Sobre o fiasco da viagem de
Michel Temer ao exterior, a reportagem de hoje do Le Monde, em versão em
português pela Rádio França Internacional:
A
estrela pálida do Brasil na cena internacional é o título da análise que Le Monde traz nesta quinta-feira, assinada
pela sua correspondente no país, Claire Gatinois.
Segundo ela, o presidente
brasileiro ignorou a ameaça da Justiça e foi para Rússia em viagem oficial,
posando até mesmo ao lado do chefe de Estado russo Vladimir Putin em um
espetáculo do balé Bolshoi, em Moscou.
Para o Le Monde, a viagem,
que termina na Noruega nesta sexta-feira, é uma “demonstração do ativismo
internacional de um presidente que está “determinado a mostrar que seu país não
está paralisado.”
Apesar da Operação Lava-Jato, que revelou um
esquema de corrupção com tentáculos mais longos do que o esperado, Temer busca
convencer os outros países que o Brasil não se transformou em uma República das
Bananas. Segundo Le Monde, a tentativa é em vão.
A crise moral no país se
aprofunda e o mergulha em um ostracismo diplomático. Impossível, lembra o
diário, não notar que nenhum chefe de Estado vem visitar o país, contrariamente
à época de Lula, admirado por pesos pesados da política internacional como o
ex-presidente dos EUA Barack Obama, por exemplo. Período em que o Brasil também
foi escolhido para sediar a Copa do Mundo (2014) e os Jogos Olímpicos (2016).
A destituição de Dilma e os
escândalos de corrupção também fragilizaram a imagem do Brasil dentro da
América Latina, lembram especialistas citados pelo Le Monde, onde o país também
não exerce mais uma liderança.
A perda de influência na cena
internacional, lembra o Le Monde, começou entretanto com Dilma – economista
tecnocrata que nunca foi uma “expert” em política externa, observa o jornal.
Foi início de uma derrocada que se concretizou depois do impeachment.
Paulo Sergio Pinheiro,
ex-secretário dos Direitos Humanos, relator da ONU, diz querer acreditar em um
“parênteses maldito”.
Para o jornal francês, o
tamanho do Brasil e seus recursos naturais podem ajudar o país virar novamente
o jogo e voltar a ser um ator nas questões internacionais. “Mas é necessária
uma limpeza de sua paisagem política”, conclui o artigo.
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