Cinema e Realidade em casa 6
Os três filmes que sugerimos assistir cada fim de semana dentro do projeto Cinema e realidade em casa, desta vez são quatro. Explicamos. Um deles, Boa noite e boa sorte, tem George Clooney atuando como diretor. É uma das histórias da época do macarthismo. O mensageiro é um emocionante filme baseado em dramática história verídica que ocorreu com o jornalista americano Gary Webb. E o documentário Muito além do cidadão Kane, cuja exibição foi proibida no Brasil, ainda hoje é alvo de polêmicas e contestações. Incomodou e ainda hoje irrita o grupo de mídia Globo.
Todos eles mostram o viés de hipocrisia da mídia de massa quando divulga notícias, produz análises através dos seus cães de guarda - expressão cunhada pelos franceses quando se referem aos jornalistas que se prestam ao papel de porta vozes dos ‘’donos’’ - e ao criar contra-informação que atenda aos seus próprios interesses econômicos. A manipulação de corações e de mentes de indivíduos de vastos segmentos da sociedade e o escandaloso resultado da radicalização da mídia hegemônica, no Brasil, servem como ponto de partida para conversas e debates, neste fim de semana.
Mas há uma obra clássica, mãe dessas três produções, que de vez em quando deve ser revisitada. O magnífico filme de Orson Welles, Cidadão Kane, de 1941, um dos mais discutidos e analisados e, para muitos, considerado o melhor filme já realizado. Sugerimos assisti-lo durante a semana, se não houver disponibilidade para tanta atividade cinéfila em três noites e dois dias.
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Lembramos que Cinema e Realidade em Casa está em cartaz há quase dois meses. Sua repercussão aumenta a cada semana. É um projeto que procura oferecer entretenimento e estímulo à reflexão sobre o mundo e, em particular sobre o drama econômico, social e político que atualmente se desenrola no Brasil.
Good night and good lucky (2005) mostra como o jornalista Edward R. Murrow, âncora de um programa da Rede CBS, enfrentou o senador Joseph McCarthy, político que transformou uma Comissão de Investigação do Congresso dos Estados Unidos em palco de uma campanha anticomunista falaciosa e baseada em acusações levianas, usadas para constranger e desmoralizar cidadãos, na década de 1950. “Época na qual era perigoso divergir da opinião e das atitudes de quem tinha o poder de espalhar acusações (e até insinuações) por intermédio da mídia. A imprensa publicava o que lhe caía nas mãos, sem questionar a fragilidade de denúncias, a falta de consistência das evidências,” escreveu Artur Breve em Carta Maior.
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O mensageiro, de Manuel Cuesta (Kill the messenger/2014) conta a saga de Gary Webb, jornalista investigativo americano, da Califórnia. Webb teve vida curta. Morreu antes de completar 50 anos. Trabalhava como repórter num pequeno jornal inexpressivo, o San José Mercury, quando descobriu a conivência e o acordo bilionário do governo americano de Ronald Reagan com traficantes de países da América Central para introduzir no país o crack em escalas descomunais. Ele desvendou e divulgou o esquema. A investigação de Webb foi reconhecida por colegas honestos e de prestígio. Alexander Cockburn e Jeffrey St.Clair, do famoso site Counterpunch.com, e autores do livro Whiteout: the CIA, Drugs and the Press contam, detalhadamente, como Webb foi vítima de uma campanha da CIA destinada a destruir sua reputação. Nunca mais ele conseguiu emprego na mídia, depois de publicar a sua denúncia.
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‘’Aos 50 anos do golpe militar de 1964 é necessário revisitarmos o documentário Muito Além do Cidadão Kane (Beyond Citizen Kane, 1993), dirigido por Simon Hartog para o Channel Four da Inglaterra,” escreveu Wilson Ferreira em Cinegnose. “A Globo venceu na justiça e o filme foi banido do país, mas acabou assistido e debatido nos meios universitário e acadêmico. Tornou-se um documento fundamental para conhecermos o Brasil e a nossa TV. Ficou famoso internacionalmente pelas suas denúncias sobre as manipulações do telejornalismo da Globo e o favorecimento econômico da emissora de Roberto Marinho desde o início do regime militar. Mas o documentário de Hartog diz mais, que só o olhar de um estrangeiro poderia ver: os detalhes que contribuíram para a Globo formar a primeira rede de TV do país, capaz de criar um conteúdo tão genérico que passou por cima da diversidade cultural e regional brasileira.” O plim-plim e a linguagem do globês alteraram a identidade idiomática do brasileiro, Ferreira escreveu.
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Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, um resumo dessa discussão.
Desejamos um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes.
* Estas produções estão disponíveis em DVD, no Now, Netflix e youtube.
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