PT
buscará apoio de PSDB para diretas
Ricardo Galhardo e Pedro Venceslau
A declaração do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso pedindo que o presidente Michel Temer tenha um “gesto
de grandeza” e antecipe as eleições presidenciais animou a oposição ao governo
do PMDB no Congresso.
O líder do PT na Câmara,
Carlos Zarattini (PT-SP), disse que vai procurar os
deputados descontentes do PSDB para uma conversa sobre a antecipação das
eleições presidenciais de 2018. “Vamos tentar falar com eles (tucanos) para um
acordo sobre eleições diretas. Nosso objetivo é tirar o Temer”, afirmou
Zaratini.
Em carta ao jornal O Globo,
publicada nesta quarta-feira, 15, FHC disse que “não havendo aceitação
generalizada de sua validade, ou há um gesto de grandeza por parte de quem
legalmente detém o poder pedindo antecipação de eleições gerais ou o poder se
erode de tal forma que as ruas pedirão a ruptura da regra vigente exigindo
antecipação do voto”.
Diretas. A declaração foi
interpretada pela oposição como a senha para que parlamentares tucanos possam
embarcar no movimento pelas “diretas-já”.
Segundo Zaratini, a
estratégia é incentivar as manifestações de rua para pressionar deputados a
votarem pela aceitação de uma possível denúncia da Procuradoria-Geral da
República (PGR) no inquérito que investiga Temer por corrupção passiva,
obstrução de Justiça e organização criminosa. O objetivo é buscar o apoio de
deputados descontentes em partidos que integram a base de Temer.
“A ideia é fazer uma grande
mobilização popular para ampliar o nosso campo. Se olharmos os números de hoje
não temos (votos para afastar Temer e fazer uma nova eleição), mas os números
de hoje não são os de amanhã”, disse o petista.
PSDB. Os tucanos foram pegos
de surpresa com as declarações do ex-presidente. Integrantes da executiva
avaliam que FHC “foi além do ponto”, classificaram como “ininteligível” a nota
divulgada e preveem um acirramento ainda maior do debate interno.
“A ideia de eleições gerais é
inaplicável e contraria a Constituição em vigor”, disse o ex-governador José
Aníbal, vice-presidente do PSDB.
Para os “cabeças pretas”,
porém, a posição do ex-presidente fortalece a ala que prega o desembarque. A
ala mais jovem do partido entende que a bandeira da antecipação pode ser
adotada pelo PSDB em caso de deterioração da situação de Temer. A avaliação
também é feita por integrantes do alto clero tucano.
“Se acontecer uma situação de
ingovernabilidade, a antecipação da eleição direta é uma hipótese. Mas conversa
com o PT é especulação”, afirmou o presidente do Instituto Teotônio Vilela,
José Aníbal.
www.politica.estadao.com.br 17/06/2017
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