POLÍTICA
Lula Pelo Brasil e o país que o povo quer
04/09/2017 - Fernanda Estima
A caravana passa e os relatos surgem. Apesar do boicote da grande mídia, da insistência em perseguições tolas, como foi a proibição da entrega do título honoris causa a Lula na Bahia e das variadas mentiras que correm soltas pela internet, a passagem do ex-presidente Lula pelo interior do Brasil é um sucesso.
Um sucesso de público e de propostas para um país melhor, com crescimento econômico local, possibilidades de vida digna para quem não está nos grandes centros, possibilidades reais de levar futuro promissor a quem em geral não recebeu nada. E o que vinha recebendo, desde o golpe que tirou Dilma Rousseff da presidência da República, há um ano atrás, visivelmente deixou de existir.
Na entrada do Ceará, em Quixadá, a primeira atividade foi prestar solidariedade aos funcionários da Usina de Biodiesel da Pebrobras que Lula inaugurou há oito anos, fechada por Michel temer, o “cara de demônio”, nas palavras do taxista Edson Limeira. Edson trabalha em Juazeiro do Norte e acredita que a solução para o país é a volta de Lula. “A gente tem respeito por ele porque sabemos que governou olhando pra nós”, resumiu durante nosso trajeto pela terra quente de Padre Cícero.
O fechamento da Usina faz o povo chorar. O que era um futuro promissor se transforma no pesadelo do desemprego e da fome. Os funcionários da usina, com seus jalecos laranjas, as esposas, as mães, os filhos e filhas debaixo de sol para contar a Lula a desgraça que se passou ali. O golpe no Brasil tem gerado pobreza, exclusão e é talvez o maior destruidor de oportunidades para o povo pobre.
A chegada nas localidades dos ônibus que acompanham Lula pelo Brasil é sempre carregada de emoção. As populações em geral estão há horas esperando este momento que muitas vezes não estava programado, mas a multidão que cercava o ônibus, impedindo sua passagem, impunha o desejo de ver e ouvir Lula.
Esses momentos ocorriam em dois locais: ou em algum posto de gasolina na beira da estrada ou na principal praça da cidade. Em qualquer destas possibilidades as cenas eram de comoção, toda gente reunida, motos, muitas motos, algumas delas servindo de banco para esperar a hora de Lula falar. Algumas delas com toda família em cima, comprovando uma das falas do presidente: “o povo deixou de andar de jegue e agora tem moto”.
Edson, o taxista, confirma: “é muita moto, moça. Mas também tem muito acidente porque as pessoas são demais imprudentes. Mas jegue a gente não usa mais não”. Edson não é um caso isolado, são várias e várias entrevistas com cidadãos comuns, nas muitas paradas pelo interior do país. Elas relatam prejuízos e retrocessos desde o golpe, e por isso, em todos os atos e encontros sempre será ouvido em alto e bom som, com a praça unida num mesmo desejo, “fora temer”.
Para a jornalista Claudia Motta, que acompanha a viagem de Lula, “basta conversar um pouco com o povo aqui para entender porque vem em Lula a lembrança de dias melhores e esperança de poder permanecer na sua terra, com dignidade”. Essa tem sido a tônica das conversas com a população. Homens, mulheres e crianças que levam vida difícil mas que não perdem a esperança de melhorar. Algumas destas pessoas desejam coisas bem básicas e fundamentais: água de beber e futuro para os filhos e filhas.
O jornalismo da esperança corre atrás do presidente assim como os populares. Os primeiros para cumprir suas tarefas profissionais e os demais para tentar chegar perto, tocar nele, falar e ouvir. Não foram poucos momentos que Lula precisou pedir ajuda para mulheres que passavam mal no meio da multidão assim como não foram poucas as oportunidades da imprensa que pratica um outro jornalismo e também sonha com outro Brasil possível presenciar e se emocionar com a comoção popular.
O calor do interior nordestino é intenso, há vários açudes secos, os rios que são perenes também estão sem água. As cabras sobrevivem e seguem pastando os galhos secos, mas é possível ver muitas ossadas de gado nas terras vastas e secas na beira das estradas. O país que o povo quer precisa de água e precisa de novas oportunidades.
“Você anda com Lula, minha filha?”, me pergunta uma senhora bem humilde numa das nossas paradas “fora da programação”. Sim senhora, faço parte da equipe de comunicação, respondo eu humildemente. “Então me faça um grande favor porque não vou conseguir chegar até ele: diga que estamos esperando sua volta, diga que é nossa esperança”.
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