sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Cinema e Realidade em casa 7


Boletim Carta Maior - 11 de Agosto de 2017


Cinema e Realidade em casa 7



Arte: Carta Maior
 
Daqui a uma semana Cinema e Realidade em Casa completará dois meses em cartaz com uma repercussão surpreendente, e em contínua expansão. Trata-se de um projeto que oferece ao espectador entretenimento e estímulo à reflexão sobre o mundo e o drama econômico, social e político que hoje se desenrola no Brasil. Sugerimos filmes recentes e, alguns, mais antigos, são importantes referências cinematográficas.
 
Dentre essas produções para assistir no conforto da  casa há as  encontradas em plataformas digitais conhecidas. Outras podem ser adquiridas em DVDs, nas redes de livrarias físicas ou  encomendadas on line. Umas, versam sobre o mesmo tema de fundo embora com argumentos diversos. Os filmes indicados para este fim de semana, por exemplo, falam diretamente sobre distúrbios políticos autoritários e suas consequências na educação; sobre as  ‘bolhas’ fascistas, de ódio racista as quais emergem no Brasil de agora, e a respeito da tragédia social  vivida sob o jugo do mercado neoliberal do trabalho.
 
São assuntos conexos.
 
reprodução
A onda (Die Welle) é um filme alemão de 2009 do diretor Dennis Gansel. É imperdível. Trata de assunto gravíssimo para nós cujo programa Escola sem Partido, duramente criticado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, (que considerou os projetos de lei promovidos pelo movimento, no Brasil, como ameaça aos direitos humanos básicos) segue sendo implantado em diversos estados e municípios em uma semi-surdina. E, o que é pior, sem grande destaque na velha mídia. O tema do filme se relaciona diretamente com o que ocorre aqui: convênios e acordos fechados entre secretarias de educação e polícia militar e o exército (projeto Exército nas Escolas).
 
A onda ganhou cinco prêmios internacionais e nas dez primeiras semanas em cartaz na Alemanha foi visto por mais de dois milhões de espectadores. Os fatos nele relatados são reais e mostram como um professor de ensino médio, ao decidir fazer uma experiência pedagógica, pode manipular e intoxicar os garotos com uma ideologia autocrática atraindo-os com símbolos, uniformes, saudações, espírito de corpo, pichações, roupas com slogans, provocações públicas e, com muita sutileza, despertando e estimulando preconceitos adormecidos para discriminar os que se contrapõem ao movimento. Os ideologizados discriminam e chegam  a agredir fìsicamente aquele que é diferente. Ensina-se aos meninos-cobaias que não existem as minorias. Que minoria é o indivíduo. E o sistema ‘’do bem’’ é o da famigerada teoria da meritocracia. Não deixe de ver este filme.
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA)
 
Divulgação/Caliban

Silvio Tendler, competente cineasta brasileiro, dirigiu e é autor do roteiro do documentário Privatizações : a distopia do capital realizado sob o patrocínio das idéias do saudoso geógrafo Milton Santos. No prólogo, ele avisa que trata não apenas do processo de privatizações do qual o Brasil e sua população foram (e são, mais do que nunca) vítimas, mas também “das artimanhas do capital internacional em aliança com os capitais nacionais contra a nossa economia.” Nessa infeliz fase de agora, com a escandalosa escalada de privatização no país e, em especial, de praticamente uma cidade inteira – a de São Paulo - pelo seu prefeito ausente, perguntamos: existe tema mais atual do que o filme de Tendler? A resenha de Carta Maior sobre o doc, publicada em 2014, enfatiza a importância de exibi-lo em sindicatos, escolas, clubes, associações, grupos de estudos e de debates para ‘’desconstruir o mantra decorado pelo candidato da direita  Aécio Cunha à presidência da República, que promete, nas linhas e entrelinhas do seu programa de governo, encenar o derradeiro ato do triste teatro do desmonte do estado brasileiro. Caso fosse eleito. ’’ O candidato foi derrotado. Como menino mal educado e mimado, não se conformou, assaltou o poder e é co-autor do desmantelamento do estado democrático enfim realizado à força.
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA)





 
 reprodução
 
O terceiro filme-programa para este fim de semana é o francês  O valor de um homem (La loi du marché/2015), de Stephane Brizé, uma produção festejada e premiada no Festival de Cannes com o ator Vincent Lindon. É um filme primoroso, quase um documentário, sobre a desumanidade das regras da vida do indivíduo, e desse cidadão no mercado do trabalho, dentro do sistema neoliberal. Um retrato lancinante de Thierry, autêntico blue collar e legítimo representante da classe operária. Desempregado, a sua preocupação básica é colocar comida na mesa da família e continuar mantendo a educação especial do filho. Para tal, ele aceita e se submete a uma ocupação abaixo de suas possibilidades profissionais. Chamamos a atenção para as notícias dessa semana quando fomos informados sobre os mais de vinte milhões de cidadãos brasileiros desempregados e quando acompanhamos o acinte da reforma trabalhista perpetrada pelo governo golpista.
 
Assistir O valor de um homem é pertinente e imperdível.
(CLIQUE AQUI PARA LER A RESENHA)
 
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Confira os filmes desta semana. Não deixe de chamar os seus amigos e parentes para debatê-los e, se quiser, envie um texto para nós, com um resumo dessa discussão.
 
Um ótimo fim de semana, parceiros, e com bons filmes.
 
 * O filme A lei do mercado é encontrado em DVD. A história da privatização está no youtube em alta resolução e, sob encomenda, pode ser adquirido no Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro (SENGE/RJ).  A onda está disponível no Netflix.

Créditos da foto: Arte: Carta Maior

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