quinta-feira, 21 de setembro de 2017

No século 21, PT e esquerda têm que ter coragem de inovar, diz Lula


No século 21, PT e esquerda têm que ter coragem de inovar, diz Lula

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No lançamento de plataforma "Brasil que o Povo Quer", criada para debater com sociedade novo projeto de País, ex-presidente falou da urgência do PT e da esquerda terem ideias mais avançadas sobre temas como drogas, sexualidade e religião
Da Rede Brasil Atual
O PT e a Fundação Perseu Abramo lançaram na manhã desta quinta-feira (21) a plataforma "Brasil que o Povo Quer", para ouvir e debater com a sociedade o processo de construção de um novo programa para o Brasil. A iniciativa é ancorada em uma base digital, aberta à participação da população, com debates transmitidos ao vivo pela internet, além de reuniões nos diretórios do PT. O lançamento do projeto contou com a participação de várias lideranças do partido, a começar de sua presidenta, Gleisi Hoffmann, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e representantes de inúmeras entidades do movimento social, como UNE, MST, MTST, CUT, entre outras.
“Fazer um chamamento à sociedade para que ela diga o Brasil que quer é a primeira demonstração de que o PT evoluiu e a esquerda evoluiu para compreender que o País não é nosso, nós é que somos do País”, resumiu Lula, sobre o significado da proposta. “Não vamos ter medo do que a população tem a falar”,  pediu.
Em sua fala, comentou sobre a importância de o partido usar a plataforma para entender a evolução da sociedade e suas necessidades no mundo contemporâneo. “O PT está precisando produzir não apenas novos programas, mas novos dirigentes, gente com a cabeça no século 21”, disse.
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Ele mencionou as questões das drogas, da religiosidade e da sexualidade como exemplos de temas que exigem abordagens mais avançadas pela legenda. “Não podemos aceitar o voto de um juiz que acha que a homossexualidade é coisa de psicólogo. Em nome da diversidade, a gente tem que ter coragem de dizer que uma pessoa é o que ela quer ser. Como a gente vai tratar a questão de drogas no País? Como se fosse caso de polícia? A gente vai ver jovens meninos negros e meninas da periferia e, porque é encontrada com um baseado, é presa e fica dois anos sem alguém pra liberar essa criança?”, disse. “O PT tem que ter coragem de dizer que não aceita que nenhuma religião tenha supremacia sobre a outra. O partido tem que assumir essas coisas porque, no século 21, a gente tem que ter coragem de inovar.”
Ele afirmou que, no mesmo momento em que se pronunciava, teve a ideia de propor reuniões com todas as instituições que trabalham com dependentes químicos, incluindo as igrejas católica, evangélica e terreiros de umbanda, para ajudar a desenvolver propostas.
Lula afirmou que a opinião das pessoas expressa por meio da plataforma Brasil que o Povo Quer vai servir ainda para esclarecer temas que são objeto de “confusão”, como as avaliações críticas ao seu modelo de governo, por ter incentivado o consumo. “Vejo as pessoas falarem em consumo como se fosse uma coisa nefasta. Eu não consigo ver produção sem consumo. O consumo é a base do desenvolvimento produtivo de qualquer lugar do mundo. Imagina fazer a Revolução Russa se não fosse pro povo consumir o que não consumia no tempo dos czares?”.
Para defender programas sociais e inclusivos de seu governo e o de Dilma Rousseff, ele usou a ironia. “Não tenho bronca de quem não entende as coisas. Como um jovem que mora na Avenida Paulista vai compreender o que significa o Luz para Todos?”, questionou, por exemplo. “Ele não sabe o que é viver com candeeiro. Aliás, não sabe nem o que é um candeeiro. Não fico chateado quando as pessoas não compreendem o valor do asfalto. Não sabe o que é sair para ir trabalhar pisando no barro. Quem mora aqui não tem noção do que é uma cisterna.”
“Desfaçatez mentirosa"
O ex-presidente avalia o atual momento pelo qual passa o País como “difícil, mas excepcional”. “As pessoas estão procurando alguma coisa, um caminho, precisam de alguém que ajude a procurar esse caminho. Estou convencido de que finalmente o PT acordou para o processo de criminalização que tentam fazer contra o partido.” Ele se referiu à célebre entrevista coletiva de Deltan Dallagnol em que o procurador da República “prova” que Lula é “comandante máximo” de um esquema de corrupção por meio do PowerPoint. “É a maior desfaçatez mentirosa contra o partido mais importante da América Latina, que mais fez inclusão social da história deste do País”, disse. “O crime do PT foi governar para o povo pobre.”
Para Lula, procuradores e investigadores do tipo de Dallagnol “são verdadeiros analfabetos políticos”. Sobre os processos pelos quais as denúncias são construídas, acrescentou: “A imprensa mente, a Polícia Federal faz inquérito mentiroso, o Ministério Público faz uma denúncia criminosa, e o juiz aceita. E depois eu que tenho que provar que não fiz”.
O ex-presidente ainda avisou: “Eles mexeram com quem não deveriam. Estão mexendo um político que não roubou, não tem medo deles e a única coisa que tem é a sua honra”.
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad defendeu a retomada de “uma agenda forte na educação”, tal como desenvolvida nos governos Lula e Dilma, dos quais foi ministro da área. “Essa plataforma é importantíssima e vai revelar o desejo de que o processo libertário pela educação seja retomado com Lula presidente em 2019.”
Em rápida fala, Gleisi Hoffmann elogiou a iniciativa e comentou as prioridades do governo Michel Temer. “Fiquei abismada ao ver o orçamento da área social. Estão destruindo todo o sistema de seguridade do País.”

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