A obra da Lava Jato nas concessões: vender ou quebrar
Murillo Camarotto, do Valor, foi ouvir o diretor jurídico do Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Marcelo de Siqueira Freitas, sobre a situação das empresas concessionárias de infraestrutura – rodovias, usinas elétricas, linhas de transmissão de energia, aeroportos e outros projetos e serviços – controladas por empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato. Saiu de lá com um diagnóstico muito claro: ou serão vendidas ou irão à falência.
Segundo Siqueira Freitas, conta Camarotto, essas concessionárias, com os sócios atuais, não terão acesso a financiamento de longo prazo e e tendem a quebrar.
“Rodovias a serem duplicadas, aeroportos a serem construídos e linhas de metrô inacabadas são os exemplos mais flagrantes que temos hoje no BNDES. E está muito claro: se o controle não for repassado para alguma outra empresa, nós não conseguiremos financiar esse projeto, as instituições privadas também não financiarão e esses projetos vão morrer. Aí é ou recuperação judicial ou falência”
Para vender concessões, quase que só para os chineses. O capital norte-americano preferem posições das quais possam se livrar rapidamente no mercado financeiro ou que lhes deem riqueza física, extraível: petróleo e minérios.
O repórter lista o que “já foi”:
Em aeroportos, por exemplo, a Odebrecht vendeu recentemente o controle do terminal do Galeão, no Rio, a um grupo chinês. A UTC, sócia de Viracopos, já decidiu devolver o aeroporto ao governo. Logo no início da Lava-Jato, em 2014, a Engevix saiu do controle do terminal de Brasília. Controlada por um consórcio com Odebrecht, UTC e Queiroz Galvão, a linha 6-laranja, do metrô de São Paulo, também ficou sem dinheiro do BNDES e as obras pararam. No setor rodoviário, a Galvão Engenharia abandonou as obras de duplicação da BR-153 [ a Belém-Brasília, no trecho Goiás-Tocantins] , tentou, sem sucesso, vender a concessão aos chineses e acabou perdendo o contrato.
E logo irá mais, adianta: “construção de hidrelétricas, linhas de transmissão de energia e até projetos militares estratégicos”…
Em resumo, o que não virar chinês, vira ruína e, mesmo quando retomado, o será com imensos prejuízos: desmobilização/remobilização de canteiro de obras, estruturas deixadas pela meta de inservíveis, material de construção degradado e passivos imensos.
Mas isso, claro, “não vem ao caso”.
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