sábado, 14 de outubro de 2017

Ministro Luiz Fux suspende extradição de Cesare Battisti para Itália até decisão do STF

Ministro Luiz Fux suspende extradição de Cesare Battisti para Itália até decisão do STF


Decisão final será tomada pela Primeira Turma da Corte no próximo 24 de outubro; empate pode beneficiar ex-ativista
O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu nesta sexta-feira (13/10) liminar que sobre o pedido de habeas corpus preventivo feito pela defesa do ex-ativista italiano Cesare Battisti.  A decisão impede eventual extradição de Battisti e deve se manter até que a Primeira Turma da Corte julgue de forma definitiva o pedido no dia 24 de outubro.
A defesa do italiano apresenta pedido de reconhecimento da “decadência administrativa” do ato de 2010, negando a extradição e afirma que “o paciente não pode restar, ad eternum, submetido ao sabor das alterações do cenário político brasileiro e à consequente possibilidade de ser entregue a seu país de origem”.

Agência Efe

Decisão definitiva sobre habeas corpus será dada no dia 24 de outubro
Em sua decisão, Fux considerou que é preciso refletir o entendimento adotado pelo Supremo no sentido de que o ato presidencial negando a extradição não poderia ser posteriormente revisto pelo Judiciário. “Há que se verificar a possibilidade, ou não, de o atual Presidente da República suplantar decisão presidencial anterior, no afã de atender ao pedido do Estado requerente”, destacou. 

O ministro observou também a questão do perigo da demora da decisão, diante da alegação da defesa de Battisti sobre ele se encontrar em vias de sofrer a entrega ao governo estrangeiro. Nesta sexta-feira, o ministro da Justiça do Brasil, Torquato Jardim confirmou que o governo decidiu extraditar o ex-italiano.

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Julgamento
O caso do ex-ativista será analisado pela Primeira Turma, composta pelos ministros Marco Aurélio, Rosa Weber, Alexandre de Moraes, além de Fux, relator do habeas corpus. O ministro Luís Roberto Barroso atuou como advogado de Battisti em 2009, quando o STF julgou o caso pela primeira vez, e deverá se declarar impedido de julgar o caso. Dessa forma, o colegiado atuará com quatro votantes. O ex-ativista poderá ser beneficiado caso ocorra um empate durante a apreciação da Primeira Corte. 
Entenda o caso
O ex-ativista foi condenado à prisão perpétua na Itália acusado do assassinato de quatro pessoas na década de 1970. Num julgamento à revelia, Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália, em 1993, acusado de quatro assassinatos durante os anos 1970. Exilado, viveu na França e no México antes de fugir para o Brasil em 2004, onde foi preso em 2007.
O governo italiano pediu a extradição do ex-ativista, aceita pelo Supremo. Contudo, no último dia de seu mandato, em dezembro 2010, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que Battisti deveria ficar no Brasil e o ato foi confirmado pelo STF. 

A Corte entendeu que a última palavra no caso deveria ser do presidente, porque se tratava de um tema de soberania nacional. Battisti foi solto da Penitenciária da Papuda, em Brasília, em 9 de junho 2011, onde estava desde 2007. Em agosto daquele ano, o italiano obteve o visto de permanência do Conselho Nacional de Imigração. Em entrevista essa semana para a ANSA Battisti reafirmou que nunca matou ninguém. "Não faz sentido que me desculpe pelo que outros fizeram", afirmou o ex-ativista.
Na semana passada, Battisti foi solto pela Justiça Federal brasileira após ter sido preso e indiciado pela Polícia Federal pelos crimes de evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Ele foi detido quando tentava atravessar a fronteira com a Bolívia com euros e dólares acima não declarados. Segundo o ex-ativista, o dinheiro encontrado em sua posse não era apenas dele e junto com mais dois amigos estava indo comprar casacos de couro e pescar na região e não uma tentativa de fuga do Brasil.

*Com informações da ANSA.

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