Investigações
mostram que militares são tão corruptos quanto os civis
Registros da
Procuradoria-Geral de Justiça Militar, obtidos com exclusividade por ÉPOCA,
expõem os abusos com dinheiro público nas Forças Armadas.
São 255 processos pelo crime
de peculato (desvio de dinheiro público em proveito próprio) e 60 por corrupção
ativa ou passiva – todos abertos nos últimos cinco anos.
Sim, também há corrupção no
Exército, na Marinha e na Aeronáutica.
O material foi remetido ao
Tribunal de Contas da União (TCU); investigadores da Corte estão destrinchando
irregularidades encontradas nas três Forças, com prejuízos milionários aos
cofres públicos.
Os casos restringem-se a
danos ao Erário superiores a R$ 100 mil. ÉPOCA teve acesso à documentação do
processo sigiloso do TCU e traça nesta reportagem um panorama de casos
detalhados envolvendo militares.
O valor estimado de prejuízo aos cofres públicos nesses principais
casos é de R$ 30 milhões, mas, a depender do avançar das investigações, pode se
revelar maior.
O levantamento não inclui processos contra militares ajuizados na
Justiça comum – os casos da Justiça Militar são de crimes que provocam prejuízo
apenas às Forças Armadas.
Num país acostumado a flagrantes de malas de dinheiro rodando com
políticos e desvios na casa de bilhões de reais na Petrobras, parece mixaria.
Esses R$ 30 milhões são pouco mais que a metade da fortuna encontrada no
apartamento associado ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, apenas um entre mais
de uma centena de investigados pela Operação Lava Jato. Mas é uma questão de
escala.
Os militares administram um orçamento anual de R$ 86 bilhões, quase
tudo atrelado a salários e pensões; apenas R$ 7 bilhões são gastos ou
investimentos e estão, portanto, sujeitos a desvios como esses investigados.
Militares não têm acesso aos maiores cofres do governo federal, não
fazem campanha eleitoral e não têm conexões no Congresso para aprovar leis. Ou
seja, têm menos oportunidades de fazer negociatas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário