditadura Montoneros, Iris García Soler e Enrique Bustamante desapareceram em 31 de janeiro de 1977 em Buenos Aires pela Polícia Federal argentina. Soler estava grávida de três meses na ocasião e deu à luz um menino em julho do mesmo ano na ESMA (Escola Superior de Mecânica da Armada), principal centro clandestino de prisão e tortura do país, por onde estima-se que tenham passado mais de 5 mil detentos entre os 30 mil desaparecidos pela ditadura argentina.
As Avós da Praça de Maio, junto à Conadi (Comissão Nacional pelo Direito à Identidade), investigaram o paradeiro do filho de Soler e Bustamante por meio de depoimentos de sobreviventes da ESMA que conviveram na prisão com o casal, que segue desaparecido.
Abuelas de Plaza de Mayo / Facebook

Estela de Carlotto, líder das Avós, anuncia a identificação do neto número 122 ao lado de familiares de Iris García Soler e Enrique Bustamante, que desapareceram em janeiro de 1977
“Frente a numerosas denúncias recebidas pelas Avós, a filial de Córdoba resolveu contatar, por meio de sua equipe de aproximação, um jovem que presumivelmente era filho de desaparecidos”, escreveu a organização no comunicado divulgado à imprensa. O homem, cujo nome não foi divulgado, tem hoje 40 anos, se dispôs a realizar o exame de DNA e no dia 18 de abril foi confirmada a maternidade de Soler e a paternidade de Bustamente.

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O desaparecimento de Soler e o sequestro de seu filho estão sendo julgados no processo de crimes da ESMA que começou em 2013, em um tribunal federal de Buenos Aires.
“Esta nova restituição é a demonstração de que a verdade e a justiça sempre vencem o esquecimento e o silêncio”, disseram as Avós da Praça de Maio. “Este caso é a mostra de que os julgamentos [de agentes da ditadura] foram e seguem sendo uma ferramenta fundamental e que o Estado deve acompanhar com políticas públicas o processo de Memória, Verdade e Justiça.”
As Avós estimam que mais 300 pessoas que nasceram nas prisões da ditadura argentina e foram sequestradas por agentes ainda não sabem a verdade sobre sua origem.

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