A
"ficha" ainda não caiu?
Lamentavelmente, pelas muitas conversas que mantemos
com pessoas comuns, nas ruas, e com companheiros sindicalistas, parece que a
“ficha ainda não caiu” para os problemas que enfrentaremos a partir do dia 11
de novembro com a entrada em vigor da reforma trabalhista de Temer já aprovada
no Congresso e publicada no Diário Oficial.
Pela nova Lei, os Acordos Coletivos assinados pelos
sindicatos passam a ter “força de lei”. Ou seja, esses Acordos assinados entre
a empresa e o sindicato representantes poderão se sobrepor às leis trabalhistas
descritas na CLT. Apenas alguns poucos pontos não podem ser alterados pelos
acordos: normas de saúde, segurança e higiene do trabalho, além do pagamento do
FGTS, 13º salário, etc.
A jornada de trabalho pode ser negociada! Também o
intervalo para refeição. As férias poderão ser divididas em até três períodos
de descanso. Nenhum deles pode ser menor do que cinco dias corridos, e um deve
ser maior do que 14 dias corridos. Os acordos coletivos também poderão
determinar a troca do dia de feriado. Um feriado na quinta-feira poderia ser
mudado para sexta-feira, por exemplo, impedindo a folga na quinta e na
sexta-feira (dia enforcado).
A reforma cria o trabalho intermitente, que permite a
contratação de funcionários sem horários fixos de trabalho, ganhando de acordo
com o tempo que trabalharem. Nesse caso, o funcionário não tem a garantia de
uma jornada mínima, férias, 13º e outras.
A reforma trabalhista prevê a possibilidade de grávidas
trabalharem em condições insalubres, ou seja, que podem fazer mal à saúde, como
barulho, calor, frio ou radiação em excesso, desde que a insalubridade seja de
grau mínimo.
• MBL (1). Em junho de
2013, no auge das manifestações contra Dilma, ouvimos falar do MBL (Movimento Brasil
Livre). Apesar de todo o estardalhaço e do total apoio de toda a mídia, não
conseguiram um grande resultado em 2014 e Dilma conquistou o segundo mandato.
Alguns analistas tentaram “explicar” o rápido
crescimento do MBL dizendo que veio ocupar um lugar vago na política brasileira
e estava atraindo a atenção de jovens da classe média-alta para a política.
Bandeiras contra a “corrupção”, por mais “democracia” e contra a esquerda foram
as principais armas para atingirem uma parte do público mais jovem que
demonstrava afastamento da vida política brasileira (mesmo fenômeno que vemos
na Europa há anos).
Esta explicação não resiste a uma pesquisa mais séria.
Não se trata de um movimento espontâneo que atraiu esses setores, mas de um
projeto bem elaborado e muito bem financiado pela direita dos EUA com objetivo
claro. Muito antes de junho de 2013, desde o mandato de FHC, já acompanhávamos
as ações da direita liberal no país através de sites dirigidos a esse público.
Dois ou três deles chegavam a oferecer “cursos de formação de lideranças” para
jovens.
Na verdade, o MBL nasceu de um projeto traçado e
financiado pelo “Students for Liberty”, uma ONG estadunidense que financia
grupos de direita no mundo e tem como principal objetivo defender as ideias
liberais. Alguns achavam que logo se transformaria em um partido político, mas
essa não era a ideia deles. O objetivo é influenciar os partidos de direita
para uma agenda mais liberal onde eles tenham influência.
Kim Kataguiri, o mais conhecido representante do grupo,
não nasceu por acaso. Foi um rosto escolhido cuidadosamente para representar a
proposta. Fez um curso de liderança política nos EUA, financiado pela Fundação
Atlas. E o próprio, em uma entrevista na época, admitiu ter feito o curso nos
EUA e passou a defender um Estado mínimo, o papel da meritocracia e a
desregulamentação da economia.
• MBL (2). Qualquer um
que acompanhe diariamente as notícias sobre a política brasileira já entendeu o
projeto do MBL: levar, sob sua influência, João Doria ao Palácio do Planalto.
Segundo a revista Piauí, em matéria publicada na terça-feira (03/10), o
movimento articula uma “aliança” entre o PMDB e o DEM, contando com o apoio de
evangélicos e ruralistas. E não vão esperar por um posicionamento mais claro do
próprio PSDB (partido do Dória).
Renan Santos, um dos líderes do movimento, disse que
espera “de coração, que a tese que a gente defende (aliança entre setores
modernos da economia + agro + evangélicos) seja aplicada. É a melhor forma de
termos um pacto político de centro-direita, que a dialoga com o campo e com a
classe C”.
Para quem não conhece (e não está perdendo grande
coisa) o pessoal do MBL criou um grupo no WhatsApp e serve como relacionamento
com executivos de médio e alto escalão nas empresas. Fazem campanha aberta
contra Aécio Neves e José Serra, além do próprio Alckmin. Curiosamente, nesse
grupo do WhatsApp os executivos do mercado financeiro declaram abertamente os
valores das doações para o MBL. Em apenas duas semanas o volume total de
doações atingiu 50 mil.
• MBL (3). A
informação está em matéria publicada pelo Diap (Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar): o MBL se autodenomina uma entidade sem fins
lucrativos, mas há um lado nebuloso sobre como se organiza e se mantém
financeiramente. Sabemos que conta com 2,5 milhões de fãs em seu perfil nas
redes sociais. Mas todos os recursos que recebe por meio de doações, vendas de
produtos e filiações são destinados a uma “associação privada” — como consta no
site da Receita Federal —, chamada Movimento Renovação Liberal (MRL), entidade
“sem fins econômicos e lucrativos”, registrada em cartório em julho de 2014 em
nome de quatro pessoas, sendo três deles irmãos de uma mesma família:
Alexandre, Stephanie e Renan Santos. Este último é um dos coordenadores nacionais
do MBL e um dos rostos mais conhecidos do grupo.
“Pequeno” detalhe: a família Santos responde atualmente
a 125 processos na Justiça, relativos a negócios que tiveram antes da criação
do MRL. O jornal espanhol El País teve acesso a estes processos. A maioria é
relativa à falta de pagamento de dívidas líquidas e certas, débitos fiscais,
fraudes em execuções processuais e reclamações trabalhistas. Juntos, acumulam
uma cobrança da ordem de 20 milhões de reais, valor que cresce a cada dia em
virtude de juros, multas e cobranças de pagamentos atrasados.
Até hoje, o Movimento Renovação Liberal não consta no
cadastro nacional de Oscip disponibilizado pelo Ministério da Justiça.
Consultando o CNPJ do Renovação Liberal (22779685/0001-59) no site da Receita
Federal, o que se encontra é uma associação privada, criada em março de 2015,
cuja atividade principal é “serviços de feiras, congressos, exposições e
festas”.
O dinheiro doado ou repassado ao MBL é canalizado para
o Movimento Renovação Liberal da seguinte maneira: quando alguém doa (e se
filia) ao MBL, paga uma taxa por meio de um serviço de internet (PayPal). O
dinheiro, então, é direcionado ao CNPJ do Renovação Liberal. Também a venda de
artigos vinculados à marca, como bonecos pixulecos, canecas e camisetas, tem os
recursos direcionados à entidade de Renan e seus irmãos.
Uma curiosidade final: os interessados em colaborar com
o MBL podem se filiar ao movimento de acordo com diversas escalas de valores,
que variam de R$ 30 a R$ 10 mil. Pelo valor mais baixo, o doador se registra na
categoria chamada Agente da CIA. Segundo informa a página cadastral, este plano
dá direito a acesso a fóruns de debates, votações em questões internas e
participação em sessões de videoconferências.
• O sindicalismo na encruzilhada? (7)
(Ernesto Germano)
Já
comentamos sobre a terceirização dos serviços quando tratávamos das inovações
criadas pelo MJPI. Mas, o que é terciarização? Como está afetando o
mercado de trabalho no mundo neoliberal?
As palavras
são parecidas, mas o sentido é bem diferente.
Por ser a
mais antiga das atividades econômicas do homem, base de toda a sociedade, a agricultura
e a pecuária são conhecidas como “setor primário”. Quando os homens criam as
primeiras ferramentas e utensílios (manufaturas) estabelecem também a base para
a indústria, chamada de “setor secundário”. Por fim, ao comercializar seus
produtos e estabelecer relações comerciais e burocráticas, cria também o chamado
“setor terciário” ou “de serviços”.
Se os
setores primário e secundário são de fácil identificação, não
podemos dizer a mesma coisa do setor terciário. Aí estão incluídas as
mais diversas atividades e as mais diferentes categorias profissionais. É um
setor que abrange desde a área de educação e saúde até áreas como bancos, corretoras
de valores, agências de viagens, diversões e até mesmo o artista que se
apresenta no teatro ou o pipoqueiro com sua carrocinha na porta (sem qualquer
desmerecimento a estes profissionais).
Historicamente,
os economistas demonstram que há uma migração de trabalhadores entre estes
setores, de acordo com o desenvolvimento. Assim, quando a indústria florescia -
no auge da primeira revolução tecnológica - os trabalhadores que perdiam seus empregos
com as primeiras mecanizações no campo eram absorvidos pela indústria que abria
vagas em quantidade. Esses trabalhadores dirigiam-se para as cidades, em
grandes ondas migratórias, para ocuparem-se na indústria.
Mais tarde,
quando a indústria já se aproveita da automação para elevar a produtividade sem
abrir novos postos de trabalho, uma parte expressiva desses trabalhadores vai encontrar
empregos no setor terciário (serviços). No início dos anos 1990, não foram
poucos os ideólogos neoliberais que escreveram artigos ou apareceram na mídia
para dizer que os empregos que estavam sendo perdidos com a reengenharia
industrial seriam absorvidos pelo setor de serviços.
Mas o sonho
durou pouco. A informatização logo alcançou o terceiro setor e também aí os postos
de trabalho iam desaparecendo com rapidez. Mais ainda, se olharmos também para
as áreas de educação e saúde, por exemplo, vamos perceber que também foram
profundamente afetadas pela nova ideologia neoliberal que promoveu uma intensa
campanha de privatizações nesses serviços e, como seria de esperar, também
reduziu a oportunidade de empregos.
Assim, a
terciarização que poderia ter se apresentado como um promissor mercado de trabalho,
se imaginássemos um outro modelo de sociedade mais voltado para atender às
necessidades do cidadão do que do capital, não passou de uma ilusão momentânea.
Os milhões de excluídos dessa possível terciarização pela terceira revolução
tecnológica passam a ser, na verdade, mendigos da sociedade para os quais já
não há mais futuro algum.
As
desventuras do novo mercado parecem estar atingindo até mesmo os setores que eram
considerados as novidades intocáveis do modelo.
Durante
algum tempo, ouvimos falar que o novo mercado se tornava ainda mais ágil e vigoroso
com o incremento da Internet e com as possibilidades da nova via como “loja
virtual” onde se poderia comprar de tudo. E não estamos aqui nos referindo aos
negócios por atacado, das grandes bolsas de cereais, petróleo ou outros
produtos, que já usam este instrumento há muito. Estamos falando do comércio
varejista, do cliente individual.
Em seu
livro “O Fim do Emprego”, Jeremy Rifkin descreve a potencialidade da Internet
como comparável ou superior ao que representaram as grandes lojas do tipo
“Mesbla” ou “Sears”, no passado, ou, mais recentemente, os shoppings. Em certo
trecho de seu livro, chega a comentar que o domínio das vias eletrônicas de
telecomunicações teria o mesmo peso – ou até maior – do que as vias rodoviárias
na época da expansão dos grandes shoppings.
É verdade
que a “loja virtual” chegou a modificar em muito a vida do cidadão, desde que pertencente
a uma certa camada social que lhe permitisse possuir computador conectado à Internet
e um cartão de crédito. Não são poucas as propagandas mostrando o paraíso para
quem pode usufruir dessas maravilhas modernas, a tal ponto que há uma certa
empresa provedora (portal, como falam) que discrimina como “et” a pessoa que
ainda usa uma “lojinha” para fazer compras.
Aliás, essa
é uma das artimanhas do mundo globalizado: quem não está nele, quem não se torna
um consumidor compulsivo e incansável usuário dos créditos fáceis, não pertence
ao seu planeta e é visto como estranho ao mundo atual.
(Este
artigo continua)
• Catalunha (1). O
conselheiro da Presidência da Generalitat da Catalunha, Jordi Turull,
apresentou os números finais do referendo realizado no domingo: 2.262.424
votos, dos quais 90% foram a favor do 'sim', pela independência da Catalunha.
Apesar da repressão na votação, o presidente da
Generalitat, Carles Puigdemont, anunciou o encaminhamento ao Parlamento os
resultados para que aplique o procedimento previsto na lei do referendo para
proclamar a independência.
Segundo o artigo 4.4 da lei do referendo, aprovada pelo
Parlamento catalão e suspensa pelo Tribunal Constitucional da Espanha, a
vitória do “sim” dará aos parlamentares dois dias para realizar uma sessão
ordinária para efetuar a declaração formal da independência.
• Catalunha (2). O
Tribunal Constitucional da Espanha suspendeu na quinta-feira (05) a sessão do
Parlamento da Catalunha que estava prevista para a segunda-feira (09)), na qual
era esperado que o governo catalão declarasse a independência do território.
Pelo Twitter, a presidente do Parlamento catalão, Carme
Forcadell, ironizou a decisão da Justiça. “Suspender uma sessão que não estava
convocada é a nova oferta de diálogo”, disse.
Na quinta-feira (05) o primeiro-ministro espanhol,
Mariano Rajoy, ameaçou o presidente do governo da Catalunha, Carles Puigdemont,
para que ele anulasse seu projeto de independência a fim de “evitar males maiores”.
Puigdemont disse não ter medo de ser preso por
organizar um referendo considerado proibido. “Pessoalmente, eu não tenho medo
disso”, disse Puigdemont em entrevista ao jornal alemão Bild publicada na
quarta-feira (04), quando perguntado sobre uma possível prisão. Para ele, o
governo espanhol age como um Estado autoritário. “O governo espanhol age como
um Estado autoritário. Veja o que aconteceu no domingo. Foi violência contra
pessoas pacíficas que só queriam votar. O governo da Espanha prendeu oponentes
políticos; influencia a mídia; bloqueia sites. E você consegue ouvir o
helicóptero em cima do prédio do governo? Estamos sendo monitorados dia e
noite. O que é isso, se não um Estado autoritário?”, questionou.
• Catalunha (3). As
muitas cenas divugadas pela Internet da brutalidade policial contra o povo
catalão chocaram a Europa e o mundo. Lamentavelmente, mais uma vez nossa
imprensa submissa ficou calada e não mostrou o que estava acontecendo.
Diz a nota oficial da Anistia Internacional: “Ficamos
estarrecidos com a entrada de policiais mascarados e armados em seções
eleitorais. Testemunhamos muitas demonstrações da força de vontade das pessoas
que se mostraram determinadas a opinar e deixar outros opinarem através das
urnas, inclusive idosos e deficientes físicos. Todos fizeram o melhor possível
diante de circunstâncias muito difíceis”. As imagens mostram idosas e idosos
sendo jogados fora de colégios eleitorais, às vezes escadas abaixo, alguns
sangrando a golpes de cassetete enquanto policiais disparavam com balas de
borracha pelas ruas.
O Alto Comissariado da ONU pronunciou-se exigindo uma
investigação imparcial sobre a violência da polícia contra a população. Mais de
900 pessoas feridas deram entrada nos hospitais locais.
• Outros movimentos separatistas na Europa. Além da Catalunha e do Kurdistão outros movimentos
separatistas ganham força pelo mundo. Em um rápido levantamento vamos encontrar
alguns que estão “dando dor de cabeça” para os líderes mundiais.
Um dos primeiros sempre lembrados é o do País Basco
(Euskadi, no idioma local). Ali vive um dos povos mais misteriosos da Europa,
descendentes das primeiras tribos que ocuparam a península ibérica, muito antes
dos romanos tomarem a região. O movimento separatista catalão levou mais ânimo
para essa região ao norte da Espanha que faz fronteira com a França. Muitos
analistas acreditam que a vitória dos separatistas na Catalunha dará novo
Fôlego ao movimento.
Outro movimento que preocupa a União Europeia é a luta
da Escócia para se separar do Reino Unido. Em 1997 aconteceu um referendo para
a separação e 63,5% dos participantes foi favorável. Mas em plebiscito
realizado em 2014 foram 55% dos eleitores contrários. Mas o movimento tomou
força quando o Reino Unido aprovou a saída da UE.
Ainda na Europa conhecemos alguns outros movimentos: a
Galícia (em Portugal); Vêneto, Córsega e Sardenha (na Itália); Irlanda do Norte
e País de Gales (Reino Unido); entre outros.
Mas dois movimentos são pouco conhecidos por nós,
brasileiros. O Quebec, parte do Canadá colonizada pelos franceses e que ainda
usa aquele idioma; os Mapuches, no Chile.
• Números para pensar.
No início da semana os jornais estampavam alarmados a notícia da morte de quase
60 pessoas que participavam de um show de música country, em Las Vegas (EUA).
As primeiras e precipitadas notícias falavam de ação de terroristas, mas logo
as informações desmentiam a informação.
Na verdade, o autor dos disparos era Stehpen Paddock,
morto pela polícia em um hotel nas proximidades do local. Mas ele não tem nada
de “terrorista”, era um multimilionário que ganhava muito dinheiro em investimentos
imobiliários, sem filhos ou doenças mentais e religioso.
Mas alguns números recolhidos em páginas da Internet
mostram uma dura realidade sobre os EUA. Para começar, ficamos sabendo que quem
nasce naquele país tem 11 vezes mais probabilidades de morrer por disparos do
que em qualquer outro canto do mundo! Eis alguns números que forçam a
informação:
a) lá vamos encontrar a maior taxa de população armada
– são 88 armas por cada 100 pessoas;
b) a metade da proporção mundial de civis armados. Com
menos de 5% da população do planeta, lá residem quase 50% dos civis
proprietários de armas no mundo, segundo o relatório da Small Arms Survey, em
2007;
c) a cada ano, mais de 30.000 pessoas morrem por
disparos de arma de fogo;
d) mais de 100.000 pessoas são feridas por armas de
fogo anualmente, segundo a revista Health Affairs.
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